Não existe uma fórmula pronta para reverter a perda do desejo sexual,
que pode ter múltiplas causas. Mas descobrir a origem do problema ajuda
o casal a acertar seus ponteiros. Tanto homens quanto mulheres podem
sofrer com a diminuição da libido por razões físicas ou psicológicas.
Veja, a seguir, as mais comuns para eles e para elas.
No caso deles
Do ponto de vista clínico, há três possibilidades para a perda do
desejo, explica o médico Geraldo Eduardo Faria, presidente do
Departamento de Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia:
por uma causa emocional, quando a pessoa está deprimida, ansiosa,
estressada, ou por conta de um período difícil, como o luto; também
inclui os cansados da rotina ou vivendo uma situação emocionalmente
instável.
Outro inimigo comum do desejo é o desequilíbrio
hormonal, principalmente na chamada andropausa (esperada a partir dos 50
anos), quando há uma queda na produção de testosterona, estimulante da
sexualidade. O terceiro motivo é de origem metabólica e/ou
medicamentosa, quando a pessoa toma medicações para tratar depressão,
pressão arterial, problemas prostáticos ou outros que podem interferir
na libido, além de alterações no metabolismo, que podem ser causadas por
diabetes ou sedentarismo, por exemplo.
“A maioria dos pacientes chega ao meu consultório pensando que
sofre de um problema hormonal. Mas, na verdade, a causa mais comum é a
psicológica”, diz o urologista.
Os especialistas foram unânimes ao apontar, dentre as causas
psicológicas, a rotina e o estresse como os principais inimigos do
tesão. A psicóloga Carla Zeglios, diretora do Inpasex (Instituto
Paulista de Sexualidade), chama atenção para a distinção entre a
disfunção erétil, que pode ser corrigida com medicamentos, e a disfunção
do desejo. “Com frequência, a dificuldade de resolver problemas no dia a
dia vai parar na cama”, diz.
Com mais de 35 anos de experiência na prática de atendimento em
psiquiatria e psicoterapia de casais e famílias, Luiz Cuschnir avalia
que os homens precisam se sentir desejados. “Esse quadro aparece com
frequência nas relações afetivas que seguem muito tempo sem estímulos
apropriados para mantê-los interessados na mulher que têm”, diz.
O lado delas
As causas do fim do desejo sexual feminino também estão divididas
em físicas ou psicológicas. “Entre as físicas, podemos citar prolapsos
genitais, infecções vaginais, causas hormonais como menopausa e
amamentação, uso de medicações ou drogas e outras doenças sistêmicas”,
enumera a ginecologista Andreia Mariane Deus, do Hospital Evangélico de
Sorocaba.
O pós-parto costuma ser um período delicado. A mulher entra em uma
nova relação, com um ser totalmente dependente. Os horários sofrem
mudanças bruscas e o casal também deve se adaptar a uma nova dinâmica.
Além disso, alterações hormonais reforçam o problema.
“A mãe está sob efeito da ação da prolactina e progesterona, que
podem diminuir o desejo sexual”, explica Silvia Carramão, ginecologista
da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que recomenda o diálogo e o
apoio de parentes para ajudar nos cuidados com a criança.
“É importante que se crie momentos de intimidade entre os dois, às vezes contando com a ajuda de familiares para cuidar do bebê, para que o casal possa ter um tempo para aproximação”.
“É importante que se crie momentos de intimidade entre os dois, às vezes contando com a ajuda de familiares para cuidar do bebê, para que o casal possa ter um tempo para aproximação”.
Nas causas de fundo emocional, elas se aproximam dos homens.
Estresse, ansiedade, problemas com o relacionamento e baixa autoestima
foram apontados como os principais culpados pela perda do desejo sexual
feminino.
Para Cuschnir, mulheres mais reprimidas, com dificuldades de
vivenciar plenamente a sexualidade, tendem mais a ter problemas de
libido. “A falta do desejo pode estar associada com a dispareunia, ou
seja, a dor no ato sexual, e outros quadros que afetam a possibilidade
de sentir satisfação em virtude de incômodos nessa hora”, descreve.
O problema pode se tornar maior, segundo o psiquiatra, quando as
mulheres vão, gradativamente, evitando relacionamentos íntimos e
assumindo uma rotina assexuada.
Um tenta ajudar o outro
É preciso identificar o problema e ter ao menos uma pista da causa
para começar a agir. Se as mulheres percebem o desinteresse do parceiro,
podem tentar novidades no sexo e tentar abrir um canal de comunicação.
“Homens guardam o que desaprovam e, aos poucos, perdem a atração pela
companheira”, explica Luiz Cuschnir.
Os homens também precisam estar atentos às respostas femininas ao
notar o afastamento. A conversa é sempre recomendada: não tenha medo de
abordar temas que parecem tabus. “A vida sexual precisa ser
constantemente ativada”, resume o psiquiatra. “O jogo de sedução tem de
permanecer e os problemas da vida não podem invadir este espaço”.
Se não for possível fazer isso a dois, está na hora de procurar um terceiro: um especialista em medicina ou psicologia.
Fale com seu médico
Do ponto de vista clínico, considera-se a perda do desejo um
problema quando a relação sexual não ocorre há mais de seis meses e essa
falta não está associada a outra patologia, como a depressão. Mas, na
prática, os especialistas recomendam que se busque ajuda o quanto antes.
Uma armadilha comum é o conformismo à situação. E ela pode ser
fatal. “Às vezes, o desvio é irrecuperável e, mesmo atravessando a
situação que causou o problema, o casal já não consegue retomar o ritmo e
interesse que havia”, afirma Luiz Cuschnir.
Carla Zeglios concorda: “As pessoas passam tempo demais achando que
‘vai passar’”, diz. “Ao perder tanto tempo, os casais acabam chegando
ao consultório ‘quebrados’, pois já destruíram tudo de legal que tinham
na relação”.
Por isso é importante procurar apoio o quanto antes. “Seja de um
terapeuta, médico ou advogado, se perceberem que a situação não tem mais
conserto”, finaliza Carla.
Terra
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