O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF na
sexta-feira (7 de fevereiro de 2014) sua manifestação final sobre o processo do mensalão
tucano de Minas Gerais. Na peça, pede aos ministros da Suprema Corte que condenem o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a 22 anos de prisão por
lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público).
A
encrenca do tucanato veio à luz no mesmo inquérito policial que enroscou
o PT e seus aliados, em 2005. São inúmeras as coincidências entre os
dois casos. Os mesmos personagens –Marcos Valério e seus sócios— a mesma
instituição financeira –Banco Rural— e os mesmos métodos –empréstimos
fictícios urdidos para dar aparência legal a verbas desviadas de cofres
públicos.
Conforme já noticiado
em outubro do ano passado, o STF deve aplicar ao caso tucano a mesma
severidade com que julgou os envolvidos no escândalo petista. Atual
relator do processo, o ministro Luis Roberto Barroso tem pressa para
submetê-lo ao plenário. Com a colaboração dos deuses dos tribunais, o
PSDB será cobrado agora, em pleno ano eleitoral, pelo crime da omissão.
Quando
o escândalo veio à tona, Azeredo era senador. Presidia o PSDB federal.
Recebeu dos correligionários afagos, solidariedade e proteção. O
tucanato estava tão ocupado em livrar o país dos mensaleiros petistas
que nem teve tempo de higienizar o próprio umbigo. Os indícios eram
eloquentes. As desculpas, tão esfarrapadas quanto as do PT: foi apenas
caixa dois e Azeredo não sabia.
Parafraseando Dostoievski —se Deus
não existe tudo é permitido—, que foi parafraseado por Nelson Rodrigues
—se Vinicius de Moraes existe tudo é permitido—, pode-se dizer: se o
olimpo do PSDB convive com a suspeição por 14 anos sem tomar nenhuma
providência, nem mesmo uma cara de nojo, é porque considera tudo
explicitamente permitido, inclusive a hipocrisia.
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