Contra o agronegócio, a prova trouxe a agroecologia, bem diferente da propaganda da Globo que diz que o agro é tec e pop. Contra o binarismo biológico do sexo, a prova joga na cara duas autoras lésbicas: Angélica Freitas, de "o útero é do tamanho de um punho", e Natalia Polesso, de "Amora". Além disso, o vocabulário do mundo gay, vindo diretamente do iorubá, expõe que estamos negros, mulheres e gays no mesmo barco da transgressão por ousarmos ser o que somos. Contra o racismo, a prova traz uma questão que, mais do verificar a função da linguagem, expõe os estereótipos e solicita empoderamento. Por que motivo uma questão mostra a produção de Stela do Patrocínio?
Uma negra louca e lindamente poeta a gritar "Eu sobrevivi do nada, do nada...". Por que motivo uma questão traz um poema da "literatura negra" que diz "às vezes sou o policial que me suspeito e o porteiro não me deixando entrar em mim mesmo"? Por quê, me digam?
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Contra o machismo, inclusive instituído pela leitura errônea dos textos sagrados, a prova fez os alunos se depararem com um anúncio de denúncia ao assédio e uma propaganda publicitária da década de 40 que vendia um tônico para mulheres considerando-as de natureza doentia e frágil.
Para coroar, a redação exigia que os candidatos reconhecessem que a internet tem seus mecanismos de manipulação dos usuários, tais como as farms de likes e as fake news compradas. Ah, e não passou despercebida a questão que mostra que esse negócio de brasileiro cordial é uma balela, porque as redes sociais são, na verdade, antissociais, disseminadoras de intolerância e ódio. Contra os idiotas que vociferam contra os direitos humanos, a prova esfrega uma questão que fala da Declaração Universal dos Direitos Humanos e indica seu estudo desde os primeiros anos escolares. Sim, escola deve ensinar o aluno a valorizar os seus direitos e os direitos do outro.
Essa prova foi contra toda a onda conservadora que nos abateu, contra a horda de eleitores que decidiram votar no homem que quase nem gente é e que representa o que de pior somos. Essa prova é para que os bolsominions saibam que não será fácil calar a voz dos educadores.
Enfim, esse foi uma prova que os subversivos, perseguidos e vistos como aberrações devem ter respondido com um sorriso de orelha a orelha, que é o mesmo que sambar na cara da sociedade hipócrita, machista, misógina, racista e cretina. Durmam com essa e aguardem a luta, porque nosso nome é LEGIÃO DE SUBVERSIVOS.
Cláudio Rodrigues.
(Sugestão de Francimar)
Blog rafaelrag
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