segunda-feira, 9 de novembro de 2015

EXPOSIÇÃO SOBRE GERAÇÃO DE QUILOMBOLAS É ABERTA, EM JOÃO PESSOA


Duas faces específicas do povo quilombola podem ser vistas no trabalho fotográfico do italiano Alberto Banal, radicado na Paraíba há mais de cinco anos. A mostra intitulada ‘Troncos Velhos e Galhos Novos’ foi aberta no domingo (8 de novembro) no primeiro pavimento da Torre Mirante da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano. A entrada é aberta ao público de todas as idades.

A exposição permanece aberta para a visitação até o final do mês dezembro. O horário é de terça à sexta-feira das 9h às 21h e sábados, domingos e feriados das 10h às 21h.

A mostra retrata as duas faces específicas do povo quilombola, a dos idosos, que representa a raiz da tradição (o “antigamente”), e a das crianças, que representa o grande potencial de futuro (o “futuramente”). Enquanto os anciãos carregam os valores da ancestralidade e garantem a continuidade da tradição, as crianças constituem uma geração chave e estratégica para o futuro que pode ser o começo de um novo tempo, como também a última etapa da dissolução de muitas comunidades.

“Existe uma geração que está vivendo e sofrendo o advento da modernidade em todos os seus aspectos sociológico, tecnológico, antropológico, enquanto a transmissão da cultura tradicional está se perdendo num esquecimento assombroso”, comentou Alberto Banal.


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As crianças, que aparecem nas imagens da exposição, fazem parte do Projeto Escrilendo, uma atividade da Associação de Apoio as Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (AACADE), em parceria com Casas de Leitura, Casa dos Sonhos e os amigos italianos da Associação Uniti Per La Vita e do grupo Just Dance. O projeto incentiva o prazer da leitura e escrita, e propõe resgatar e reforçar a identidade cultural das comunidades quilombolas dos municípios de Matão, Matias e Pedra d’Água.

“O Estado da Paraíba possui hoje 39 comunidades quilombolas catalogadas e conhecidas. Destas, 37 ainda não possuem certificado de reconhecimento emitido pela Fundação Cultural de Palmares (BA)”, afirmou Alberto Banal.

Sobre o fotógrafo – Alberto Banal é natural da região de Trentino (Itália), tendo o título de doutor em Letras e Filosofia pela Università degli Studi de Milão. Por causa do trabalho e, sobretudo, por paixão, teve a possibilidade de visitar 46 países no mundo. Nas suas viagens, conheceu povos e culturas diferentes, aprendendo a riqueza das diversidades, e construiu, graças a sua paixão pela fotografia, um precioso arquivo de imagens e memórias.

Desde 2005, Alberto mora em João Pessoa, onde continua este ofício de documentarista, dando visibilidade ao povo negro dos quilombos da Paraíba. É integrante da Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes (AACADE), onde coordena os projetos Casa de Leitura, Fotógrafos de Rua e Escrilendo, que desenvolvem atividades culturais com crianças de comunidades quilombolas.

Nas comunidades quilombolas produziu várias imagens, que se tornaram em exposições. São elas: “Olhando: de dentro para dentro, de dentro para fora” (SESC Centro, João Pessoa, 2010); “Identidade Quilombola: Autopercepção e Comunicação - O quilombo do Matão visto por si mesmo” (Centro Cultural São Francisco/JP, 2010); “Quilombos da Paraíba: A realidade de hoje e os desafios para o futuro” (Estação Cabo Branco Ciência Cultura & Artes, JP/PB, 2012); “Quilombos da Paraíba” (Museu Assis de Chateaubriand, Campina Grande/PB, 2012); “O Povo Quilombola: Um Brasil desconhecido” (Itália, 2013); e “Feminino Quilombola” (Estação Cabo Branco Ciência Cultura & Artes, JP/PB, 2013 e 2014).

Junto com Maria Ester Pereira Fortes, organizou o livro “Quilombos da Paraíba, a realidade de hoje e os desafios para o futuro”, o primeiro estudo exaustivo sobre a realidade quilombola da Paraíba.


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