sábado, 23 de março de 2013

Redação do Enem com nota máxima passará por ‘pente fino’, diz ministro

redaçãoAs redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que ganharem nota máxima (1.000 pontos) vão passar por uma banca composta por três professores doutores para fazer um “pente fino” no texto. A novidade foi anunciada ontem, sexta-feifra (22) pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que afirmou que o assunto está sendo discutido por uma comissão de especialistas. A mudança se dá depois da divulgação de que textos com erros de grafia como “trousse” e “enchergar” ganharam nota máxima dos avaliadores no último Enem (veja no vídeo ao lado).
Mercadante confirmou ainda que redações com “deboche” como receita de macarrão instantâneo e hino de clube de futebol vão receber nota zero. Candidatos que no último Enem inseriram receita do miojo e o hino do Palmeiras no texto ganharam notas 560 e 500, respectivamente.


“Para ter nota máxima a redação deverá ir para uma banca com três doutores”, disse Mercadante. “Não basta mais passar só pelos dois corretores. Atualmente existem casos que tem um erro, mas ainda assim é possível ter nota máxima. Agora, a correção será mais exigente.”
Sobre os casos de “deboche” na redação, Mercadante procurou minimizar. “Não vamos pegar seis redações para tentar tirar daí uma tese para 4.170.000 redações. Não há nenhuma amostra estatística que demonstre isso. Ainda assim, nós estamos olhando com cuidado, e avaliando sempre para fazer o melhor.” Segundo ele, o exame ocorre de forma transparente.
Mercadante afirmou que as duas mudanças está sendo discutidas com uma comissão de especialistas. “Na primeira, qualquer brincadeira, deboche não vai ser tratado como inserção indevida, vai ser zero na redação. Segundo: rigor. Na nota máxima, toda redação irá para a banca, que são três doutores.”
Corretores afastados
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirmou que mais de 300 corretores contratados para avaliar as redações do Enem 2012 foram afastados do processo de correção das provas. Em entrevista ao G1, Costa explicou que os corretores foram afastados porque seus supervisores verificaram que eles não cumpriram os requisitos de qualidade.
“Os corretores têm um supervisor que vê a qualidade, nós temos 23 itens de checagem de qualidade. Ele faz checagem, quando não havia jeito, se não estava cumprindo, os corretores que foram retirados”, afirmou o presidente do órgão responsável pelo Enem.
Nesta semana, as redações de dois estudantes levantaram o debate sobre o critério de correção do Enem pela peculiaridade dos textos, que incluíram, no meio da dissertação sobre imigração no século 21, trechos do hino do Palmeiras e de uma receita de miojo. A nota final da prova deles foi 500 e 560, respectivamente –a pontuação vai de 0 a 1.000.
Na edição de 2012 do exame, o número de corretores aumentou em 40%, principalmente porque as regras da correção foram alteradas e previam um aumento no número de redações que passariam por um terceiro corretor.
Segundo Costa, foram contratados 5.692 corretores, 234 supervisores de avaliação, 468 auxiliares e dez subcoordenadores pedagógicos para o processo de avaliar as redações. O número de avaliadores afastados representa menos de 6% do total.
O presidente do Inep negou que os corretores tivessem uma carga de redações acima do ideal para que a correção fosse criteriosa e disse que o preço pago por redação corrigida aumentou de R$ 1,65 para R$ 2,35. “O valor é extremamente coerente com o que se paga em todas as universidades”, afirmou.
Treinamento dos corretores
Para contratar os corretores, Costa afirmou que enviou ofícios a todas as universidades públicas do país pedindo que os reitores das instituições indicassem profissionais formados em letras com experiência no assunto. O diploma de graduação no curso é um requisito obrigatório para que o profissional atue na correção e, segundo o presidente do Inep, a titulação é confirmada nos casos em que o avaliador não é indicado em ofício pelos dirigentes das universidades.
“Muitos corretores são indicados por instituições. Se eu tenho um reitor que me indica, eu tenho total confiança nessa indicação”, afirmou.
Ele disse ainda que todos os avaliadores contratados receberam treinamentos presenciais e à distância durante um período de 100 dias. Antes da data do Enem, eles passaram por dois testes: no primeiro, eles deveriam corrigir redações com temas aleatórios e, depois da realização do Enem, os corretores treinaram a correção de redações com o tema da prova: “Movimento imigratório para o Brasil no século 21″.
1.700 redações por corretor
Já durante a correção oficial, que dura pouco mais de 30 dias, Costa explica que cada corretor acaba cumprindo seu próprio ritmo de trabalho.
Todos recebem, pela internet e a cada 24 horas, um “envelope eletrônico” de 50 redações separadas por um sistema que mistura redações de vários estados e de candidatos da rede pública e da rede privada.
Caso um corretor consiga avaliar as 50 redações com qualidade, ele pode receber um segundo lote dentro desse período de 24 horas. Isso acontece com mais frequência, de acordo com o presidente do Inep, nos primeiros dez dias do período de correção.

3 Comentários.

  • Hugo César Por que só agora? isso só pode ser sacanagem né. E só agora o ministro se pronunciou dizendo q ia zerar redações com piadinhas de mal gosto, sendo q a redação q foge do tema já tinha que ser zerada pelo q diz o edital. Piada não é a redação do miojo. Piada é o MEC.
  • Gustavo Ferreira Esta questão mostra duas coisas: de um lado o MEC querendo dar desculpas baseando-se tardiamente nos avanços das ciências linguísticas; do outro, a população formada numa escola que trabalhava com a língua de maneira ortodoxa, e que agora não consegue lidar com casos simples de variação linguística.

    • Marcelo Felix Lopes Gustavo Ferreira, o que a receita de MIOJO tem a ver com "variação linguistica"???
      Aquilo foi um escárnio e o MEC "engoliu a isca e engasgou-se com o anzol". Isso sim.

      Professor Guto respondeu o seguinte: referi-me às trocas, inaceitáveis pelos ortodoxos da língua (gramáticos puristas), de letras equivalentes, por exemplo: "enchergar" por "enxergar".
      Sobre a receita de miojo inserida na redação do jovem, vejo sim ali uma isca,
      o que comprova a fragilidade do processo do MEC. Aliás, se houvesse realmente investimento maciço na educação nacional, teríamos uma estrutura bem diferente do ambiente escolar que a de hoje: ainda atrelada aos séculos passados, até mesmo na questão linguística (exitem preconceitos pesados sobre o uso da língua, neste ponto, infelizmente ainda não gritamos nossa "independência" quanto a Portugal, apesar de mais de 500 anos).
      Por outro lado, levando em conta o nível de abordagem discursiva dos jovens de hoje (que mais se preocupam em "massetes" mágicos, do que "aprender a aprender"), a redação dele tinha sim um bom nível discursivo. Inclusive, com maestria ele soube inserir o trecho da receita, e em seguida retomar o assunto focado anteriormente.
G1
Blog rafaelrag/focando a notícia

4 comentários:

  1. Comentário do professor Gustavo Ferreira(Guto).

    Esta questão mostra duas coisas: de um lado o MEC querendo dar desculpas baseando-se tardiamente nos avanços das ciências linguísticas; do outro, a população formada numa escola que trabalhava com a língua de maneira ortodoxa, e que agora não consegue lidar com casos simples de variação linguística.

    ResponderExcluir
  2. Hugo César. Por que só agora? isso só pode ser sacanagem né. E só agora o ministro se pronunciou dizendo q ia zerar redações com piadinhas de mal gosto, sendo q a redação q foge do tema já tinha que ser zerada pelo q diz o edital. Piada não é a redação do miojo. Piada é o MEC.

    ResponderExcluir
  3. Marcelo Felix Lopes questiona. Gustavo Ferreira, o que a receita de MIOJO tem a ver com "variação linguistica"???
    Aquilo foi um escárnio e o MEC "engoliu a isca e engasgou-se com o anzol". Isso sim.

    ResponderExcluir
  4. Professor Guto respondeu o seguinte: referi-me às trocas, inaceitáveis pelos ortodoxos da língua (gramáticos puristas), de letras equivalentes, por exemplo: "enchergar" por "enxergar".
    Sobre a receita de miojo inserida na redação do jovem, vejo sim ali uma isca, o que comprova a fragilidade do processo do MEC. Aliás, se houvesse realmente investimento maciço na educação nacional, teríamos uma estrutura bem diferente do ambiente escolar que a de hoje: ainda atrelada aos séculos passados, até mesmo na questão linguística (exitem preconceitos pesados sobre o uso da língua, neste ponto, infelizmente ainda não gritamos nossa "independência" quanto a Portugal, apesar de mais de 500 anos).
    Por outro lado, levando em conta o nível de abordagem discursiva dos jovens de hoje (que mais se preocupam em "massetes" mágicos, do que "aprender a aprender"), a redação dele tinha sim um bom nível discursivo. Inclusive, com maestria ele soube inserir o trecho da receita, e em seguida retomar o assunto focado anteriormente.

    ResponderExcluir