ADENDO DO BLOG RAFAELRAG. Lula vai ter que pensar melhor quando for falar sobre o mensalão, o ministro do STF, Joaquim Barbosa, está de olho nele.
Joaquim Barbosa (Foto Nelson Jr./SCO/STF)
Joaquim Barbosa (Foto Nelson Jr./SCO/STF)
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, rebateu de forma veemente nesta segunda-feira o comentário indecoroso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento do mensalão. Barbosa afirmou que o petista, ao atacar a credibilidade da Justiça brasileira no julgamento, tem “dificuldade” em lidar com a atuação de um Judiciário independente.
A manifestação do magistrado, que chegou ao Supremo indicado por Lula
e foi relator do processo do mensalão, é a mais contundente desde que o
ex-presidente negou, em entrevista a uma emissora de TV portuguesa, a
existência do maior escândalo político da história do Brasil e acusou o
STF de fazer um julgamento com “praticamente 80% de decisão política e
20% de decisão jurídica”.
“O juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra
qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua
dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um
Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse
nome”, disse o relator do mensalão.
No julgamento do escândalo político, foram condenados os principais
expoentes da cúpula do PT, entre os quais o ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu, o ex-presidente da sigla José Genoino, o ex-presidente da
Câmara dos Deputados João Paulo Cunha e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Também acabaram atrás das grades banqueiros, como a ex-presidente do
Banco Rural Kátia Rabello, e empresários, como Marcos Valério, condenado
por operar o esquema criminoso.
A nota de Barbosa ampliou as críticas feitas às declarações de Lula
ao longo do dia por partidos da oposição. O presidente do Supremo
afirmou que a tentativa do petista de colocar em suspeição o julgamento
da Corte “emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já
indignado com a corrupção e a impunidade e acuado pela violência”.
“A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da
democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente
repúdio. A ação penal 470 foi conduzida de forma absolutamente
transparente”, rebateu o ministro.
De acordo com o magistrado, não faltaram provas para condenar os réus
do mensalão – além de cerca de 600 pessoas indicadas para fornecer
provas testemunhais, houve perícias do Banco Central, Banco do Brasil,
Polícia Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf). “Acusação e defesa dispuseram de mais de quatro anos para trazer
ao conhecimento do STF as provas que eram do seu respectivo interesse”,
disse.
Portal Veja
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