Blog do Professor Rafael Rodrigues
(UFCG-Cuité-PB)
Sem
ceder às pressões dos professores das universidades e dos institutos
federais, o governo enviará ao Congresso Nacional a proposta de reajuste
salarial e de reestruturação do plano de carreira apresentada na semana
passada. O anúncio ocorreu nesta quarta (1º) à noite depois de quase
três horas de reunião no Ministério do Planejamento e representantes das
entidades da categoria, em greve há 77 dias.
Das
quatro entidades que representam os docentes federais de ensino
superior, três se recusaram a firmar acordo com o governo. Apenas a
Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de
Ensino Superior (Proifes) aceitou a proposta, que prevê reajustes de 25%
a 40% e diminuição do número de níveis de carreira de 17 para 13.
Ontem, quinta (2), o Proifes assinou o acordo com o governo que ratifica o
fim das negociações. O governo não pretende atender a reivindicações
adicionais. “Chegamos ao limite do que achávamos possível. Os ajustes já
ocorreram ao longo das discussões. A proposta é boa, adequada e tem
impacto de R$ 4,2 bilhões no Orçamento”, declarou o secretário de
Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.
O
secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins,
disse acreditar que, a partir da próxima semana, as universidades
federais começarão a retomar as atividades. No entanto, as três
entidades que se recusaram a ratificar o acordo pretendem continuar com a
greve.
“Infelizmente,
governo escolheu um lado para assinar o acordo. Vamos continuar firmes
na greve e vamos intensificar a luta porque a indignação da categoria
vai crescer muito”, destacou a presidenta do Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marinalva
Oliveira. Segundo ela, o governo se recusou a negociar outras
reivindicações da categoria, como a remoção de barreiras para a
progressão no plano de carreira e a melhoria das condições de trabalho.
O
coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da
Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Gutemberg de
Almeida, também criticou o que considera intransigência do governo. “Ao
anunciar que vai assinar um acordo com uma entidade que não representa a
maioria dos docentes, o governo ignora a categoria. Não compactuamos
com esse tipo de postura, que contraria uma promessa de campanha do
governo Dilma, que é a valorização da educação”.
Além
do Andes-SN e do Sinasefe, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef) rejeitou a proposta. O presidente do
Proifes, Eduardo Rolim de Oliveira, rechaçou as alegações de que a
entidade não representa os docentes de nível superior. Segundo ele, a
federação participou da assinatura de dois acordos, em 2007 e no ano
passado. “O acordo de 2007 foi o melhor que os professores tiveram até
hoje”.
De
acordo com Oliveira, os professores conseguiram alcançar conquistas
significantes com a greve, como o reajuste mínimo de 25% e a diminuição
dos níveis de carreira. Ele apresentou uma pesquisa do Proifes com 5,2
mil professores de 43 universidades e institutos federais na qual 74,3%
dos entrevistados responderam favoravelmente à proposta
(Agência Brasil)
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