No que concerne à proposta de carreira, há mais de uma semana o governo
enviou ao Congresso Nacional o PL n° 4.368/12 com conteúdo essencialmente
estruturado na lógica amplamente rejeitada pela categoria nas Assembleias de base,
uma vez que desestrutura ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de trabalho de dedicação exclusiva,
fere a autonomia universitária e sinaliza com a retirada de direitos garantidos
pelo Decreto n°94.664, de 23/07/1987 (PUCRCE).(*)
Em
tempos de paz, conciliação e prosperidade a palavra guerra não é pronunciada. Quando
ela aparece, prenuncia mudanças. E, quando se torna tão presente e difícil de
negar, agrega partidários. Neles, uma “boa parte” que entende, ou se faz
entender, que não é hora de declará-la. Pois, a manutenção da paz sempre é a
melhor esperança.
Em
tempo de guerra, quando a derrota é iminente, há os defensores do combate até
uma data simbólica para uma rendição final e unificada. Todavia, quando a
derrota se faz presente, não há como garantir tal unidade e nem conter as
retiradas. Mesmo sob a mácula da deserção, pois não há desertores na derrota.
Em
geral, quando uma das frentes de batalha se considera definitivamente
vitoriosa, no hastear da bandeira da paz pelo outro, já não há mais mesa de
negociações, nem bancos para espera, só ecoam os desdém e se revelam as
imposições para a rendição.
Essas
imagens não enquadram a greve nacional dos docentes nas IFES e nem têm o foco
no governo federal, exercido por sindicalistas e guerrilheiros das causas
trabalhistas. Nesse ângulo, não podemos falar em guerra, pois a greve nada mais
é do que um simples exercício do direito do cidadão trabalhador.
Essa
figura (a greve) é vista, por esses governantes, como uma práxis normal dos
seus ensinamentos teóricos. Podemos enxergar, por ela (a figura), que a camarada
presidente é a mais entusiasta defensora dos interesses dos servidores
universitários e, na sua absoluta lucidez, sabe o que é melhor para todos nós.
A
camarada com o seu ilustre presidente (de honra), estadista e doutor (em como
ficar rico) no nobre exercício da política, formam uma dupla-face que nos prega
o reconhecimento que uma guerra não houve, e não há, nessa verdadeira greve de
fatos.
Mas,
voltando à paz, a greve sempre traz revelações. E uma delas, por e-mail (**) me
chegou: “Quanto a nossa greve/2012 acho que
tivemos ganhos sim. Alias, nas nossas greves nunca perdemos, quem perde são os
alunos, pois recebemos nossos salários rigorosamente em dia e não perdemos um
único dia das nossas férias. Pode ocorrer de não temos as férias em janeiro ou julho,
mas com certeza temos em um outro mês”.
Esta
mensagem, embora plena de equívocos, expressa corajosamente uma visão diferente
e contrária a qual eu compartilho com o Comando Nacional de Greve. Infelizmente,
ganhos não há suficientes para justificar a saída da greve como uma conquista
do movimento e nem como uma dádiva de um governo camarada.
Por
fim: Como ensina o poeta: “Queixo-me às rosas, mas que bobagem. As rosas não
falam. Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai”.
Hiran
de Melo – Professor da UFCG
(*) No que
concerne à proposta de carreira, há mais de uma semana o governo enviou ao Congresso
Nacional o PL n° 4.368/12 com conteúdo essencialmente estruturado na lógica
amplamente rejeitada pela categoria nas Assembleias de base, uma vez que desestrutura
ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de trabalho de dedicação
exclusiva, fere a autonomia universitária e sinaliza com a retirada de direitos
garantidos pelo Decreto n°94.664, de 23/07/1987 (PUCRCE). No tocante às condições
de trabalho, o governo formalizou a criação de uma comissão para acompanhar a
expansão nas IFE, composta por representantes do MEC, UNE e dirigentes das
instituições federais de ensino, num ato arbitrário que, ao desconsiderar, mais
uma vez, o nosso segundo ponto de pauta, dá sequência a seu projeto de expansão
para as IFE, que intensifica o processo de precarização. – Comando Nacional de
Greve – Comunicado Especial 09.09.2012.
(**)
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