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sábado, 23 de junho de 2012
SUSTENTABILIDADE: MAIS COM MENOS, POR JOELMIR BETING
JOELMIR BETING
Sustentabilidade é a palavra da moda. Ganhou até o topo da agenda da megaconferência global da Rio + 20. A palavra pode estar na moda. A sustentabilidade, não. Ela vem sendo praticada pelo bicho homem há mais de dez mil anos, até onde os nossos retrovisores alcançam.
Que o diga a mais fantástica invenção da humanidade em todos os tempos: a invenção da agricultura, de reposição local e não de mera extração nômade.
Invenção tão fantástica que ainda não terminou. Sempre haverá o que descobrir, inventar e acrescentar às lidas da terra, já nesta idade da engenharia genética, da bioquímica, da transgenia, da genômica, da nanotecnologia, da precisão via satélite.
Por exemplo: nos últimos 20 anos, a agropecuária brasileira cresceu apenas 24% em área e nada menos de 180% em produção. Ou quase triplicou por hectare domado.
Na pecuária, o Brasil fazia, na média do segundo maior rebanho bovino do mundo, nada além de meio boi hectare de pastagem extensiva. Hoje, nos avanços da genética bovina e do manejo dos criatórios a céu aberto, a produção já anda pela média de um boi e meio por hectare ocupado.
Crescimento de 200%. Ou, se preferem, sustentabilidade na economia e na ecologia, em parceria, está na secular sabedoria do fazer cada vez com cada vez menos. Isso vale para todas as atividades econômica, na realização de produtos e serviços cada vez melhores a custos e preços reais cada vez menores. Sem metas de governos, na caneta de burocratas e diplomatas diletantes.
Ora, fazer mais com menos nada mais é do que uma rima: sustentabilidade é produtividade com lucratividade. Incluídos os lucros ambientais.
Alguns setores industriais já fazem o reuso de 100% da água que utilizam nos processos de produção: do aço à cerveja, do etanol (vinhoto) ao presunto, do plástico ao antibiótico, e por aí vai...
Só falta investir mais no Brasil naquilo que já é sucesso na Escandinávia e na Suíça, a captação industrial das águas da chuva. Aqui ao lado, temos uma casa cujo telhado é uma laje de 240 metros quadrados. Seu perímetro é marcado por canaletas que recolhem a chuvarada, que desce para um tanque subterrâneo de 20 mil litros.
É com essa água, assim estocada, a custo de reposição zero, que o bom São Pedro lava o carro, irriga o jardim e limpa a calçada. Sem nenhum remorso cívico do dono da casa.
Em resumo: sustentabilidade nada mais é que o atendimento digno de todas as necessidades humanas dos 7 bilhões de terráqueos no presente, sem desfalcar o atendimento das necessidades humanas bem, maiores dos 9 bilhões de terráqueos em 2050.
Ou de 11 bilhões, lá em 2099.
(Escrito em 15/06/2012)
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