Há uma moda de copiar e colar frases, e publicá-las nas páginas do Facebook sem nenhuma reflexão. Estão lá como se fossem grandes joias preciosas que alguém "generoso" colocara à disposição de todos. Usem e abusem, talvez seja este o lema. Nada mais perigoso do que tais frases soltas. Para exemplificar vou chamar a atenção sobre uma destas frases, postada na página Essência Maçônica (*).
"Pessoas fortes nunca derrubam os outros. Elas os levantam".
Esta frase, atribuída ao Senhor Michael P. Watson, recebeu - até o presente momento, em que escrevo este artigo - 254 curtidas, o que aparentemente são apreciações positivas de pessoas que concordam com tal "sabedoria" ou "essência maçônica". Ah! Parece também que tais pessoas se reconhecem como maçons.
Tenho dificuldades em acreditar que pelo menos uma destas pessoas que curtiram tal frase, e nada comentaram, se deram ao trabalho de refletir sobre o que de fato ela informa. Tal frase solta, como qualquer outra frase solta pode ser usada para mil utilidades. Assim como o famoso produto da Bombril.
Inclusive pode ser usada para passar a impressão de que quem a posta possui uma grande cultura e, portanto, autoridade em dá lições de vida. Derramar sabedoria, tal um Venerável Mestre na cabeça do corpo místico da loja. Daí o adjetivo perigoso utilizado lá em cima.
Examinemos com um pouco de acuidade o que a frase informa. Mas, para tanto precisamos de um referencial. Quem afirma tal frase?
Se for um forte que o afirma, talvez ele esteja simplesmente se vangloriando. Dizendo tão somente que não precisa derrubar ninguém para se afirmar como forte. Os seus adversários fogem na sua presença ou se jogam ao chão pedindo para serem erguidos. "Vaidade, tudo é vaidade", diria Salomão?
Se for um fraco que o afirma, apenas ele está manifestando um desejo de ser erguido por um forte, ou simplesmente anunciando a natureza do fraco: não podendo se levantar com as próprias forças, enaltece quem o levante. E, mais do que isso, se colocando em uma posição de grandeza em face a sua inferioridade latente.
"Como assim?" - Afirmando que ao não derrubar ninguém, mesmo quando se fizer necessário, não o faz pela simples razão de se sentir um fraco, mas porque é forte. Salomão se colocaria em tal posição?
Gostaria que os irmãos curtidores me apontassem a onde está a tal essência maçônica dessa frase. Em particular, os que, além de curtir, as compartilham. E o fazem, em geral, sem nenhum comentário indicador da sua interpretação.
O irmão Arivaldo Lins, único que comentou a sua própria curtida, deixou uma abertura à reflexão dos curtidores: "E quando nos sentimos fracos e com dificuldade em encontrar um braço amigo que se possa confiar... hoje em dia TÁ DIFICIIIIII!!!!"
No seu comentário o irmão nos lembra que nem sempre nos sentimos fortes. Se sentir em um momento forte e se sentir em outro momento fraco são contingências da condição humana.
Assim como são: o sentir medo e o não sentir medo. O sentir não importa, o que importa é não ficar paralisado. Enfrentar o que nos amedronta ou fugir são opções de decisões que só no momento definirá a que será tomada. Não somos Deuses. Somos, no máximo, humanos.
Por oportuno quero também desmitificar o conceito de humildade. Humilde é o forte que só usa a sua fortaleza quando necessária; é o rico que só usa a sua riqueza quando for oportuno e conveniente. Não sai por ai dando demonstração gratuita de fortaleza e de riqueza.
Portanto, estar em uma situação de carência e nada fazer para combater tal problema não é humildade, é fraqueza mesmo. Ter um problema e não fazer dele uma condição de superação e de crescimento não é humildade, é tolice pura e simples. E, digamos logo, quem assim procede não pode ser livre, logo não deve ser reconhecido como maçom.
Blog rafaelrag com o Professor Hiran de Melo da UFCG
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