Na época da minha juventude, a escola representava um veículo que nos levaria de uma vida de carências para uma existência de contentamentos e de realizações. A escola era como um portal, um templo do conhecimento que nos conduziria ao saber. A escola era sagrada, e ao vestir sua farda era se revestir de um manto protetor.
Lembro-me que quando passei no vestibular da Escola Politécnica, a Poli, fui acolhido no meu bairro como uma celebridade. Todos os conhecidos e a maioria dos moradores me cumprimentavam com orgulho. Eu entrara em uma escola do nível superior e eles, como se entrassem comigo, sentiam-se lisonjeados e agradecidos.
Hoje, com um olhar atento à forma como a maioria dos que fazem a comunidade universitária da UFCG se relaciona com a instituição, sou levado a constatar a ausência do sagrado neste relacionamento. Há uma ausência do simbólico, daquilo que os uni, nas roupas que revestem os corpos. Não só nelas, mas também em tudo que representa e simboliza apreço por ser parte de uma escola de ensino superior.
Esse sagrado, aqui pensado, é aquilo pelo qual uma pessoa se dispõe a dar a própria vida para defendê-lo. E, assim pensado, é aquilo que dá sentido à vida.
É preciso ressaltar que a ausência do sagrado nas relações públicas (ou institucionais) é tão dolorosa quanto a sua inexistência na própria vida. É conduzir-se, por ela, sem um sentido orientador de plenitude para a existência. Ser alguém que não encontrou nada que, ao partir-se, pudesse perder.
Quem tem uma relação com a instituição respeitosa, com devoção ao sagrado, por exemplo, sente que faz sentido chegar e sair no horário pré-estabelecido, e, até, trabalhar um pouco mais sem ganhos (salariais ou acadêmicos) imediatos. Percebe o valor das tarefas simples e das renúncias. Pois, na presença do sagrado, o comum se torna precioso.
O grande obstáculo para os que se propõem a administrar a UFCG está na constatação de que poucos se dispõem a se sacrificar pela instituição e que os próprios interesses são colocados em primeiro lugar, numa relação profana comunidade/instituição. Assim, o grande obstáculo está na ausência do sagrado e na louvação do profano. Acredito que isso precisa mudar.
O enfrentamento a essa louvação do profano deve começar já na condição de candidato a reitor, considerando imperiosa a participação do eleitor na construção dessa candidatura e, ativa, na definição dos planos e objetivos do futuro reitorado.
Assim, privilegiando o interesse público, atendendo a uma necessidade urgente de que o centro da atenção, do zelo e da compreensão seja voltado ao outro (a pessoa humana, ao sagrado) contribuirá na construção de uma universidade bem melhor e com maior utilidade do que a que vivenciamos agora.
Por fim:
Que no presente processo sucessório seja instituído um novo tempo na relação comunidade/universidade. Tempo em que o interesse público se sobressaia ao particular, privilegiando o sagrado.
Blog rafaelrag
Ciências e Educação
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