sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O MITO E A FILOSOFIA

Adendo do blog rafaelrag. Para quem estuda Física, a filosofia da ciência é muito importante para facilitar a aprendizagem significativa crítica, principalmente a Física moderna baseada na teoria da relatividade para o mundo visível, de grande escala,  de Einstein e na mecânica quântica que governa o mundo invisível, de pequena escala, por Niels Bohr, Werner Heisengerg, Schrödinger, Feynman, Dirac, entre outros. 
O mito e a filosofia possuem uma relação de complementariedade. Platão, por exemplo, utilizava em seus escritos alguns conceitos vindos do pensamento mitológico. (Imagem: Wikimedia Commons)

Saberes que buscam o conhecimento do mundo

Embora sejam vistos como opostos, o mito e a filosofia possuem a mesma finalidade: explicar a origem do mundo e as causas que levam as transformações ou repetições das coisas. Contudo, os caminhos que percorrem para tal que trazem as suas diferenças.

Enquanto a filosofia baseia-se na razão e lógica para embasar os estudos e reflexões sobre a existência humana, o conhecimento, os valores morais e estéticos, e os pensamentos, o mito recorre a esclarecimentos apoiados em crenças e narrativas atreladas aos fenômenos da natureza para compreender a origem das coisas.

Apesar dessas distinções, acredita-se que o surgimento da filosofia na Grécia Antiga, no final do século VII antes de Cristo, também foi possível – além das condições econômicas, sociais e políticas vivenciadas na época – em virtude dos questionamentos diante da mitologia e substituição por argumentos racionais.

Para o entendimento dessas vertentes que buscam desvendar origens, é importante saber as definições sobre o mito e a filosofia. Conheça, a seguir, como cada um é formulado.

O que é mito?

A palavra mito vem do grego mythos, que deriva de dois verbos: mytheyo, que significa contar, narrar, e mytheo, que remete à conversar, contar, anunciar. De acordo com essa significação, é uma narrativa que tenta explicar os acontecimentos e fenômenos da natureza. Essa é a forma de pensamento que depende da autoridade e credibilidade do poeta-rapsodo – pessoa escolhida pelos deuses para ter conhecimento sobre a origem de todos os seres e coisas, e transmiti-las ao público.

O mito então é considerado verdadeiro, incontestável e inquestionável pelo fato de ser uma revelação divina. Por isso, os relatos sobre o surgimento do mundo e de tudo que nele existe é sempre atrelado a determinadas situações, como nascimento dos deuses, rivalidades e alianças entre as divindades, ou o envio de recompensas ou castigos para a humanidade.
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A narrativa da origem das coisas através de lutas, relacionamentos e acordos entre as forças divinas que governam o destino dos homens ainda classifica os mitos em:

Cosmogonias: narrativas em relação ao surgimento e organização do mundo a partir do nascimento dos deuses e do poder dos seus geradores (pai e mãe).
Teogonias: histórias sobre a origem dos deuses a partir dos seus antepassados e pais.

Como surgiu a filosofia?

A filosofia, definida por Pitágoras como o “amor pela sabedoria”, é um campo do conhecimento que surgiu para contrapor o pensamento mítico predominante na Grécia e que serviu como base para o seu desenvolvimento. Com o passar do tempo, as histórias centralizadas no nascimento e vida dos deuses deixaram de satisfazer os homens, que então começaram a buscar um conhecimento racional, sistemático e lógico para responder os questionamentos diante da existência da vida e de tudo que há no mundo.

A transição de narrativas divinas para os discursos filosóficos aconteceu de forma progressiva e motivada pelos seguintes fatores históricos:

Início das navegações marítimas: as viagens permitiram aos gregos a ruptura na concepção de que o mundo era habitado por deuses, titãs ou heróis. Os mitos sobre os monstros e seres sobrenaturais que controlavam os mares foi dando lugar a descoberta de novas civilizações e a necessidade de um entendimento em relação às suas origens.

Invenção do calendário e da moeda: avanços que possibilitaram o cálculo do tempo, como as horas, minutos do dia e as estações do ano, e o começo das trocas de mercadorias com base em valores previamente estipulados.

Criação da escrita alfabética: marcou a substituição dos desenhos por sinais que representavam as letras, sílabas e vogais, permitindo os registros de todas as ideias.

Nascimento da política: as discussões sobre as formas de organização e funcionamento da sociedade criou condições para o surgimento das leis e, posteriormente, dos sistemas de governo, a exemplo da democracia. Os pensamentos gerados pela política foram de grande importância para a construção da filosofia.

Distinções entre o mito e a filosofia

Como vimos, o mito e a filosofia se aproximam na questão da finalidade, mas apresentam significativas diferenças. Entre elas, encontram-se:

O mito explica a origem do Universo e dos seres por meio das relações ou rivalidades entre as divindades, enquanto a filosofia como o resultado de causas naturais, racionais e impessoais.
A narrativa mítica não se preocupa com as incoerências, pois a crença na história é determinada pela autoridade divina do seu porta-voz. Já a filosofia não admite contradições e exige respostas formuladas racionalmente. O pensamento é colocado em análise, passa por discussões e demonstrações, até ser comprovada a sua veracidade.

Blog rafalerag/educamaisbrasil

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