Levantamento
do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostra que as vagas
reservadas nas universidades federais para estudantes pretos, pardos e
indígenas cresceram em 2013.
Em
2012, as instituições destinaram 9,5% das vagas para alunos pretos,
pardos e indígenas, participação que saltou para 19,6% este ano. Como
resultado, o número de vagas reservadas a esse perfil de estudante subiu
de 13.392 para 37.028.
As
destinadas a alunos de baixa renda e de escolas públicas passaram de
16.777 para 21.608. Se comparadas, as cotas raciais avançaram quatro
vezes mais que as sociais.
A
Lei 12.711 define que, até 2016, as instituições federais de ensino
devem reservar 50% das vagas para estudantes pretos, pardos, indígenas,
de baixa renda e formados em escolas públicas. O número de cotas para
pretos, pardos e indígenas é estipuladas conforme o tamanho dessa
população em cada estado.
"A
lei federal vence, assim, uma resistência histórica das universidades a
atribuir cotas específicas para pretos, pardos e indígenas e a
suposição de que as cotas sociais seriam suficientes para a inclusão
desses grupos, uma vez que eles pertencem às classes sociais mais
pobres", conclui o levantamento.
"Embora
a política anterior também seja bem-sucedida, ela ainda tinha o desvio
de usar outros princípios de ações afirmativas. Necessitava uma correção
e que todas as universidades adotasse", defendeu o professor de Ciência
Política e participante da elaboração do levantamento, João Feres.
Na
Região Sul, as universidades federais ultrapassaram a meta destinada à
população preta, parda e indígena, com 17,7% das vagas reservadas ante
10,5% previstos até a implantação total da lei. Outras regiões se
aproximaram da meta, mas ainda não a atingiram. O Sudeste reserva 18%,
com a previsão de 22%; e, no Centro-Oeste, a fatia das cotas raciais
está em 24,3%, quatro pontos atrás dos 28,5% esperados.
No
Norte e no Nordeste, onde a população preta, parda e indígena é maior,
as metas ainda estão mais longe de serem cumpridas. Enquanto na primeira
região ainda é necessário avançar de 17% para 37,8%, na segunda, a taxa
precisa crescer de 21,6% para 34,8%. Apesar disso, os percentuais das
cotas raciais esperados para este ano, com a aplicação gradual da lei,
foram superados em todas as regiões.
Para
Feres, é preciso garantir agora o fechamento do ciclo, com a matrícula e
a permanência dos estudantes nas universidades. "O importante é a gente
ver se de fato as pessoas estão se matriculando e se o ciclo se fecha,
porque esse estudo mostra as vagas oferecidas, mas não mostra se elas
foram preenchidas ou não".
O
levantamento aponta ainda que as cotas reservadas nas universidades
federais com conceito 3, dentro do Índice Geral de Cursos das
Instituições (IGC), passaram de 9,1% para 25,3%, de 2012 a 2013. As
instituições com conceito 5 vêm logo depois, com uma evolução de 18,3%
para 27% do total de vagas. As com conceito 4, que são maioria, saltaram
de 24,5% para 32,2%.
O índice de cursos prevê uma escala de notas de 1 a 5, sendo 1 e 2 considerados insatisfatórios.
Em
relação às vagas destinadas para alunos pretos, pardos e indígenas de
2012 para 2013, o percentual subiu de 8,8% para 13,9% do total de vagas
entre as universidades de conceito 5, o menor registrado. As
universidades com conceito 4 saltaram de 10,2% para 20,3%. As com
conceito 3 foram as que mais evoluíram: de 6,7% para 20,5%, assumindo a
primeira posição.
"As
universidades com conceito cinco eram as mais resistentes a adotar
qualquer tipo de ação afirmativa. Como foram obrigadas, elas partiram do
pouco e criaram só o que a lei manda, enquanto as de conceito quatro
partem de patamares mais altos e criam até mais", explica João Feres.
A
situação praticamente se inverte quando analisadas as cotas para alunos
de escolas públicas e de baixa renda. As universidades com conceito 3
elevaram o percentual de 2,3% para 4%, enquanto as com conceito 4
reduziram a participação, de 14,1% para 11,4%. As universidades com
conceito 5, neste caso, foram as que mais aumentaram o número de vagas,
de 9,6% para 13%.
(Agência Brasil)
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