No
dia 26 de setembro, Jayana Nicaretta da Silva comemorava o aniversário
de 18 anos. Onze dias depois, a comemoração era outra: a eleição como
vereadora do município onde mora, União do Oeste, no Oeste de Santa
Catarina.
Ela é a vereadora mais jovem do estado,
pelo Partido Progressista (PP), e uma das mais jovens do país. Com 133
votos, de um total de 2.523, ela foi a quarta mais votada do município.
Notícia que recebeu logo após saber que passou em sete vestibulares,
três deles em universidades federais.
Na Universidade Federal de Pelotas
(UFPEL) e na Universidade Federal Fluminense (UFF) Jayana passou no
curso de engenharia de petróleo. Na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) conseguiu uma vaga no curso de engenharia de energias.
Na Pontífica Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), na Universidade
de Uniguaçu, na Universidade de Pelotas e na Universidade do Oeste de
Santa Catarina (Unoesc) passou nos processos seletivos para medicina
veterinária.
Diante das opções, ela decidiu cursar
engenharia de petróleo na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no
Rio Grande do Sul, mas garante que a prioridade será a Câmara de
Vereadores de sua cidade. “Vou começar em Pelotas, mas quero tentar
transferir para Balneário Camboriú. Além disso, vou trancar algumas
matérias e fazer o curso em parcelas, para conseguir conciliar”, afirma
ela.
Pela legislação eleitoral, é preciso ter
18 anos no dia da posse, em 1º de janeiro. Porém, apenas seis jovens
todo o país se elegeram com 17 anos. No caso de Jayana, explicar porque
uma garota tão jovem que adora festas, balada com as amigas, cinema,
livros, filosofia e viajar, além do tradicionalismo gaúcho, tenha
priorizado a política não é tão difícil.
A vida política
Quando ela nasceu, em 1994, o pai, João
Lário da Silva, já era vereador da cidade. Ela ainda acompanhou outras
duas eleições dele como vereador, mas foi quando ele foi prefeito que
ela começou a admirar a política. Na época com 10 anos, lembra que
gostava de distribuir propagandas, vestir a camisa com a sigla do
partido e até de fazer campanha de casa em casa. Algumas vezes chegou a
brincar que queria ser política.
Aos 14, não era apenas um comentário
despretensioso a amigos e colegas de aula. “Quando os outros estavam
fazendo campanha, pensei em começar a minha e me preparei”, conta ela,
cujas propostas incluiam trabalhar com inteligência e renovação,
sobretudo pelas mulheres e jovens.
Apesar disso, ela esperou contar aos
amigos para só então contar ao pai. Não esperou que ele manifestasse
nenhum desejo de voltar à vida política, após alguns anos afastado. “Ele
me apoiou, me orientou e ficou muito orgulhoso. Se estava pensando em
se candidatar, desistiu na hora”, diverte-se ela, ao lembrar da reação
do pai. No fim, ele acabou servindo de professor. “Ele me orientava a
sair de casa e pedir votos, tomar chimarrão com as pessoas. E sempre que
me via em casa sem fazer nada, brigava comigo para sair e fazer
campanha”, conta.
Assim, a garota que acabou de passar em
sete vestibulares, antes dedicada aos estudos, aos amigos, a passatempos
e a cuidar de si, começou a pensar no cuidado de uma cidade, além de
incluir na rotina muitas cuias de chimarrão, um costume típico do Rio
Grande do Sul e comum na região Oeste do estado. “Sempre tomei em casa,
mas durante a campanha tomei muito mais. Também aprendi a acordar cedo,
dormir tarde e às vezes ficar sem almoço”, diz.
O lado ruim, segundo ela, é a rivalidade
que existe entre os partidos. “Só me incomodo quando os amigos se
afastam por política. Eu sempre tentei separar mas acaba afetando”,
afirma. Durante a campanha, ela comenta que chegou a ir parar na
delegacia, com um Boletim de Ocorrência registrado contra ela. “Teve uma
suposta acusação durante a minha campanha de uma tentativa de furto,
mas logo consegui comprovar que era apelação política”, diz ela.
Além disso, ela também afirmou no
Facebook que chegou a receber a culpa por equívocos cometidos pelo pai
enquanto era político. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) e ficou inelegível por alguns anos. Sobre isso, ela
afirma que, apesar disso, a questão de ser filha dele mais ajudou do que
atrapalhou. “Mas alguns não votaram por eu ser filha dele ou não
deixaram seus filhos votarem. É uma pena, pois eu deixei sempre claro
que penso diferente, que as ideias e a vontade de fazer algo são
minhas”, afirma ela.
“Cada voto é um compromisso e essa é a
primeira coisa que me vem à mente quanto penso sobre meu mandato”,
afirma Jayana, decidida a começar no dia 1º de janeiro cheia de ideias e
propostas.
G1
Blog rafaelrag
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