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A
multidão se concentra diante da sede da Prefeitura para o "chupinazo"
-- o lançamento do rojão que dá início a 8 dias da Festa de San Fermín
(Foto: AP)
É uma das mais antigas e maiores festas populares da Espanha – a
Festa de San Fermín (São Firmino), em Pamplona, capital da região de
Navarra: oito dias de perigo, alegria, bebedeiras que nada,
absolutamente nada ficam a dever a um carnaval de rua da pesada e,
também, ultimamente, de agressões sexuais contra garotas.
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O
"encierro" -- o caminho que os touros fazem em disparada em meio a
centenas de pessoas que se arriscam -- termina na arena (Foto: Reuters)
Uma tradição que remonta ao século XII, a famosa festa tem como principal atração os célebres encierros,
as corridas de touros bravos por uma rua da cidade que desemboca na
arena e durante a qual centenas de pessoas, em geral jovens, envergando
trajes brancos e lenços vermelhos no pescoço, se misturam aos animais,
provocando-os.
Feridos e mortos são uma rotina.
Paralelamente aos encierros e às touradas, Los Fermines, como os espanhóis denominam os festejos, há festas e bebedeira por toda parte — nas peñas taurinas,
espécies de clubes de aficionados às touradas, nos bares superlotados,
nas ruas. Dia e noite, com dezenas de milhares de pessoas participando.
A festa deste ano, que começou no domingo passado e termina no
próximo domingo, foi a que até agora mais provocou polêmicas nas redes
sociais pelos abusos sexuais contra garotas, que, no meio da multidão,
não raro vêm tendo suas roupas rasgadas e arrancadas para serem
agarradas e apalpadas por dezenas de mãos.
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Sobre
os ombros de um amigo, a garota é molhada com vinho, tem suas roupas
arrancadas e é assediada por uma multidão de jovens (Foto: forovogue.es)
Evidentemente, quando há milhares de pessoas reunidas numa festa, a
maioria jovens, é grande o afluxo de turistas ávidos por aventuras e o
vinho corre solto, em muitos casos garotas exibicionistas arrancam a
blusa ou despem-se por completo à luz do dia. Mesmo assim, uma série de
entidades de defesa dos direitos da mulher reclama, com razão, que isso
não concede a ninguém o direito de acossá-las da forma selvagem como tem
ocorrido.
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Há
as exibicionistas, que tiram a camiseta ou mesmo a roupa toda na
euforia da festa. Mas -- lembram líderes de organizações de direitos das
mulheres -- isso não quer dizer sinal verde para que sejam acossadas e
tenham o corpo apalpado (Foto: AFP)
“Uma garota tirar a camiseta por sua iniciativa no meio da festa é um
ato voluntário”, diz Olga Aroz, da plataforma “Mulheres contra a
Violência Sexista”. “O que já não é um ato voluntário é que a toquem sem
seu consentimento”.
“Reprovamos toda conduta que vá contra a liberdade, e em especial a
liberdade das mulheres”, afirma María Jesús Vicente, diretora de
Igualdade da Prefeitura de Pamplona.
Em festas passadas, já houve casos de estupros e agressões físicas
violentas a mulheres. Este ano, a polícia deteve várias pessoas
envolvidas nesse tipo de ocorrência, mas ainda não há números oficiais
consolidados.
As autoridades locais pedem às pessoas que se sentem ofendidas para
denunciar os agressores, mas as ONGs de direitos das mulheres afirmam
que as denúncias correspondem a uma parcela mínima dos incidentes
efetivamente ocorridos.
A cadeia de TV LaSexta emitiu um vídeo com várias cenas capturadas
durante a festas, em várias dos quais rapazes arrancavam a roupa das
garotas apesar da resistência delas. Assista ao vídeo neste link.
Blog rafaelrag com Veja
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