Quatro vítimas da tortura no período do regime militar darão depoimentos
Será
realizada nesta terça-feira, dia 6 de agosto, a partir das 9h, no Centro de
Extensão da Universidade federal de Campina Grande (UFCG) a terceira
audiência pública da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da
Memória da Paraíba. As duas primeiras foram realizadas em João Pessoa e
Sapé.
Sob
a coordenação do grupo Mapa da Tortura, a comissão gravará as
declarações de quatro testemunhas da tortura no período do regime
militar (1964-1985) em granjas particulares de comerciantes campinenses,
localizadas no distrito de Jenipapo e na cidade de Lagoa Seca. Maura
Pires, Josélia, João Dantas e Jorge Cirne (Jorjão) prestarão depoimentos
sobre suas experiências, no início dos anos 70.
Coordenado
pelo professor Fábio Freitas, da UFCG, o grupo de trabalho Mapa da
Tortura na Paraíba de 1964 a 1985, vem realizando o mapeamento dos
locais que foram utilizados pelos torturadores, traçando um perfil
detalhado das vítimas e ouvindo-as para comparar os seus depoimentos com
a documentação as informações dos arquivos militares.
“O
confronto dos documentos, as versões, considerando o contexto
histórico, interesses e pressões de cada momento, nos permitirá
restabelecer a verdade dos fatos”, considerou Fábio Freitas.
Com
as análises dos documentos e depoimentos, a comissão também vem
estudando e catalogando os fundamentos históricos e as dimensões da
tortura, seus modos, instrumentos e espaços.
A
audiência tem o apoio da Ouvidoria da UFCG, que, através do ouvidor
Maurino Medeiros, juntamente com Fábio Freitas e outros membros da
comunidade acadêmica, está propondo a criação da Comissão da Memória e da Verdade da instituição. A proposta será analisada na próxima reunião do Conselho Universitário.
Audiência
Os
quatros depoentes foram convidados (podiam recusar ou solicitar
audiência fechada) e serão acompanhados por dois psicólogos, durantes as
entrevistas. Eles serão interrogados pelos sete integrantes do grupo de
trabalho, podendo a plateia também formular perguntas. “Serão quatro ou
cinco inscrições do público e os entrevistados terão o direito de não
respondê-las”, explicou Fábio Freitas, dizendo que a sessão vem sendo
chamada de As Granjas do Terror, em referência aos locais de tortura.
O
coordenador do grupo de trabalho chamou atenção para a participação da
sociedade nas audiências públicas, especialmente dos jovens e
estudantes. “As pessoas precisam ouvir os que sentiram na pele,
literalmente, as dores desse período de nossa história”, ressaltou Fábio
Freitas, registrando que uma das frases que mais ouvi dos jovens é:
“mas isso aconteceu?”.
Indícios
Tão
logo o relatório da audiência pública da próxima terça-feira seja
concluído, o grupo de trabalho começará a verificar a autenticidade das
informações que chegaram à comissão, sobre o fato de uma casa,
localizada no Centro de Campina Grande, onde hoje funciona uma pizzaria,
ter sido utilizada para a prática de tortura no período da ditadura
militar. “Os indícios são fortes e dão conta que as sessões eram
acompanhadas por um influente médico campinense” adiantou Fábio Freitas,
dizendo que era comum a participação de médicos, pois “ele diziam o
momento de parar, ao examinar a vítima”.
(Marinilson Braga - Ascom/UFCG - 01.08.13)
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