Adendo do blog rafaelrag. Os vereadores ao invés de fiscalizar os atos administrativos do prefeito, eles estão mais preocupados em fazer uma média com a população para garantir sua reeleição. Será que os vereadores merecem receber mais do que um professor?
Em sessão tumultuada, a Câmara de vereadores do município cearense de Juazeiro do Norte aprovou projeto que reduz os salários dos professores.
Na tabela do Ministério da Educação, o piso nacional da categoria é de
R$ 1.567. Os contracheques de Juazeiro, que incluem gratificações,
chegam a R$ 2.193. Com a aprovação do projeto, os professores amargarão
perda mensal de cerca de R$ 600.
A proposta prevaleceu por 12 votos a quatro. Houve três
abstenções. A sessão ocorreu na quinta-feira (6 de junho). Os vereadores
tentavam deliberar desde terça. Em pé de guerra, os professores
conseguiram derrubar um par de sessões. O desfecho exigiu reforço
policial.
Ainda assim, os vereadores não se livraram do tumulto. Deliberaram sob
vaias e agressões verbais. Para conter os manifestantes, a polícia
recorreu ao cassetete e ao spray de pimenta. Vencidos, os professores
prometem cruzar os braços. A proposta de redução dos vencimentos vinha
sendo debatida há 15 dias.
A iniciativa partiu da prefeitura. O prefeito chama-se Raimundo
Macedo (salário de R$ 25 mil). Filiado ao PMDB, ele foi eleito com o
apoio do PT. Coube ao líder do governo na Câmara, Nivaldo Cabral
(salário de R$ 10 mil), do DEM, fazer a defesa da lâmina. Disse que o corte nos vencimentos dos professores é imperioso porque a folha da prefeitura tornou-se “inviável”.
O presidente da Câmara, Antônio de Lunga (R$ 10 mil por mês), do PSC,
dirigiu os trabalhos com pulso firme. Governista, não hesitou em bater
boca com representantes da oposição ultraminoritária. O prefeito Raimundão, como é conhecido, ainda não comentou sua vitória. Ele está no estrangeiro.
Raimundão viajou na semana passada para a capital dos Estados Unidos.
Junto com outros prefeitos cearenses, foi participar de evento do Banco
Interamericano de Desenvolvimento. Ao desembarcar em Washington, o
prefeito foi retido na alfândega. Suprema ironia: carregava mais do que os US$ 10 mil permitidos pela legislação americana. Teve de se explicar.
A assessoria de imprensa de Raimundão disse que ele passou por “rápido”
interrogatório. Coisa de 20 minutos. Depois, foi liberado. Informou-se
em Juazeiro que o prefeito levava nos bolsos algo como US$ 11 mil. Nessa
versão, teria excedido o limite legal em US$ 1.000. Dinheiro para
compras, alegou-se.
O contratempo alfandegário do prefeito não é a única ironia a tisnar a cena de Juazeiro. Há
pouco mais de um mês, em 27 de abril, os mesmos vereadores que
reduziram os contracheques dos professores haviam aumentado de dois para
três meses o período de recesso do legislativo municipal. Fizeram isso sem cortar os salários (R$ 10 mil, em cifras aprovadas no ano passado).
Blog rafaelrag com Josia de Souza
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