A
Universidade tem como missão formar com qualidade indivíduos para a
Sociedade. Em geral, no plano das ciências, as universidades estão à
frente do seu tempo, com descobertas que trazem bem-estar a todos.
Sabemos que, no cotidiano, um grande desafio é equilibrar a balança de
interesses individuais e sociais. Encontrar esse equilíbrio é difícil,
como mostra Norbert Elias em: A sociedade dos indivíduos (1994). Para
Elias, se uma casa não é um amontoado de pedras, um livro não é uma soma
de frases, a sociedade não é a soma de indivíduos. E a universidade não
é a simples soma dos interesses dos que a fazem. Se as partes não
existem sem o todo, como combinar a busca pelo bem-estar individual e a
manutenção da unidade social? Para Elias, o que conta não é a estrutura
das pedras isoladas, mas as relações entre as diferentes pedras com que a
casa é construída - e a relação entre indivíduos e sociedade é dada
pelas relações sociais. Logo, a relação entre a universidade e os que a
fazem é dada por valores como mérito, avaliação, concurso público.
Como harmonizar interesses em uma instituição heterogênea e complexa como a UFPE? Em 2013, três desafios requerem forte atenção: cotas, construção do novo estatuto e gestão do Hospital Universitário. Todos carecem de equilíbrio. A UFPE já alocou 1.250 vagas para estudantes oriundos das escolas públicas. Este número deverá chegar, em quatro anos, à marca expressiva de metade das vagas no vestibular. Sabemos que estudantes das escolas públicas têm bons resultados nas universidades. Mas sabemos que eles possuem um perfil socioeconômico vulnerável. A universidade destina parte substancial de seus recursos a projetos que visem a sua permanência. Bolsas estudantis e tutorias para acompanhar desempenho serão instituídas permitindo boas condições de estudo, para que estes possam bem concluir seus cursos e terem acesso ao mercado de trabalho. Aqui, valores de mérito e expectativas de ascensão social via conhecimento devem ser harmonizadas em benefício de todos.
Um segundo desafio é dotar a UFPE de um estatuto que, ao impulsionar a pesquisa e a formação de qualidade de seus estudantes, coloque a instituição entre melhores do país e a credencie a estar presente no plano internacional. O desafio está em propiciar ampla participação da comunidade, sem perder o foco do objetivo institucional que a sociedade almeja. Por fim, o futuro do Hospital Universitário - fundamental para a assistência, formação e pesquisa - é debatido com a criação, pelo governo federal, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. A maior preocupação é garantir autonomia, interesse público de prestar bons serviços à população, direitos sociais, eficiência gerencial.
A instituição encontra-se preparada para esse debate e tomará as decisões adequadas para fortalecer a educação pública de qualidade que o Brasil precisa para se firmar como nação onde a justiça social seja a referência.
Fonte: Anísio Brasileiro(*), Jornal do Commercio de 19.02.2012
(*)Anísio Brasileiro, reitor da UFPE
BLOG RAFAELRAG
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