quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PRÊMIO NOBEL DE FÍSICA 2013: HIGGS E ENGLERT


Professores Rudnei (UERJ) e Arthur (CBPF)
 
A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou hoje, 8 de outubro, os ganhadores do Prêmio Nobel de Física do ano de 2013. Foram premiados François Englert - Université Libre de Bruxelles, Bélgica, e Peter Higgs - University of Edinburgh, Reino Unido. Segundo a citação divulgada pela comissão do Prêmio Nobel, Englert e Higgs foram premiados "pela descoberta teórica de um mecanismo que explica a origem da massa das partículas subatômicas, e que foi recentemente confirmado através da descoberta de uma partícula fundamental prevista por esta teoria, pelos experimentos ATLAS e CMS do Grande Colisor de Hádrons do CERN".
Em 1964, François Englert (com a colaboração de Robert Brout - falecido em 2011) e Peter Higgs, trabalhando de maneira independente um do outro, propuseram a teoria que explica o mecanismo pelo qual partículas subatômicas adquirem massa. Em 2012, suas predições teóricas foram confirmadas com a descoberta de uma partícula consistente com o "bóson de Higgs" no laboratório CERN, na Suíça.
A teoria premiada neste ano é um componente central no chamado "Modelo Padrão" da física de partículas - conjunto das teorias das interações eletromagnética, fraca e forte, que descrevem como o mundo é construído. De acordo com o Modelo Padrão, tudo, de flores a pessoas a planetas e estrelas, é formado por apenas alguns blocos elementares: partículas da matéria. Estas partículas da matéria são governadas por forças de interação através da troca de partículas mediadoras, responsáveis por garantir a harmonia no funcionamento do universo.
O Modelo Padrão também se baseia na existência de um tipo especial de partícula: o bóson de Higgs. Esta partícula surge de um campo invisível - campo de Higgs - que preenche todo o espaço. Mesmo quando o universo parece estar vazio, este campo está presente. Sem este campo, nós não existiríamos, pois é a partir do contato com ele que as partículas adquirem massa. A teoria proposta por Englert e Higgs descreve esse processo.
No dia 4 de julho de 2012, no Laboratório Europeu para Física de Partículas - CERN, a teoria foi confirmada com o anúncio da descoberta de uma partícula consistente com o bóson de Higgs. O Grande Colisor de Hádrons (ou Large Hadron Collider - LHC em inglês) do CERN, é provavelmente o equipamento científico mais complexo já construído pelos seres humanos. Duas colaborações científicas, ATLAS e CMS, com aproximadamente 3.000 participantes em cada grupo, conseguiram extrair a assinatura experimental deixada pelo bóson de Higgs dentre bilhões de colisões de partículas produzidas pelo LHC. 
Ainda que a descoberta do bóson de Higgs seja indubitavelmente um grande marco na física de partículas - a última peça que estava faltando para completar o Modelo Padrão - essa descoberta é apenas o início de um rigoroso programa de estudos que procura agora desvendar as propriedades desse novo bóson, e procura também por sinais de uma "física nova" que venha preencher a lacunas que ainda existem na nossa descrição do universo. Essa busca por partículas desconhecidas que possam iluminar ainda mais nossa compreensão sobre o funcionamento do universo é a principal motivação dos cientistas trabalhando no CERN e também de físicos teóricos que dão continuidade ao trabalho feito por Englert e Higgs.
 
Blog rafaelrag com Arthur Marques Moraes do CBPF
 
*Arthur Marques Moraes é pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF.

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