Uma cerimônia
inédita realizada no domingo (27 de abril) na Praça de São Pedro, no Vaticano,
e acompanhada por milhares de fiéis católicos, canonizou dois Papas: o
polonês João Paulo II e o italiano João XXIII.
“Declaramos e definimos como santos os beatos João XXIII e João Paulo II e os inscrevemos no Catálogo dos Santos, e estabelecemos que em toda a Igreja sejam devotamente honrados entre os Santos”, foi a fórmula pronunciada em latim pelo Papa Francisco, após a qual a multidão na praça rompeu em aplausos.
A canonização dupla reuniu, em um único evento, o atual Papa Francisco e o Papa Emérito Bento XVI, que renunciou no ano passado em uma situação inédita na história moderna da Igreja Católica.
“Declaramos e definimos como santos os beatos João XXIII e João Paulo II e os inscrevemos no Catálogo dos Santos, e estabelecemos que em toda a Igreja sejam devotamente honrados entre os Santos”, foi a fórmula pronunciada em latim pelo Papa Francisco, após a qual a multidão na praça rompeu em aplausos.
A canonização dupla reuniu, em um único evento, o atual Papa Francisco e o Papa Emérito Bento XVI, que renunciou no ano passado em uma situação inédita na história moderna da Igreja Católica.
A cerimônia de canonização teve os mesmos moldes de uma missa e foi simples, sóbria e sem extravagâncias, segundo o Vaticano.
Em 2011, a
beatificação de João Paulo II, feita por Bento XVI, durou três dias e
custou cerca de US$ 1,65 milhão, reunindo 1,5 milhão de fiéis na praça e
nos seus arredores, segundo a polícia de Roma.
Neste domingo, Francisco concelebrou missa solene com cinco prelados, entre eles o bispo de Bergamo (cidade natal do italiano João XXIII), Francesco Beschi, e o ex-secretário particular do Papa João Paulo II e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz.
Neste domingo, Francisco concelebrou missa solene com cinco prelados, entre eles o bispo de Bergamo (cidade natal do italiano João XXIII), Francesco Beschi, e o ex-secretário particular do Papa João Paulo II e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz.
O Vaticano, citando fontes da polícia italiana, estimou que cerca de 800 mil pessoas participaram da celebração.
Segundo a Santa
Sé, 500 mil pessoas lotaram a praça e sua via de acesso, a Via da
Conciliação, e 300 mil seguiram o evento diante dos 17 telões instalados
em diversos locais em Roma.
Os poloneses – conterrâneos de João Paulo II-, foram os estrangeiros mais numerosos presentes.
Trens especiais foram colocados em circulação para a viagem desde a Polônia.
A cerimônia do lado de fora da Basílica de São Pedro permitiu que mais pessoas participassem do evento.
Telões foram
espalhados na Praça e pela cidade de Roma, que teve esquema especial de
trânsito para a celebração, com bloqueio de ruas e reforço nos
transportes públicos.
Após a cerimônia, Francisco percorreu a praça no Papamóvel, cumprimentando os fiéis.
Vigília
A celebração dos novos santos começou na noite de sábado (26), com a “noite branca de oração”. Diversas igrejas no centro de Roma foram abertas para aqueles que quiserem rezar e se confessar.
Vigília
A celebração dos novos santos começou na noite de sábado (26), com a “noite branca de oração”. Diversas igrejas no centro de Roma foram abertas para aqueles que quiserem rezar e se confessar.
A Basílica de
São Pedro ficará aberta em um esquema especial, até 1h desta
segunda-feira (28). Os peregrinos poderão visitar o túmulo dos dois
Papas, no subsolo da igreja.
Caminhos que se entrelaçam
Os dois Papas santos têm caminhos que se entrelaçam. João Paulo II, por exemplo, se encarregou de decretar as “virtudes heroicas” e a beatificação de João XXIII.
Os dois Papas santos têm caminhos que se entrelaçam. João Paulo II, por exemplo, se encarregou de decretar as “virtudes heroicas” e a beatificação de João XXIII.
Juntos, os dois simbolizam a abertura para o mundo e a confiança de ser católico.
Ambos os
pontífices, cuja bondade e carisma fizeram com que após a morte fossem
solicitadas suas beatificações por aclamação, atravessaram nos últimos
anos um complexo processo de canonização, requisito “sine qua non” para
se tornar um santo católico.
João Paulo II
foi canonizado apenas nove anos após sua morte, em 2005. O segundo
milagre atribuído ao polonês Karol Wojtyla, que nasceu em 1920 e liderou
a Igreja Católica entre 1978 e sua morte, foi reconhecido pelo
Vaticanox em julho do ano passado.
Já João XXIII, que foi Papa entre 1958 e 1963, foi canonizado com apenas um milagre comprovado.
Processo
A primeira etapa da canonização é ser reconhecido Servo do Senhor. Para isso, os postuladores da causa apresentam um relatório à Santa Sé, que, após examiná-lo, tem que emitir o decreto “Nihil Obstat”.
Com este decreto, é iniciado oficialmente o processo, e o postulante é nomeado Servo do Senhor.
A primeira etapa da canonização é ser reconhecido Servo do Senhor. Para isso, os postuladores da causa apresentam um relatório à Santa Sé, que, após examiná-lo, tem que emitir o decreto “Nihil Obstat”.
Com este decreto, é iniciado oficialmente o processo, e o postulante é nomeado Servo do Senhor.
O processo de
João XXIII foi aberto em 1965, dois anos após sua morte, enquanto o do
pontífice polonês começou no ano de seu falecimento, em 2005, por desejo
expresso de seu sucessor, Bento XVI, que eliminou o requisito canônico
de se esperar cinco anos após a morte para o início do trâmite da causa.
A etapa seguinte consiste em reconhecer suas “virtudes heroicas”, um título que os transforma em Veneráveis Servos do Senhor.
Para que isto
ocorra, uma comissão jurídica do Vaticano se reúne para estudar a
ortodoxia dos textos que publicaram em vida e para analisar os
testemunhos de pessoas que os conheceram.
Em seguida, o relator do processo, nomeado pela Congregação para a Causa dos Santos, elabora um documento denominado “Positio”.
Um compêndio
dos relatos e dos estudos realizados pela comissão, assim que aprovado
pelo pontífice, concede o título de Venerável Servo do Senhor, o segundo
passo em direção à santidade.
João XXIII
tornou-se Venerável em 1999, mais de três décadas após sua morte,
enquanto João Paulo II obteve o título em 2009, quatro anos depois de
seu falecimento.
Milagres
Após serem considerados Veneráveis, o passo seguinte é o da beatificação. Ser beato, ou bem-aventurado, significa representar um modelo de vida para a comunidade e, além disso, que essa pessoa tem a capacidade de agir como intermediário entre os cristãos e Deus.
Após serem considerados Veneráveis, o passo seguinte é o da beatificação. Ser beato, ou bem-aventurado, significa representar um modelo de vida para a comunidade e, além disso, que essa pessoa tem a capacidade de agir como intermediário entre os cristãos e Deus.
Por esta razão,
para alcançar este grau, é imprescindível o testemunho de um milagre
que tenha sido realizado graças à intercessão do Venerável.
Ao Papa italiano foi atribuída em 2000 a cura da religiosa italiana Caterina Capitani, que esteve a ponto de morrer por uma perfuração gástrica hemorrágica com fístula externa e peritonite aguda. Ela conta que, após pedir um milagre a João XXIII, conseguiu sobreviver.
Ao Papa italiano foi atribuída em 2000 a cura da religiosa italiana Caterina Capitani, que esteve a ponto de morrer por uma perfuração gástrica hemorrágica com fístula externa e peritonite aguda. Ela conta que, após pedir um milagre a João XXIII, conseguiu sobreviver.
Já ao Papa
polonês são atribuídas centenas de milagres, embora para sua
beatificação, em 2011, tenha sido imprescindível o caso da freira
francesa Marie Simon Pierre, que sofria de Parkinson (a mesma doença que
João Paulo II tinha) e cuja cura, de acordo com os médicos externos
convocados pelo Vaticano, “carece de explicação científica”.
Com estes
milagres realizados por intercessão divina dos pontífices tendo sido
aprovados, João XXIII e João Paulo II subiram oficialmente aos altares
como beatos da Igreja Católica, o primeiro em 2000, e o segundo, em
2011.
Depois disso, ainda é preciso passar por mais uma fase para encerrar o complexo processo.
Trata-se da
canonização, sua proclamação como santos, para a qual é requisito
imprescindível um novo milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como
beatos. É aqui onde se dá outra particularidade que caracteriza a causa
de João Paulo II e João XXIII.
No caso do
italiano, o Papa Francisco, em 2013, decidiu canonizá-lo sem ter sido
certificado o segundo milagre. A decisão do Papa de canonizar João
XXIII sem registro de milagre, algo não muito frequente nas últimas
décadas, é uma prerrogativa do chefe da Igreja, segundo as normas do
Vaticano.
Já João Paulo
II, intercedeu, segundo a Igreja, na cura de uma mulher costarriquenha
que sofria de um grave aneurisma cerebral e que, segundo os médicos,
tinha apenas um mês de vida.
Esta mulher,
Floribeth Mora Díaz, que participará da cerimônia deste domingo, garante
ter ouvido a voz do papa polonês afirmando: “Levante-se, não tenha
medo”, quando estava internada em um hospital. E após ouvir estas
palavras, começou seu processo de cura, inexplicável para a ciência.
G1
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