BANJUL - O chefe de Estado de Gâmbia, Yahya Jammeh, no poder há 22 anos, admitiu a derrota na eleição presidencial de quinta-feira para o candidato de uma coalizão da oposição do Partido Democrático Unido (UPD), Adama Barrow, anunciou ontem, sexta-feira, 2 de dezembro, o presidente da Comissão Eleitoral, Alieu Momar Njie.
— É verdadeiramente excepcional que alguém que dirigiu o país por tanto tempo tenha aceitado a derrota — afirmou Njie pouco antes do anúncio oficial dos resultados.
A televisão pública de Gâmbia confirmou à AFP que Jammeh deve felicitar Barrow imediatamente.
De acordo com os primeiros resultados anunciados pela Comissão Eleitoral, Barrow teria vencido no conjunto das circunscrições de Banjul, com 49,67% dos votos, à frente de Jammeh, com 42,64%, e de Mama Kandeh, ex-deputado e candidato por um novo partido, com 7,6%.
Yahya Jammeh, que tentava o quinto mandato, chegou ao poder com um golpe de Estado em 1994. Foi eleito pela primeira vez em 1996 e reeleito desde então a cada cinco anos.
Grande desconhecido para a maioria da população de 1,8 milhão de habitantes, Barrow, de 51 anos, emigrou para Londres em 2000, onde trabalhou como vigilante privado. No retorno ao país, entrou para o ramo imobiliário com grande êxito. Depois, enveredou pela política, convencido da necessidade de democratizar o país.
Após a derrota, não ficou claro se Jammeh havia requirido algum tipo de imunidade para acusações contra ele. O ditador havia anunciado a retirada do país do Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmando ser uma “infame corte caucasiana”.
— Barrow vai impedir a saída do país do TPI. E também vai anular a determinação de Jammeh de que a Gâmbia seja uma República islâmica — afirmou Karamba Touray, porta-voz do UPD, em relação ao país de maioria muçulmana, mas com uma importante minoria cristã. — Barrow quer que a Gâmbia permaneça secular.
Gâmbia sofre com o alto índice de desemprego e a falta de liberdade de expressão, após Jammeh ter liderado um governo autoritário. Mesmo com a troca de liderança, ainda deverá demorar para que o país veja mudanças práticas. No entanto, a chegada de novos tempos já é motivo de esperança, sobretudo, para ativistas, defensores dos direitos humanos e dissidentes do grupo de Jammeh.
Blog rafaelrag com G1
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