Antes
de sair de casa com a filha de 6 anos, a enfermeira Yvone Lima avisa:
“Não vou poder comprar nada para você hoje”. No entanto, o aviso não
surte efeito e, na primeira loja em que entram, a pequena Bianca Lima escolhe
dois brinquedos. Pensado em situações como essa o Instituto Alana em
parceria com o Ministério do Meio Ambiente lançaram a cartilha Consumismo Infantil: na Contramão da Sustentabilidade. O livreto apresenta dicas para pais e educadores lidarem com as crianças, cada vez mais expostas aos apelos da mídia para o consumo.
A cartilha faz parte do Projeto Criança e
Consumo desenvolvido desde 2006 pelo Instituto Alana, que tem agora o
apoio do Ministério do Meio Ambiente. Ao todo, serão distribuídos 95 mil
exemplares nos Procons e nas escolas pelo Ministério da Educação. O
material também está disponível no site do Ministério do Meio Ambiente.
A secretária de Articulação do
ministério, Samyra Crespo, explicou que a ideia de apoiar o projeto
surgiu da necessidade de se manter um trabalho de conscientização
infantil sobre o consumo sustentável. “O ministério não poderia ficar de
fora de um projeto de instrução para essas crianças. A criança
brasileira é a que mais tempo permanece em frete à televisão: são cinco
horas por dia. Consequentemente, essa criança fica mais exposta aos
anúncios e a publicidade, que estimulam o consumir pelo consumir”,
destaca a secretária.
Para a secretária nacional do Consumidor, Juliana Pereira, é preciso modificar esse quadro
do consumismo infantil. “A criança aprende desde cedo que ela só é
alguém se tiver o tênis de marca, ou o celular do momento. É isso que
temos de mudar”, explica.
A Yvone, mãe da Bianca, contou que, às
vezes, acaba cedendo aos pedidos da filha. “Sempre que saímos, e ela vê
um produto com a cara de um boneco, um palhaço, ela quer. Vou esperar
para ver se essa cartilha me ensina a lidar melhor com essas situações”,
disse.
A coordenadora do Instituto Alana,
Gabriela Vuolo, salientou a importância da parceria com o ministério
para a ampla divulgação do projeto a fim de amenizar os efeitos da
publicidade excessiva na infância. “Crianças de 12 anos ainda não têm
discernimento para diferenciar entretenimento de publicidade. Por isso, é
importante a participação direta dos pais, professores e educadores
nessa fase.”
Para dimensionar os impactos da publicidade na infância, o
Ministério da Saúde informou que 95% dos anúncios alimentícios feitos no
país se referem a produtos não saudáveis. O dado, de acordo com o
ministério, pode ter ligação com o fato de mais da metade das crianças
matriculadas no ensino básico estarem acima do peso.
Agência Brasil
Blog rafaelrag
Nenhum comentário:
Postar um comentário