BLOG DO PROFESSOR RAFAEL RODRIGUES.
UFCG-CAMPUS CUITÉ-PB
Hardy chega a irritar de tão pessimista.
É aquela hiena do desenho animado Lippy e Hardy que fica sempre
vaticinando que tudo há de dar errado. “Oh, céus, oh, vida, oh, azar”,
diz ela o tempo todo. Fosse brasileira, ela terminaria esta quarta-feira
lembrando que Tiago Camilo não ganhou medalha no judô, que Cesar Cielo
não passou do sexto lugar nos 100m livre, que a seleção feminina de
basquete perdeu mais uma, que as meninas do vôlei foram atropeladas pela
Coreia do Sul. Pior: em mais um dia sem medalhas em Londres, avisaria:
“E se Neymar for atropelado por um daqueles ônibus vermelhos? E se Cielo
escorregar na beira da piscina na hora de largar pros 50m? E se Maurren
Maggi tropeçar em um buraco quando for saltar?”. É uma pessimista
incorrigível a hiena.
Pollyanna chega a irritar de tão
otimista. É aquela personagem de um famoso livro infanto-juvenil
(chamado justamente “Pollyanna”), escrito pela americana Eleanor H.
Porter, que sempre vê o lado bom das coisas. Órfã, a menina brinca do
chamado “jogo do contente”, ensinada por seu pai. A ideia consiste em
sempre buscar, por pior que seja a situação, uma perspectiva positiva.
Fosse brasileira, ela fecharia esta quarta-feira observando que a
seleção masculina de futebol venceu, que as duplas de vôlei de praia
seguem fortes, que o boxeador Robenílson Vieira de Jesus está a uma
vitória do pódio. Questionada sobre os quatro dias seguidos sem
medalhas, ela lembraria que muito está por vir, que temos Neymar, Cielo e
Maurren, que ainda ouviremos muito o hino nacional.
Leandro Damião completa para o gol na vitória de 3 a 0 sobre a Nova Zelândia (Foto: Reuters)
No quinto dia de competições em Londres,
o desempenho brasileiro coloca em discussão aquele velho papo do ponto
de vista, do copo metade cheio ou metade vazio. Por exemplo: Sergio
Sasaki. De duas, uma: ou o vemos como não mais do que o décimo colocado
no individual geral de ginástica artística, ou o vemos como o primeiro
brasileiro a chegar a uma final olímpica na disputa. É uma questão de
ser Hardy ou ser Pollyanna, afinal.
Entre otimistas e pessimistas, o fato é
que a delegação verde-amarela segue restrita às três medalhas
conquistadas na sexta-feira. Com isso, caiu um pouco mais no quadro
geral de conquistas. Está em 17º.
Copo metade cheio
Três jogos, três vitórias, três gols em
cada um deles. A seleção brasileira encerrou bem sua participação na
primeira fase do torneio masculino de futebol. Nesta quarta-feira,
venceu a Nova Zelândia por 3 a 0, em jogo muito tranquilo. Danilo,
Leandro Damião e Sandro fizeram os gols do duelo. As notas negativas
foram a expulsão de Alex Sandro e o gol vivo desperdiçado por Neymar.
Ele recebeu de Marcelo na área, livre, e mandou por cima. Depois da
partida, o atacante disse que foi o gol mais perdido da carreira dele.
Nas quartas de final, o adversário brasileiro será Honduras – sábado, em
Newcastle.
O handebol também anima. A seleção
feminina disputou sua terceira partida e alcançou sua terceira vitória
na competição. Desta vez, a vítima foi a Grã-Bretanha, por 30 a 17. O
Brasil, com duas rodadas de antecedência, está garantido nas quartas de
final. Floresce a confiança por medalhas.
E o mesmo vale, em grau ainda maior,
para o vôlei de praia. Juliana e Larissa seguem sem perder um set sequer
nas Olimpíadas de Londres. Desta vez, fizeram 2 sets a 0 (21/12 e
21/18) sobre as tchecas Klapalova e Hajeckova. Ricardo e Pedro Cunha
também mantiveram os 100% de aproveitamento ao bater Binstock e Reader,
do Canadá, por 2 a 0 (21/18 e 24/22).
No boxe, Robenílson Vieira de Jesus
também fez bonito. Venceu Sergey Vodopiyanov, da Rússia, e avançou às
quartas de final entre os pesos-galos (até 56kg). O triunfo foi por 13 a
11. O brasileiro está a uma vitória do pódio. Ele volta ao ringue no
domingo, contra o cubano Lázaro Alvarez.
Robenilson Vieira vence o russo Sergey Vodopiyanov: a uma luta do pódio (Foto: Reuters)
Na natação, a boa notícia foi a
classificação de Thiago Pereira para a final dos 200m medley. Ele já
garantiu a prata nos 400m da categoria. Agora, encara gigantes como
Michael Phelps e Ryan Lochte em busca de outro ouro.
O tênis brasileiro também teve uma
vitória expressiva. Bruno Soares e Marcelo Melo completaram a partida
iniciada na terça-feira e bateram os tchecos Berdych e Stepanek por 2
sets a 1, parciais de 1/6, 6/4 e 24/22. O encontro entre as duplas teve
4h21m de duração.
Copo metade vazio
Foi uma pancada. A seleção feminina de
vôlei fez quase nada em quadra e acabou engolida pela Coreia do Sul: 3
sets a 0, parciais de 25/23, 25/21 e 25/21. As atuais campeãs olímpicas
perderam os dois últimos jogos que disputaram. Correm sério risco de
sequer avançar para a próxima fase.
E o basquete feminino segue
decepcionando. Desta vez, perdeu para a Austrália por 67 a 61. Foi a
terceira derrota em três jogos. A classificação para a próxima fase está
seriamente ameaçada. Não por acaso, as atletas caíram no choro depois
de mais um insucesso. É preciso vencer Canadá e Grã-Bretanha para se
classificar e possivelmente pegar os Estados Unidos nas quartas de
final. É a crônica de uma morte anunciada.
Brasileiras choram após derrota para a Austrália no basquete (Foto: Agência Reuters)
No judô, Tiago Camilo foi longe, mas não
o bastante para chegar ao pódio. Ele terminou em quarto na categoria
médio. Perdeu nas semifinais para o sul-coreano Song Dae-Nam e depois
foi derrotado na disputa do bronze pelo grego Ilias Iliadis. Maria
Portela, também da categoria médio, caiu já na primeira luta – levou
wazari e ippon da colombiana Yuri Alvear.
Cesar Cielo não consegue medalha nos 100m
livre (Foto: Agência EFE)
livre (Foto: Agência EFE)
A natação deixou o gosto de medalha nos
brasileiros, mas Cesar Cielo não conseguiu ficar entre os três melhores
na final dos 100m livre. Viu o americano Nathan Adrian vencer a prova,
com o australiano James Magnussen em segundo e o canadense Brent Hayden
em terceiro. Cielo virou na liderança nos primeiros 50m, mas não
conseguiu manter o ritmo.
Outros três brasileiros foram eliminados
precocemente nas piscinas. Leonardo de Deus caiu nas semifinais dos
200m costas, Daynara de Paula parou na primeira fase dos 100m borboleta e
Henrique Rodrigues não conseguiu vaga na final dos 200m medley.
Na vela, em dia sem regata para Robert
Scheidt e Bruno Prada, os brasileiros foram discretos. Ricardo Winicki, o
Bimba, não manteve o ritmo da primeira prova do dia e terminou as
disputas desta quarta na 12ª colocação geral, com 52 pontos perdidos.
Bruno Fontes, na classe Star, teve um décimo e um 27º lugares e caiu
dois postos na classificação – é o 13º agora. Adriana Kostiw manteve 21º
lugar na Radial, e Patrícia Freitas é a 13ª na RS-X.
Uma questão de espírito esportivo
Duplas de China e Coreia do Sul estão entre as
eliminadas (Foto: Reuters)
eliminadas (Foto: Reuters)
A falta de espírito esportivo fez quatro
duplas de badminton serem afastadas dos Jogos Olímpicos nesta
quarta-feira. As chinesas Wang Xiaoli e Yu Yang, as indonésias Greysia
Polii e Meiliana Jauhari, e as sul-coreanas Jung Kyung-eun, Kim Ha-na,
Ha Jung-eun e Kim Min Jung foram acusadas de fazer corpo mole para
perder suas partidas e, assim, ter um caminho mais fácil nas fases
seguintes. A repercussão foi muito negativa, e a Federação Internacional
de Badminton decidiu punir as atletas.
Decisão oposta acontece na esgrima.
Dirigentes da federação que comanda o esporte querem entregar uma
medalha especial à sul-coreana Shin A Lam, que na segunda-feira causou
comoção ao cair no choro depois de se sentir injustiçada por uma decisão
da arbitragem. Ela esperou sentada, durante uma hora, o parecer sobre a
apelação de seu treinador contra o resultado da semifinal diante da
alemã Britta Heidemann. Mas ficou sem a vaga mesmo assim. E já avisou:
não quer saber de medalha como homenagem.
Para os donos da casa, o dia foi
especial. O ciclista Bradley Wiggins alcançou o posto de britânico com
mais medalhas na história das Olimpíadas ao conquistar o ouro na prova
do contrarrelógio em Londres. Com sete pódios nos Jogos, ele superou o
remador Steve Redgrave, que tem seis medalhas.
Alegria para uns, dor para outros. O
sul-coreano Jaehyouk Sa, de 27 anos, protagonizou a pior cena da
quarta-feira ao quebrar seu braço direito na tentativa de erguer 158kg
no levantamento de peso. Ele caiu gritando no chão e logo foi atendido.
Doeu só de ver…
Jaehyouk Sa, da Coreia do Sul, quebra o braço no levantamento de peso (Foto: Agência Reuters)
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