O Senado Federal foi palco, nesta segunda-feira, de uma sessão solene que celebrou o legado de mentes brilhantes da física brasileira e reforçou a importância do investimento contínuo em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) para o desenvolvimento do país. Proposta e presidida pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), a solenidade reuniu autoridades, pesquisadores e representantes de instituições-chave para debater os desafios e as perspectivas da ciência nacional.
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A mesa de honra contou com a presença de Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Rodrigo Capaz, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF); Vincent Dang, diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (Incaer); Alexandre Rabello de Faria, diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil (DGDNTM); e Débora Peres Menezes, diretora de Avaliação de Resultados e Soluções Digitais do CNPq.
João Paulo Sinnecker | Crédito: Geraldo Magela - Agência Senado
Legado e Inspiração
O senador Marcos Pontes destacou o impacto de personalidades como os fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) – Cesar Lattes, José Leite Lopes e Jaime Tiomno – físicos brasileiros que, com suas contribuições, projetaram o Brasil no cenário internacional. Seu discurso enfatizou a aplicação consistente e adequada de investimentos em CT&I como fator diferenciador de países desenvolvidos. Estratégico, seu fomento é crucial para a retenção de cérebros e uma oportunidade ímpar para inspirar novas gerações a se dedicarem à ciência.
Desafios e Propostas para o Futuro
Ricardo Galvão (CNPq) abordou os problemas enfrentados pela ciência brasileira, ressaltando a importância das colaborações internacionais. Ele defendeu que a "semente da ciência tem que ser colocada na alma do jovem" e propôs iniciativas como a oferta de bolsas para o ensino médio e a restituição do prêmio Jovem Cientista, além de uma política firme de proteção a tecnologias como as terras raras.
Débora Peres Menezes (CNPq), representando a Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (SEPPE/MCTI), trouxe a física para o cotidiano, exemplificando sua presença em exames médicos e energias renováveis. Reforçou a importância do investimento em ciência básica e destacou o diminuto número de profissionais que lecionam física no país. Menezes também homenageou as mulheres na física, entre elas Elisa Frota-Pessoa e Elisa Baggio-Saitovitch – fundadora e pesquisadora emérita do CBPF, respectivamente. Encerrou sua fala com a inspiradora frase de Marie Curie: "Na vida não há nada a temer, mas a entender. E para isso, a física é a mais nobre das ciências."
Rodrigo Capaz destacou a missão da SBF e a presença, muitas vezes silenciosa, mas constante, da física como base do progresso tecnológico. Ele expressou apreensão com as mudanças no ensino de física no ensino médio e a importância do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
João Paulo Sinnecker, vice-diretor do CBPF, também foi convidado a um momento de fala. Enfatizou que a ciência está intrinsecamente relacionada à cidadania e sublinhou o papel central dos físicos no ecossistema de pesquisa. Defendeu que reforçar o MCTI e suas unidades vinculadas é investir na inteligência estratégica do país.
“São ações como esta — de reconhecimento público e diálogo institucional — que ajudam a ampliar a consciência da sociedade e dos formuladores de políticas públicas sobre a importância de apoiar a ciência nacional, não apenas em princípio, mas também por meio do aumento progressivo dos recursos destinados à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação”, concluiu Sinnecker.
Sessão especial Dia do Físico Crédito: Edilson Rodrigues - Agência Senado
Votos de Louvor In Memoriam
A solenidade também prestou uma homenagem a expoentes que construíram pontes entre o Brasil e o mundo. Foram concedidos Votos de Louvor In Memoriam a Ronald Cintra Shellard (1948-2021), ex-diretor do CBPF e Rogério Cesar de Cerqueira Leite (1931-2024), pesquisador emérito do CNPq.
A honraria ao ex-diretor do CBPF reconheceu “a sua inestimável contribuição à ciência brasileira e ao fortalecimento da física de altas energias no país”. Shellard também foi destacado como um dos principais articuladores do ingresso do Brasil como membro associado ao CERN, decisão consolidada em março de 2024. Assinaram como testemunhas João Paulo Sinnecker e o senador Astronauta Marcos Pontes.
Assista à celebração: https://www.youtube.com/watch?v=fiVdlmBNZK8
Categoria
Ciência e Tecnologia
Blog rafaelrag
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