sábado, 20 de fevereiro de 2016

Sem disciplina, comércio informal invade ruas e calçadas da capital

Transitar pelas ruas do Centro de João Pessoa está se constituindo em uma verdadeira maratona. Por onde você passa o comércio informal, que agora está sobre rodas, toma conta das calçadas e muitas vezes os pedestres têm que seguir pela rua entre os carros para driblar os comerciantes, cuja negociação vai desde alimentação até plantas medicinais, vestuário, peças para fogão, calçados, utensílios para celular, entre os mais diversificados objetos.

Caminhar nas calçadas da Rua Santos Elias, por exemplo, se tornou um verdadeiro caos por conta da disputa entre comerciantes. José Pinheiro sobrevive há 14 anos com a venda ambulante de lanches (café, sucos, bolos e sanduíches). Ele conta que comercializava em uma banca fixa e decidiu partir para o comércio em rodas por conta da fiscalização da Prefeitura Municipal, alegando que hoje não tem um ponto fixo e fica transitando pelas calçadas.

“Eu sobrevivo dessa venda que me dá um lucro de R$ 200,00 a R$ 300,00 por dia e não poderia deixar o meu sustento porque a prefeitura não permite o comércio ambulante fixo, então, não tive outra opção e passei a vender o meu produto em rodas porque assim eles não podem me proibir”, contou o comerciante. Tudo serve de improviso para transportar o seu produto e até mesmo a carcaça de uma velha geladeira serve para colocar rodas e comercializar jaca pelas ruas no Centro de João Pessoa. 

É assim que Pedro do Nascimento Silva garante o sustento de seus familiares. “Eu comercializava confecção em uma banca na calçada do antigo prédio dos Correios e fui proibido de colocar a minha pequena banca. Decidi vender frutas sobre rodas, que foi a única maneira de sobreviver. Tem dias que vendo jaca, manga ou laranja”. Além do comércio dos produtos ambulantes nas calçadas, principalmente nas lojas instaladas nas ruas do Varadouro, carrinhos também disputam no recolhimento de papel ou caixas de papelão.

Espaço para os comerciantes

A Prefeitura de João Pessoa mantém cinco shoppings popular: o Centro de Comércio e Serviços do Varadouro (CCSV), Centro de Comércio de Passagem - CCP, Shopping Terceirão e o Shopping 4&400 e Frutuoso Barbosa. O do Varadouro foi construído em março de 2010 com 410 boxes, praça de alimentação e banheiros e atualmente apenas 300 boxes funcionam com lojas nos mais variados produtos, que vão desde confecção, calçados e até mesmo oficina de eletrodoméstico. Conforme a administradora do shopping, Vanusa dos Santos, alguns boxes na parte do subsolo estão fechados.

Ela conta que muitos comerciantes sobrevivem das vendas e abrem seus boxes de segunda-feira a domingo, sempre no horário das 7h às 18h. Exemplo da sobrevivência no comércio de confecção masculina é Cleide da Silva Costa. Ela está no shopping desde a sua inauguração e conta que sobrevive desse ramo. “Eu vendo confecção masculina no shopping e chego a obter um lucro de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00 por mês, dependendo do período do ano e para garantir as vendas eu abro religiosamente todos os dias o estabelecimento, seguindo o horário estabelecido pela administração”.
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No Shopping 4&400 os comerciantes reclamam e reivindicam diversas ações à prefeitura. Conforme Walmir Batista da Cunha, presidente da Associação dos Lojistas do Shopping, são 283 lojas instaladas comercializando os mais variados produtos mais a praça de alimentação. “O shopping foi inaugurado em 2003 e nós estamos solicitando à Prefeitura Municipal diversas ações, a exemplo da manutenção da instalação elétrica, colocação de câmaras para segurança dos lojistas, entre outras”, argumentou.

Janielle Santos comercializa no Shopping Terceirão, desde a sua fundação em 25 de outubro de 1999, produtos para celular e informática. Conforme ela, as vendas no local garantem o sustento de sua família. “Nós estamos aqui desde a inauguração do shopping. Começou com a minha mãe e hoje eu comando as vendas que chegam a um lucro mensal de até R$ 5.000,00 dependendo da época do ano”. No Terceirão, o cliente encontra muitos produtos importados, a exemplo de tablets, câmera digital, telefone celular, entre outros.

Já os comerciantes instalados no Centro de Comércio de Passagem (CCP), localizado na Lagoa do Parque Solon de Lucena e inaugurado em março de 2006 com o objetivo de abrigar 320 comerciantes informais, reclamam da falta de manutenção. Além do mau cheiro por conta de esgotos transbordando constantemente na calçada, os comerciantes revelam que o lucro não está dando nem para pagar as despesas do shopping. “Aqui nós pagamos tudo, até mesmo para usar o banheiro, então fica difícil sobrevive, porque boa parte do nosso lucro é para pagar o shopping”, alega a comerciante Maria das Graças.

Blog rafaelrag com o Jornal União

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