O Brasil e o mundo
se despedem do homem que foi o nome mais influente da arquitetura
moderna: Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares, que faleceu na
quarta-feira (5-12-2012), aos 104 anos. O renomado arquiteto carioca foi
pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do
concreto armado e, por este motivo, teve grande fama nacional e
internacional desde a década de 1940.
A
genialidade de Oscar Niemeyer está em importantes obras em todo o mundo
e esta marca também está na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O
Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), construído às margens do Açude
Velho, em Campina Grande, e que será inaugurado na próxima semana,
reflete a visão macro do homem que sempre soube que arquitetura é
invenção e ousadia, tem que causar impacto e ter desafio. Clique em mais informações para ver a matéria completa
Apelidado de Museu dos Três Pandeiros, o
MAPP é a última obra do arquiteto concluída com ele em vida, em todo o
mundo. E era vista por Niemeyer com um carinho especial. “Ele não pensou
a obra como três pandeiros, mas como mais uma ousadia arquitetônica,
com um prédio ‘flutuando’ acima das águas do cartão postal da cidade.
Quando ele soube que o povo paraibano apelidou a obra de ‘Museu dos Três
Pandeiros’, assimilando a obra com artistas da região, isso foi motivo
de grande alegria para Oscar, porque ele sempre gostava quando o povo
gostava se suas obas”, Luiz Marçal, arquiteto da equipe de Oscar
Niemeyer que trabalha diretamente nos projetos da UEPB.
Marçal destaca, ainda, que o Museu de
Arte Popular da Paraíba era motivo de orgulho do maior arquiteto
brasileiro. “O que mais ele sempre gostou de ressaltar era que o MAPP
foi construído, totalmente, com mão de obra paraibana, com trabalhadores
locais. Ele amava essa coisa de uma obra maravilhosa como é este museu
ser fruto do trabalho de gente da terra, de gerar emprego e renda para a
cidade. Isso o encantava e o fazia olhar com um carinho especial para
esta que é a última obra concluída que ele deixa para o mundo”.
Além
do MAPP, a Universidade Estadual tem a marca do gênio em outros
projetos que se encaminham para sua execução, a exemplo, do projeto da
nova Biblioteca Central da Instituição, que faz parte de um Plano
Diretor para o Campus de Bodocongó, envolvendo, inclusive, toda uma
estrutura de urbanização da região do entorno da UEPB, que engloba a
recuperação do Açude de Bodocongó.
O projeto da nova Biblioteca Central da
UEPB, aliás, foi doado por Niemeyer para a Universidade. Em um encontro
da reitora Marlene Alves e do pró-reitor de Planejamento, professor
Rangel Junior, com o arquiteto, em seu escritório, no Rio de Janeiro,
Oscar ouviu a professora Marlene descrever as ideias que tinha para a
UEPB e diante do entusiasmo que percebeu nas palavras da reitora, ele
decidiu fazer o projeto gratuitamente.
“Recordo
que quando comentei sobre o projeto grandioso que eu sonhava para a
Universidade, de um espaço funcionando 24 horas, com estrutura para
várias atividades para a comunidade acadêmica e a sociedade como um
todo, mas disse que era ousadia demais, porque não tínhamos condições de
pagar por um projeto tão grande assim, ele disse que iria fazer o
projeto e doá-lo para a UEPB por ter visto entusiasmo no que queríamos
para a Instituição. Foi um momento marcante, onde ele deu mais uma
grande demonstração de como o cidadão Oscar Niemeyer era tão ou mais
grandioso quanto o arquiteto Oscar Niemeyer”, destaca a professora
Marlene.
Também são projetos de Oscar Niemeyer e
sua equipe para a Universidade Estadual, o Centro de Vivência do Campus
I; o Memorial de Cultura Popular do Campus de Patos e o novo Campus de
Monteiro. Obras que ainda não saíram do papel, mas estão desenhadas com o
magnífico traço de Oscar e se transformarão em mais um legado deixado
pelo arquiteto carioca na UEPB.
Reconhecimento
Para
a reitora Marlene Alves, Oscar foi um cidadão do mundo. “Ele era um dos
grandes homens que existia no planeta. A obra dele, o seu legado, não
se resumia em genialidade arquitetônica. Cada obra tinha a alma dele, a
alma de um cidadão que era contra as injustiças sociais, que sempre
defendeu que o pobre tem direito a ter uma vida digna. Para mim, é o
grande homem do século. É difícil dizer quem era maior: se o Niemeyer
cidadão ou se o Niemeyer arquiteto. De uma forma ou de outra, ambos são
genialmente inesquecíveis”, ressalta a reitora.
O carinho que Oscar Niemeyer teve com a
UEPB foi reconhecido com a outorga da Medalha do Mérito Universitário,
concedida ao arquiteto como forma de agradecimento pelo auxílio prestado
à Instituição. A honraria foi aprovada pelo Conselho Universitário
(Consuni) e entregue ao arquiteto em seu escritório, no Rio de Janeiro.
“Tive a honra de fazer a entrega e o mestre Oscar a colocou no peito com
alegria e fazendo brincadeiras, sempre. Ele fez a doação para a
Universidade do projeto para a Biblioteca Central da UEPB, um complexo
urbanístico que envolve biblioteca, anfiteatro, praça e teatro de arena,
posteriormente incluído um Museu da Ciência”, lembrou o pró-reitor de
Planejamento, Rangel Junior.
A
relação da UEPB com Oscar Niemeyer e dele com a Universidade era
afetuosa e foi representada com gestos que foram além da concretização
de obras. Foi alicerçada em amizade e admiração mútua. Tanto que no
aniversário da reitora Marlene Alves, em outubro do ano passado, ele fez
questão de presenteá-la com a imagem de uma flor segurada por uma mão,
feita de próprio punho. O presente está guardado com carinho pela
professora Marlene e simboliza, mais uma vez, a grandiosidade do coração
de um homem que, como disse certa vez, não se sentia importante e não
queria nada além do que a felicidade geral.
Blog rafaelrag
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