Divulgação dos dados do Ideb 2011 repercutiu nos discursos do Senado
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lamentou na última quinta-feira (16) que a presidente Dilma Rousseff não tenha convocado "todas as forças nacionais" para debater a crise na "infraestrutura intelectual" e a educação brasileira, que ele classificou de "depredada, podre, reprovada e falida para as exigências dos tempos atuais". "O Brasil vive um apagão intelectual", disse Cristovam, em pronunciamento no plenário.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lamentou na última quinta-feira (16) que a presidente Dilma Rousseff não tenha convocado "todas as forças nacionais" para debater a crise na "infraestrutura intelectual" e a educação brasileira, que ele classificou de "depredada, podre, reprovada e falida para as exigências dos tempos atuais". "O Brasil vive um apagão intelectual", disse Cristovam, em pronunciamento no plenário.
Ele
se referiu ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
divulgado pelo governo na última terça-feira (14). O índice atribuiu as
notas 3,8 e 3,9 às escolas públicas, em relação ao ensino médio e
fundamental, e média 6 às escolas particulares.
"Abaixo
de quatro, isso se chama reprovação. Abaixo de cinco já é reprovação, e
as próprias escolas particulares têm média seis, que é uma nota
medíocre, sofrível, permite passar, mas passa ali, arrastando. Não se
constrói um grande profissional com média seis. Não se constrói um país
com media seis nas escolas particulares, que são consideradas as
melhores", afirmou.
Cristovam
observou que a "tragédia' na educação repete-se há muitos anos, tanto
quando se divulga o Ideb quanto o 88º lugar que o Brasil ocupa no
ranking da educação da Organização das Nações Unidas (ONU), além do
resultado do exame Pisa, que avalia a educação em 56 países "e o Brasil é
o penúltimo e não se convoca o Conselho da República", lamentou.
O
senador pelo Distrito Federal disse ainda que "o pior" foi ele ter
visto, "chocado", o resultado do Ideb ter sido apresentado pelo
Ministério da Educação como uma "grande vitória". "A tragédia não é
culpa dele [o ministro da Educação, Aloizio Mercadante], que tem menos
tempo no ministério do que eu fiquei. [Mas] ele não ajuda a educação ao
comemorar com euforia um resultado trágico. O Brasil não pode se
transformar em grande economia tirando nota seis, na escola particular, e
média 3,8 nas escolas de pobres", afirmou.
Para
Cristovam, é preocupante ver que o governo "comemorou a tragédia,
comemorou a vergonha, em vez de assumir perante a opinião pública que em
cinco séculos não se conseguiu resolver os problemas e construir uma
economia baseada em mão de obra qualificada, não se conseguiu fazer a
educação igual para todos, única forma possível de acabar com o atraso
no País".
"Avançamos
ficando para trás. Coreia do Sul, Índia, China e Irlanda, que há trinta
anos atrás estavam em situação pior que o Brasil, hoje estão melhor,
pois fizeram o dever de casa. O nosso dever de casa é fazer com que as
300 melhores escolas do Ideb sejam transformadas em duzentas mil",
afirmou.
Cristovam
também defendeu a federalização da educação e disse que "deixar a
responsabilidade da educação sob os ombros das prefeituras municipais,
que são desiguais, é manter a desigualdade, e a igualdade só viria com a
União assumindo a responsabilidade".
O
senador também cobrou a criação de uma carreira nacional do magistério
público, "pagando muito bem, identificando vocações, quebrando a idéia
de estabilidade plena", e oferecendo escola de qualidade para ali os
professores exercerem suas aptidões. "Isso é possível, absolutamente
necessário, extremamente urgente de ser iniciado, mesmo que [o
resultado] leve 20 anos", afirmou.
Cristovam
disse ainda que o que faz uma economia é a capacidade de inovar e de
oferecer novos bens e serviços ao mercado, e esses só virão se o Brasil
tiver alta base educacional, incorporada ao setor privado. "Ninguém vai
construir uma economia com ótimas estradas, portos, ferrovias e
aeroportos se não tiver uma boa educação. Todas essas obras são
necessárias, mas serão poucas diante das exigências crescentes de
ciência e tecnologia na economia", afirmou.
Tecnologia
A
paralisia do ensino médio deve ser enfrentada por meio de investimentos
que tornem a escola mais atraente para os jovens. A recomendação é do
vice-presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), senador
Paulo Bauer (PSDB-SC). Ele defende a destinação de recursos federais
para a construção nas escolas de laboratórios de informática e robótica.
"Na
hora de elaborar o Orçamento da União, devemos procurar estabelecer
vinculações, no orçamento do Ministério da Educação, para essa
finalidade", sugeriu Bauer.
"O
ensino não pode mais ser feito só na base de giz e saliva. Se contarmos
com professores habilitados e alunos dispostos a aprender, só ficam
faltando as ferramentas. Precisamos ter equipamentos e motivação",
recomendou.
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