O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirmou que
mais de 300 corretores contratados para avaliar as redações do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2012 foram afastados do processo de correção das provas. Em entrevista ao G1,
Costa explicou que os corretores foram afastados porque seus
supervisores verificaram que eles não cumpriram os requisitos de
qualidade.
“Os corretores têm um supervisor que vê a qualidade, nós temos 23
itens de checagem de qualidade. Ele faz checagem, quando não havia
jeito, se não estava cumprindo, os corretores que foram retirados”,
afirmou o presidente do órgão responsável pelo Enem.
Nesta semana, as redações de dois estudantes levantaram o debate
sobre o critério de correção do Enem pela peculiaridade dos textos, que
incluíram, no meio da dissertação sobre imigração no século 21, trechos
do hino do Palmeiras e de uma receita de miojo. A nota final da prova
deles foi 500 e 560, respectivamente –a pontuação vai de 0 a 1.000.
Na edição de 2012 do exame, o número de corretores aumentou em 40%,
principalmente porque as regras da correção foram alteradas e previam um
aumento no número de redações que passariam por um terceiro corretor.
Segundo Costa, foram contratados 5.692 corretores, 234 supervisores
de avaliação, 468 auxiliares e dez subcoordenadores pedagógicos para o
processo de avaliar as redações. O número de avaliadores afastados
representa menos de 6% do total.
O presidente do Inep negou que os corretores tivessem uma carga de
redações acima do ideal para que a correção fosse criteriosa e disse que
o preço pago por redação corrigida aumentou de R$ 1,65 para R$ 2,35. “O
valor é extremamente coerente com o que se paga em todas as
universidades”, afirmou.
Treinamento dos corretores
Para contratar os corretores, Costa afirmou que enviou ofícios a todas as universidades públicas do país pedindo que os reitores das instituições indicassem profissionais formados em letras com experiência no assunto. O diploma de graduação no curso é um requisito obrigatório para que o profissional atue na correção e, segundo o presidente do Inep, a titulação é confirmada nos casos em que o avaliador não é indicado em ofício pelos dirigentes das universidades.
Para contratar os corretores, Costa afirmou que enviou ofícios a todas as universidades públicas do país pedindo que os reitores das instituições indicassem profissionais formados em letras com experiência no assunto. O diploma de graduação no curso é um requisito obrigatório para que o profissional atue na correção e, segundo o presidente do Inep, a titulação é confirmada nos casos em que o avaliador não é indicado em ofício pelos dirigentes das universidades.
Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep
(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)
“Muitos corretores são indicados por instituições. Se eu tenho um
reitor que me indica, eu tenho total confiança nessa indicação”,
afirmou.
Ele disse ainda que todos os avaliadores contratados receberam
treinamentos presenciais e à distância durante um período de 100 dias.
Antes da data do Enem, eles passaram por dois testes: no primeiro, eles
deveriam corrigir redações com temas aleatórios e, duas semanas antes da
realização do Enem, os corretores treinaram a correção de redações com o
tema “Movimento imigratório para o Brasil no século 21″ que cairia na
edição de 2012.
1.700 redações por corretor
Já durante a correção oficial, que dura pouco mais de 30 dias, Costa explica que cada corretor acaba cumprindo seu próprio ritmo de trabalho.
Já durante a correção oficial, que dura pouco mais de 30 dias, Costa explica que cada corretor acaba cumprindo seu próprio ritmo de trabalho.
Todos recebem, pela internet e a cada 24 horas, um “envelope
eletrônico” de 50 redações separadas por um sistema que mistura redações
de vários estados e de candidatos da rede pública e da rede privada.
Caso um corretor consiga avaliar as 50 redações com qualidade, ele
pode receber um segundo lote dentro desse período de 24 horas. Isso
acontece com mais frequência, de acordo com o presidente do Inep, nos
primeiros dez dias do período de correção.
Edital pode ter novas regras para a redação
Costa afirmou ainda que as regras da correção da prova de redação podem mudar novamente neste ano, incluindo a possibilidade de anular as redações com trechos que caracterizem “deboche”, a exigência de que uma nota 1.000 só seja dada caso o texto não tiver nenhum erro, por menor que seja, e até mudar o sistema de pontuação para que, em vez de uma nota de 0 a 1.000, o estudante seja avaliado por meio de conceitos como bom e ótimo.
Ele afirmou que vai encaminhar à comissão que elabora as regras do
edital uma proposta para estudar a viabilidade técnica de dar nota zero a
uma redação “quando ficar caracterizado que é claramente um deboche, ou
desrespeito aos demais participantes” do exame.
Deve ter nota zero? Eu creio que sim, tenho que separar o joio do
trigo. Só que tenho que fazer isso com muita cautela, porque pode ser
que o estudante de repente tenha um branco, saia do tema, mas faça com
seriedade, e depois volte ao tema. Esse não pode ser prejudicado”
Luiz Cláudio Costa,
presidente do Inep
presidente do Inep
“Deve ter nota zero? Eu creio que sim, tenho que separar o joio do
trigo. Só que tenho que fazer isso com muita cautela, porque pode ser
que o estudante de repente tenha um branco, saia do tema, mas faça com
seriedade, e depois volte ao tema. Esse não pode ser prejudicado”, disse
Costa ao G1, ao afirmar que vai encaminhar a proposta
aos membros da comissão responsável por elaborar o edital do Enem 2013,
previsto para ser divulgado em maio.
Se aceita pela comissão, a mudança poderá render a nota zero a textos
parecidos aos que, no ano passado, tiveram pontuação baixa, mas não
foram anuladas. O estudante de medicina Fernando César Maioto Júnior, de
21 anos, tirou a nota 500 ao escrever um texto sobre imigração que
incluiu trechos do hino do Palmeiras. No segundo caso, o autor da prova,
o estudante de engenharia civil Carlos Guilherme Custódio Ferreira, de
19 anos, acabou avaliado com a nota 560 ao transcrever uma receita de
miojo na redação.
O objetivo dos dois era provar que os corretores não liam as redações
com atenção e, por isso, a nota dos candidatos era aleatória. Luiz
Cláudio, porém, afirmou que a nota de ambos, com penalização similar,
prova justamente que o sistema funciona.
“Nem todo mundo sabe o hino de todos os times do país. Não pode
prejudicar o estudante sério, mas procurar identificar aquele que está
fazendo até em desrespeito aos outros e ao sistema, como já existe hoje
com os impropérios.”
A comissão responsável pelo edital do Enem tem quatro membros do
próprio Inep e quatro membros de outras instituições do país. Costa
explicou que, no Brasil, existem várias correntes e opiniões sobre a
avaliação pedagógica de uma redação, e que o órgão considera os
diferentes argumentos. “Essa discussão técnica é boa. Algumas pessoas
dizem que a nota mil tem que ser assim dessa forma, que pode ter alguns
desvios, mesmo quando estudantes mostram que têm domínio da norma”, diz
ele, citando também outras correntes que defendem que uma redação com
nota máxima não pode ter nenhum erro.
Além disso, ele afirmou que algumas universidades brasileiras
defendem avaliar as redações com conceitos para encaixar os estudante em
categorias de acordo com seu desempenho, como ruim, regular, bom ou
ótimo. “O edital, como nós tivemos do ano passado para esse, é um
sistema em evolução, temos muita humildade para ouvir as opiniões”,
disse.
G1
BLOG RAFAELRAG
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