O delegado de Itaquaquecetuba Ricardo Mamede disse na última terça-feira,
durante entrevista coletiva, que o vigilante Franklin Folha Soares, de
31 anos, preso suspeito de pedofilia, violentou a irmã mais nova da
namorada pelo menos 79 vezes. Ele foi preso na segunda-feira após a
polícia receber um pen drive contendo fotos de abuso.
(Delegado de Itaquaquecetuba)
A namorada do vigilante, Patricia dos Santos Silva, de 23 anos, foi
detida 4 dias antes. Segundo a polícia, ela é suspeita de aliciar crianças
para o companheiro estuprar, inclusive as próprias irmãs: a de 11 anos,
outra de 17 e uma de 20, que é deficiente intelectual. De acordo com a
polícia, os abusos com a ajuda da namorada ocorrem há cerca de 3 anos.
No entanto, segundo a investigação, o vigilante é suspeito de cometer
este tipo de crime há mais tempo: 7 anos.
"Só da vítima de onze anos nós encontramos setenta e nove gravações nos
pen drives. Em algumas imagens ela estava quase desmaiada e implorava
para o suspeito parar. Pelo o que a menina disse em depoimento, os
abusos começaram quando ela tinha 9 anos", disse o delegado.
Até agora a Polícia Civil já identificou 19 vítimas, sendo que oito já
prestaram depoimento. Os pen drives apreendidos pelos policiais contém
470 vídeos e 540 fotos de relações sexuais com crianças entre 8 e 10
anos e com adolescentes de 16 a 17 anos. "Nunca vi nada igual, nem aqui
na região, nem em qualquer outro lugar. O crime choca pela quantidade de
vítimas e de gravações que mostram menores em cenas de sexo explícito.
Ele é, sem dúvida, um monstro que roubou o futuro de várias crianças e
de famílias inteiras", afirma o delegado.
Filha do casal
De acordo com a polícia, Patricia e Franklin moram juntos há quatros
anos e têm duas filhas, de 4 anos e 1 ano. As meninas estão sob a guarda
do conselho tutelar do município. Segundo a polícia, uma delas chegou a
presenciar os abusos." A filha mais velha do casal, hoje com 4 anos,
aparece no vídeo assistindo as cenas de violência sexual. No caso desta
menor, ainda não temos informações de ter passado por isso", afirma
Mamede.
A polícia busca agora ouvir as outras 11 vítimas identificadas. Segundo o
setor de investigação de Itaquaquecetuba, quatro delas teriam se mudado
para fora do Estado de São Paulo. "Temos a informação que duas ou três
famílias de vítimas se mudaram para o Rio de Janeiro e uma para a Bahia.
Todas teriam ido embora por conta dos abusos", explica o delegado. Além
de buscar novas vítimas, a polícia também procura por possíveis
cumplíces do casal.
Abusos
Um inquérito aberto em 2009 para investigar o casal pelo mesmo tipo de
crime foi arquivado em 2012 por falta de provas. A família de uma menina
de 5 anos denunciou Patrícia e o namorado por abusos sexuais. Na época,
Patricia era babá da criança violentada. O processo foi reaberto agora
diante das novas denúncias.
Ainda durante a entrevista coletiva, o delegado disse que a violência
sexual acontecia na casa do casal, no Jardim Canaã, em Itaquaquecetuba.
No dia da prisão, o pedófilo afirmou em depoimento que há sete anos vem
praticando o crime e que antes de ter as relações sexuais embriagava as
vítimas com vinho. "Quando as vítimas relutavam, o criminoso oferecia
remédio ou vinho para elas", afirma o delegado.
Para ajudar o namorado nos crimes, Patricia recebia presentes do
suspeito. Boa parte das vítimas abusadas nos últimos três anos são
crianças que ficam sob a guarda de Patrícia, quando ela trabalhava como
babá. Conforme a polícia apurou, a suspeita participava como cúmplice,
vendando as vítimas e ajudando o namorado na filmagem das cenas de sexo.
A polícia só teve acesso as imagens depois que uma pessoa, que não quis
se identificar, entregou à Polícia Militar um pen drive contendo as
fotos e vídeos. "Patrícia e Franklin tiveram uma briga porque ele não
quis dar uma televisão para a companheira. Com raiva, ela pegou o pen
drive e deu para uma amiga. As imagens foram parar nas mãos de uma
pessoa desconhecida, que procurou a polícia.", conclui Mamede.
Esquizofrenia
Segundo o delegado, durante parte do depoimento, Franklin demonstra
arrependimento. "Ele se intitula um pedófilo e quer fazer com que a
gente acredite que ele é doente. Para cometer os abusos ele alegou estar
embriagado", relata.
O delegado disse ainda que o supeito foi examinado. "Um médico do
Instituto Médico Legal conversou com Franklin na manhã desta terça-feira
e ele informou não ter constatado sinais de esquizofrenia, já que ele
conseguia responder várias das perguntas."
Advogado
O advogado do suspeito, Rogério Gomes Soares, diz que está trabalhando
para garantir a integridade física de seu cliente. "Quero garantir a
integridade física e moral dele, já que esse caso ganhou grande
repercussão", comenta.
O defensor diz também que, ainda esta semana, vai ter acesso ao
inquérito. "Nós não estamos atrapalhando as investigações, por isso, até
o final desta semana terei acesso ao inquérito e depois de analisá-lo
vou traçar uma linha de defesa pedindo a liberdade dele ou até mesmo
solicitando a internação dele. Meu cliente sofre de uma pertubação
mental, por causa do uso constante da internet".
O delegado que investiga o caso não soube informar se a suspeita tem
advogado. Ele diz não ter sido procurado por nenhum defensor de Patrícia
Santos.
(Postado por O Controle da Mente – Fonte: G1)
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