Parabéns.
Jovem de 20 anos faz história no Havaí e se torna primeiro brasileiro a conquistar a taça
POR RENATO DE ALEXANDRINO
RIO - O surfe brasileiro viveu um dia histórico no Havaí. Gabriel Medina fez Pipeline virar o Maracanã e conquistou o título mundial com um desempenho incrível na onda mais famosa do mundo. A confirmação da conquista veio com a derrota de Mick Fanning para outro brasileiro, Alejo Muniz, na quinta fase. Medina seguiria adiante até a final, quando perdeu para Julian Wilson em uma decisão apertada.
— Não sei o que falar. É sensacional. É o melhor dia da minha vida. Amo essa torcida, amo esse esporte e sou muito agradecido pelo trabalho que tenho. Tudo que eu sonhava agora é realidade. Alcancei meu objetivo — disse o emocionado campeão.
O título veio quando Medina já estava na água, pronto para sua bateria das quartas de final. No confronto anterior, Mick Fanning não encontrou as ondas e foi superado por Alejo Muniz. Já na contagem regressiva, com o mar sem ondas, Medina e Alejo se abraçaram, com o novo campeão mundial chorando e parecendo não acreditar no feito. Ele ainda foi abraçado por Fanning.
Medina saiu da água, deixando sua bateria das quartas de final, e foi saudado por uma multidão de brasileiros na areia. Carregado nos ombros, Medina chorava sem parar. Após comemorar, abraçar a família e até mesmo dar entrevistas, Medina voltou para a água e ainda teve tempo de vencer a bateria contra Filipe Toledo, avançando para as semifinais.
Na semifinal, Medina superou o australiano Josh Kerr por 13,60 a 9,43, avançando pela primeira vez para a decisão do Pipe Masters. Gabriel Medina pareceu ter guardado o melhor para a final. Diante de outro australiano, Julian Wilson, o brasileiro pegou um tubo muito longo para Backdoor (a direita de Pipeline) e saiu quando ninguém mais esperava. A nota foi um 10 unânime. Wilson tinha um 9,93 e conseguiu um 9,70 no minuto final. Medina veio na onda de trás em um belo e difícil tubo de Pipeline. Quando todos apostavam na vitória do brasileiro, a nota saiu em 9,20. Vitória de Wilson por 19,63 a 19,20 pontos.
O ÚLTIMO DIA DO PIPE MASTERS
Depois de cinco dias de adiamentos, com Pipeline longe das condições ideais, as ondas enfim apareceram no Havaí, com mais de dois metros de altura, e o Pipe Masters recomeçou. As baterias da terceira fase entraram na água a partir das 7h50 locais (15h50 de Brasília), e a organização adotou novamente o 'dual format', com duas baterias sendo realizadas ao mesmo tempo para acelerar o cronograma.
Aos gritos de "Brasil, Brasil" por parte de torcedores na areia, Gabriel Medina entrou na água pouco antes das 17h para enfrentar o havaiano Dusty Payne. Dusty pegou a primeira onda, com um 4,67 em um tubo para Backdoor (a direita de Pipeline). Medina esperou um pouco mais, mas pegou uma onda da série para a esquerda e, com um belo tubo, tirou um 8,83. Logo depois ele somou um 5,83, abrindo uma boa vantagem. O havaiano reagiu com um 7,17, mas novamente Medina esperou por uma onda boa e, agora para Backdoor, achou outro longo e perfeito tubo para receber outro 8,83, definindo a vitória: 17,66 a 11,84.
- Eu sabia que Dusty era um cara difícil de derrotar. Estava focado no que eu tinha que fazer. Queria fazer meu melhor. Achei duas ondas divertidas lá atrás e estou pensando apenas em surfar - disse Medina.
Na sequência, Mick Fanning teve uma bateria lenta contra o francês Jeremy Flores, demorando mais de dez minutos para pegar sua primeira onda. Jeremy, porém, não aproveitou e teve apenas escores baixos (4 e 3,67). Com três minutos para o fim, Fanning achou um belo tubo para a direita, recebeu um 8,17 e virou a bateria, continuando na briga pelo título.
Na quarta fase, porém, Fanning, em uma bateria somente de australianos, não achou ondas boas e perdeu para Adrian Buchan, caindo para a repescagem e vendo o caminho para o título ficar mais longo. Na repescagem, Fanning foi irreconhecível. Conseguiu apenas duas ondas fracas (1,57 e 1,27) e foi superado por Alejo, dando início ao carnaval brasileiro nas areias havaianas.
— É sensacional essa felicidade dele. Você pode ouvir a torcida. Foi um dia especial para mim também. Tudo que eu queria fazer era talvez ajudar o Gabriel. Estou muito feliz de ser parte disso — vibrou o catarinense Alejo Muniz.
Final:
Julian Wilson 19,63 x 19,20 Gabriel Medina
Semifinais:
1 - Gabriel Medina 13,60 x 9,43 Josh Kerr
2 - Julian Wilson 13,16 x 3,17 Adrian Buchan
Quartas de final:
1 - John John Florence 4,04 x 6,00 Josh Kerr
2 - Gabriel Medina 4,30 x 3,27 Filipe Toledo
3 - Adrian Buchan 12,17 x 3,77 Alejo Muniz
4 - Kai Otton 2,77 x 17,83 Julian Wilson
Baterias da quinta fase:
1 - Michel Bourez 7,00 x 14,00 Josh Kerr
2 - Filipe Toledo 14,66 x 3,84 Owen Wright
3 - Mick Fanning 2,84 x 6,53 Alejo Muniz
4 - Julian Wilson 17,46 x 10,34 Sebastian Zietz
Baterias da quarta fase:
1 - John John Florence (HAV) 6,74, Owen Wright (AUS) 5,93 e Michel Bourez (TAI) 6,40
2 - Josh Kerr (AUS) 4,97, Filipe Toledo (BRA) 15,23 e Gabriel Medina (BRA) 15,67
3 - Julian Wilson (AUS) 6,43, Adrian Buchan (AUS) 6,86 e Mick Fanning (AUS) 6,47
4 - Sebastian Zietz (HAV) 4,54, Kai Otton (AUS) 7,06 e Alejo Muniz (BRA) 1,27
Confira as baterias da terceira fase:
John John Florence (HAV) 16,33 x 12,16 Adam Melling (AUS)
Owen Wright (AUS) 12,20 x 11,17 Freddy Patacchia (HAV)
Michel Bourez (TAI) 9,67 x 7,00 Matt Wilkinson (AUS)
Josh Kerr (AUS) 10,50 x 7,87 Jadson André (BRA)
Miguel Pupo (BRA) 5,17 x 12,17 Filipe Toledo (BRA)
Gabriel Medina (BRA) 17,66 x 11,84 Dusty Payne (HAV)
Kolohe Andino (EUA) 1,40 x 9,40 Julian Wilson (AUS)
Bede Durbidge (AUS) 1,33 x 11,53 Adrian Buchan (AUS)
Mick Fanning (AUS) 10,84 x 7,67 Jeremy Flores (FRA)
Joel Parkinson (AUS) 6,67 x 8,93 Sebastian Zietz (HAV)
Nat Young (EUA) 9,44 x 10,67 Kai Otton (AUS)
Kelly Slater (EUA) 13,10 x 15,50 Alejo Muniz (BRA)
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