Adendo do blog rafaelRAG. Concordo com a sensatez da amiga Marilene, somos favoráveis a criação da UFSPB.
A cidade mais uma vez se agita. Em todas as direções e em todas
as dimensões, com raríssimas exceções, e, independente de posição e de
convicção ideológica, social, religiosa, cultural, sexual, todos se
homogeneízam em torno da mesma extremidade. As vozes parecem convergir
para um mesmo foco. A unanimidade da defesa arremessa para o limbo da
ingratidão e do retrógado quem ousa colocar uma pitada de coerência e
sensatez neste debate. Afinal, quem, em sã consciência, não defende a
criação da Universidade do Sertão, sobretudo, quem é de Cajazeiras, ou
por esta terra nutre simpatia e afeto e que suspende a medida à condição
de alavanca de progresso e futuro promissor?
O que o debate sensato exige é ponderação e serenidade para que
interesses políticos mais paroquiais e pessoais não se sobreponham sobre
as necessidades e possibilidades concretas de ampliação do sistema
público de educação superior na região.
Uma questão se faz imperativa neste debate e que, infelizmente, não
aparece e não ganha a relevância nos discursos e posições de quem
aguerridamente se apega a defesa da criação da Universidade do Sertão. A
questão é: vamos criar uma Universidade do Sertão, vinculada ao sistema
federal de ensino superior? Ou vamos apenas repartir o que está aí,
dando nova designação a um pedaço do que, atualmente, já é um pedaço do
que, outrora, era a quarta maior universidade federal do país?
A divisão da atual UFCG, com a aglomeração de alguns Campi para a
composição da Universidade do Sertão, não representa ganho político e
acadêmico nenhum.
Ao contrário, fragiliza e desqualifica o que,
atualmente, vem tentando se organizar enquanto instituição
universitária. Como convivemos e vivenciamos esse processo de divisão,
somos testemunhas dos problemas burocráticos, administrativos e
financeiros que acompanharam todo o processo de organização da UFCG,
considerando que ocorreu apenas a divisão do orçamento que antes era da
UFPB, para dar cobertura as duas instituições, sem considerar que a
“nova” universidade carecia de recursos financeiros e humanos para
montar toda sua estrutura burocrática, e que não estavam orçados nas
planilhas e nas intencionalidades governamentais. A situação não foi
mais dramática porque vivemos o período do Governo Lula e de toda uma
política de expansão do ensino superior público do país, que amenizou
alguns dos dramas e traumas da divisão. Mas esta foi uma situação
histórica contingencial e cuja repetição não goza de segurança.
Agora, novamente se arvoram inúmeras vozes que se perfilam na defesa
da criação da Universidade do Sertão a partir do desmembramento e da
divisão da Universidade Federal de Campina Grande. Os argumentos vão do
ufanismo míope e inconsequente ao velado interesse político pessoal de
se anunciar e de evocar a paternidade do feito para barganhar dividendos
eleitoreiros.
Carecemos de serenidade para não repetir velhos equívocos. E para
aqueles que acham minha posição retrógada, antecipadamente, já aviso:
sou radicalmente favorável a criação da Universidade Federal do Sertão,
desde que isso não represente a divisão da UFCG. Que, de fato, seja
criada uma nova Universidade Federal no Estado. E aí teremos ganhos
significativos, com mais vagas docentes e de técnicos administrativos,
mais vagas para ingresso de alunos e, com certeza, o fortalecimento de
Cajazeiras e da região como importante espaço e centro de ensino.
Essa pode ser uma importante trincheira de luta. Quem engrossa essa fileira?
Blog rafaelrag com Mariana Moreira, colunista do blog Diário do Sertão
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