A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 5.500/2013 que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e os 25% restantes para a área da saúde na madrugada de ontem, quarta-feira (26).
O projeto foi aprovado por consenso, após negociação entre as
lideranças. Originalmente, o PL destinava 100% dos royalties para
educação.
Meta 20 – Financiamento: Ampliar o investimento público em educação
de forma a atingir, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB (Produto
Interno Bruto) ao final do decênio Leia mais Antonio Cruz/ABr
Ficou também com a educação 50% do Fundo Social — em vez de 50% dos
rendimentos do montante desse fundo. E o critério para começar o repasse
dos recursos é “declaração de comercialidade” em vez de ser a
assinatura dos contratos. O setor da educação receberá esses recursos
até que sejam atingidos os 10% do PIB, meta do PNE (Plano Nacional de Educação) que tramita no Senado.
Segundo o deputado André Figueiredo (PDT-CE), autor do texto substitutivo, os investimentos em educação e saúde devem alcançar R$ 280 bilhões na próxima década com as mudanças aprovadas.
Horas antes, a Câmara engavetou a PEC 37
que restringia os poderes de investigação do MP (Ministério Público).
Assim como o arquivamento da PEC 37, a votação da destinação dos
royalties para a área social é uma resposta da Câmara aos protestos que tomaram as ruas nas últimas semanas. Os deputados também aprovaram projeto de lei complementar 288/2013 que estabelece novas regras para a distribuição dos recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados) a partir de 2016.
Os royalties são uma espécie de taxa cobrada das concessionárias
que vão explorar o petróleo — e ficam com o poder público (União,
Estados produtores e municípios produtores).
Projeto que destina recursos do petróleo para área social
Como era | Como ficou | |
Royalties | 100% para educação | 75% para educação e 25% para saúde |
Contratos | Recursos destinados seriam provenientes dos contratos celebrados a partir de 3 de dezembro de 2012 | Recursos destinados serão provenientes de contratos com “declaração de comercialidade” a partir de 3 de dezembro de 2012, o que antecipa verbas |
Fundo Social | 50% dos retornos do capital do Fundo Social | 50% do total do Fundo Social |
Acordos
O substitutivo do deputado André Figueiredo (PDT-CE) chegou à Câmara
propondo que os royalties do petróleo fossem destinados integralmente
para a educação. O PL (Projeto de Lei) 5.500/2013, de autoria de
Figueiredo, foi apensado a um PL de 2007, o 323. O PL foi encaminhado à
Câmara dos Deputados em regime de urgência pela presidenta Dilma
Rousseff.
Durante as negociações, os percentuais dos royalties passaram de 100%
na educação para 75% na educação e 25% na saúde. O PMDB chama para si a
emenda que destina parte dos recursos à saúde. O líder do PT, José
Guimarães, foi à tribuna demostrar apoio ao substitutivo após a retirada
de alguns artigos sobre exploração e comercialização do petróleo que,
no entendimento da bancada petista, poderiam influenciar contratos já
acordados.
Substitutivo
O PL 5.500 destinava exclusivamente à educação as receitas
provenientes dos royalties e da participação especial relativa aos
contratos fechados a partir de 3 de dezembro do ano passado, sob os
regimes de concessão e de partilha de produção. A educação receberia
também a metade dos recursos resultantes do retorno sobre o capital do
Fundo Social do Pré-Sal.
O parlamentar pedetista propôs que a educação recebesse, além dos
royalties dos contratos firmados a partir de dezembro, os recursos
provenientes de áreas cuja explorações tenha começado após essa data.
Ele explicou que há contratos firmados em datas anteriores, mas que
ainda não têm declaração de comercialidade. Esses recursos iriam para a
educação.
Além disso, a proposta original de Figueiredo destinava não apenas
50% do retorno do capital do Fundo Social, mas 50% de todo o Fundo
Social – os recursos dos royalties e da participação especial destinados
à União provenientes dos contratos sob regime de concessão e cessão
onerosa, quando oriundos do pré-sal, serão integralmente destinados ao
Fundo Social.
No texto original, Figueiredo previa à educação os recursos com a
exploração das chamadas áreas unitizáveis – vizinhas a áreas já
exploradas e ainda não exploradas – e abre a possibilidade de encaminhar
ao setor recursos provenientes de áreas como o Campo de Libra (camada
pré-sal localizada na Bacia de Santos e com reservas de 8 bilhões a 12
bilhões de barris).
No texto original do substitutivo de Figueiredo, os recursos vão para a educação básica pública.
Tramitação
Agora que foi aprovado em plenário, o texto do projeto de lei passará
por uma revisão final da CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania) para ajustes finais de técnica legislativa e, então, segue
para o Senado.
Uol
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