sábado, 31 de março de 2012

Mulheres reafirmam vantagens no uso do preservativo feminino

POR QUESTÃO CULTURAL A MAIORIA DAS MULHERES NÃO ACEITA A CAMISINHA FEMININA

A partir do próximo mês de maio, o Ministério da Saúde iniciará a distribuição do primeiro lote dos 20 milhões de preservativos femininos adquiridos pelo Governo. Entre muitas resistências que ainda são obstáculos para o uso popular do meio contraceptivo e preventivo às Doenças Sexualmente Transmissíveis, grupos feministas defendem a camisinha feminina como mais uma forma de autonomia para as mulheres.
Um exemplo desses grupos é a Rede Feminista de Saúde de Pernambuco (RFS-PE). Gigi Bandler, representante da Rede e do grupo Loucas da Pedra Lilás, em entrevista a Adital, fez críticas ao Governo em relação à demora pela aquisição dos produtos. “É uma ótima notícia, pois o custo desse tipo de preservativo é muito alto. É de preço proibitivo para o SUS [Serviço Único de Saúde], mas seria uma grande vantagem para o planejamento reprodutivo. Em nosso país, há a carência de campanhas sobre todos os métodos. A notícia dessa distribuição deve ser divulgada, pois esse preservativo é um método de barreira à gravidez e às DSTs bem como de controle corporal. Há muito já esperava a realização dessa campanha que é uma obrigação do próprio Governo. Contudo, mais do que o custo, ainda falta o ensinamento para o uso”, disse.
Pouco utilizada e cercada de tabus, a camisinha feminina é tão eficaz quanto a versão masculina na prevenção às DSTs. E pode ser uma aliada das mulheres que se sentem constrangidas ao pedirem que seus parceiros coloquem o preservativo. Além de ser um símbolo de autonomia feminina, mostra que é possível se proteger independente da iniciativa do seu parceiro.
Quanto à postura dos profissionais da área de saúde, Gigi Bandler analisou: “Estes devem seguir uma postura educativa sobre a camisinha feminina. Ela requer preparos e deve ser advogada em um momento educativo, de responsabilidade do SUS para com as usuárias. Porém, uma das maiores barreiras é o não-conhecimento da mulher com o seu corpo. O uso dessa camisinha requer preparos e expressa esse conhecimento corporal. Ainda há a necessidade de profissionais que estejam sensibilizados a essa questão.”
A respeito da resistência para o uso do preservativo feminino, Gigi respondeu: “Há, sim, uma resistência ao uso. As mulheres, em sua maioria, mesmo sem experiência dizem que a camisinha é difícil de colocar, que não presta. Isso é um preconceito cultural devido ao fato de aproximar as mulheres do seu próprio corpo, um processo historicamente negado a elas, pois viviam na condição de submissão aos homens”.
Entre as vantagens do uso da camisinha feminina, Gigi também comentou que esta é feita de um látex mais fino do que a masculina, portanto gera um conforto maior além de deixar a mulher mais protegida. “Muitos dos métodos contraceptivos geram efeitos colaterais e lançam no corpo da mulher uma forte carga hormonal. Por causa dessas dificuldades, as mulheres procuram os métodos definitivos. Porém, o preservativo feminino é bastante saudável, além de eficaz.”
Outros fatores que levam as mulheres ao uso de métodos definitivos e à rejeição de métodos contraceptivos de elevadas cargas hormonais, segundo a entrevistada, é o medo que estas têm de engordar, de terem sua libido diminuída e também de sentirem náuseas. Aquelas que têm saúde debilitada e são fumantes não são indicadas ao uso desses métodos, pois são utilizados muitos hormônios em sua composição.
A população feminina também sofre preconceito e restrição ao uso desse tipo de preservativo principalmente pelos seus parceiros. “Em sua maioria, [eles] têm preconceito pelo fato de não terem preparo para manusear. Também há a desculpa de não obterem prazer na relação. Por não quererem se responsabilizar pelo corpo delas, os parceiros entram em conflito. Com o preservativo feminino, as mulheres se responsabilizam pelo seu corpo e têm domínio sobre ele.”, concluiu Gigi.
De acordo com o Ministério da Saúde, de 1997 até 2011, foram distribuídos 16 milhões de preservativos femininos para os 26 estados e o Distrito Federal. A nova aquisição representa um volume 25% maior do que a quantidade já distribuída no país.
Rede Feminista de Saúde de Pernambuco (RFS-PE)
A Rede incentiva o cuidado e o conhecimento do corpo feminino pelas mulheres e promove a ideia de que o uso desse tipo de preservativo as encaminha para uma superação de preconceitos pessoais e masculinos.
Adita

Blog rafaelrag

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