Música, séries de TV, publicidade, roupas, apps e livros. A língua inglesa está inserida em quase todos os aspectos da vida dos jovens brasileiros. Para quem duvida disso, é só lembrar os momentos do dia em que o idioma se faz presente: ao dar play no serviço de streaming pelo smartphone, ao usar o Instagram para fazer “stories”, ao abrir um site, escolher um “look” para usar, ler um e-book ou comer fast food.
Mesmo assim, alguns ainda se sentem pouco íntimos da língua, principalmente nos momentos de avaliação em provas. Um dos motivos para essa barreira é a maior dificuldade com a gramática, algo que pode se estender até o Ensino Médio e influenciar a nota do Enem.
Para Ana Paula Cruz, gerente do departamento pedagógico da Yes! Idiomas, um dos erros mais graves cometidos pelos estudantes no aprendizado de inglês é estabelecer relações inexistentes entre a língua materna e o idioma estrangeiro.
— Muitos alunos costumam fazer associações entre o inglês e o português, mas as duas línguas têm estruturas bem diferentes. O português é bem mais difícil. É comum as pessoas se confundirem com o uso de verbos auxiliares ao tentar aplicar as regras de um idioma em outro — pontua Ana Paula.
10 erros comuns no uso do inglês
Omissão do sufixo “s” na terceira pessoa do singular
O verbo “did” fica sempre antes do sujeito em interrogativas
Phrasal Verbs: as preposições podem alterar o significado de cada verbo
Large x Largo: “large” significa grande em inglês, e não largo
Pretend x Intend: “To pretend” significa fingir, enquanto “To intend”, pretender
Actually x Nowadays: os dois termos têm sentidos diferentes
Private x Particular: “Particular” indica algo específico, enquanto “Private” significa algo particular
Troca do pronome pessoal: “he” refere-se sempre a “ele”, enquanto “she” a “ela”
Present Perfect x Past Perfect: “have” e “has” à frente do sujeito sinalizam Present Perfect
Artigo antes de adjetivo: só é possível quando o adjetivo está acompanhado de substantivo
Ana Paula lembra que é comum a dúvida no uso da letra “s” em verbos que concordam com a terceira pessoa do singular. Por exemplo, a frase “She likes to play games” é frequentemente escrita com omissão do “s” (“She like to play games”), o que está incorreto. Na terceira pessoa do singular (“he”, “she” e “it”), usa-se o sufixo “s” ou “es” para o verbo principal. Ou seja, “He watches TV every week”, e não “He watch TV every week”.
Verbos em frases interrogativas também são motivos de incerteza, segundo a educadora. Nesse caso, usa-se o verbo auxiliar “did” (passado de “do”) sempre antes do sujeito. Exemplo: “Did you like it?” ou “Where did she go?”. Isso rende problemas porque as perguntas não precisam ter a ordem alterada em português. Assim, “Ela foi ao parque.” e “Ela foi ao parque?” estão corretas. Em inglês, porém, é necessária a alteração. “She went to the park” corresponde à interrogativa “Did she go to the park?”.
Ana Paula Cruz ressalta ainda que os grandes vilões para quem tem dificuldades com a gramática do inglês podem ser os “phrasal verbs”, verbos com o sentido completamente modificado de acordo com a preposição que os acompanha:
— Os phrasal verbs, ou seja, o verbo com uma preposição, são muito complicados porque exigem exemplos em mente para cada caso, como “put”, “cut” e “get”. Esses são verbos que tomam significados bem diferentes a partir de cada preposição, como em “get up” [levantar-se], “get away with” [se safar] e “get to” [chegar a].
Alguns conceitos simples, no entanto, podem deixar muitos alunos em dúvida. A tradutora Luciana dos Santos foi professora de inglês por mais de 10 anos e lembra que assuntos do nível básico confundem até alunos avançados, como a troca de pronomes pessoais.
— A confusão entre “he” [ele] e “she” [ela] é mais comum do que as pessoas imaginam. Quando os alunos estão aprendendo uma língua, tudo é diferente, dos fonemas à grafia. É normal que muitos desses tópicos confundam, mesmo após alguns meses de estudo — ressalta Luciana.
Outro conceito do inglês que a tradutora considera fonte de problemas é a dificuldade para diferenciar tempos verbais. Enquanto o present perfect diz respeito ao passado com influência no presente, o past perfect é o passado totalmente resolvido. Uma dica é perceber que, quando “has” e “have” estão à frente, trata-se do present perfect. Por exemplo, “I have had so many jobs” indica um passado que faz parte do presente, enquanto “I had so many jobs” sugere um passado concluído.
Há ainda outro motivo de dor de cabeça para os estudantes, de acordo com Ana Paula Cruz. Os “false friends”, ou “falsos amigos”, confundem quem está aprendendo o idioma.
Como o nome já indica, “falsos amigos” são termos entre duas línguas que enganam. Eles têm grafias parecidas, mas significados completamente diferentes, como “large” e “largo”.
pesar de ser quase idêntica, a palavra em inglês se refere ao tamanho grande, e não à largura de algo.
Quase sempre em tom de pegadinha, alguns falsos cognatos já foram cobrados no vestibular e até no Enem. Ao argumentar sobre a importância de conhecer os “false friends” e outros segredos do tipo, Ana Paula Cruz lista várias situações similares onde os alunos mais tropeçam:
— “Pretend” [fingir] e “intend” [pretende] são muito confundidos, assim como “actually” [na verdade] e “nowadays” [hoje em dia]. Além disso, as palavras “private” [particular] e “particular” [específico] são palavras campeãs em fazer os alunos errarem. São temas difíceis, claro, mas com boa fixação, exercícios e professores competentes, é possível ter essas imagens em mente.
Segundo Luciana dos Santos, muitos estudantes se confundem em provas com o uso de artigos antes de adjetivos. Isso porque a língua inglesa permite que artigos sejam usados antes deles, mas só quando acompanhados de um substantivo. Com isso, “I was a happy” é uma frase que não faz sentido (“Eu era uma feliz”, em tradução livre). No entanto, ao adicionar um substantivo, a oração se torna possível: “I was a happy person”.
Para Ana Paula, um dos segredos para ganhar proximidade com a língua inglesa, seja falada ou escrita, é criar memórias visuais do idioma através de produtos culturais. Esse é um método cada vez mais acessível, graças ao sucesso de séries de TV e músicas internacionais.
— Encontrar fontes de aprendizado que sejam mais agradáveis é fundamental, como filmes, séries e músicas. Dá para aproveitar fenômenos da televisão como “Game of Thrones” e “The Walking Dead” ou ouvir bastante e aprender as letras das músicas que estão nas playlists dos candidatos. Usar o idioma em vários contextos permite internalizar esses conhecimentos com mais facilidade — conclui Ana Paula.
SECRETARIA REGIONAL DE PERNAMBUCO
Prof. Marcos Antonio Lucena - Secretário Regional
Profa. Rejane Mansur Nogueira - Secretária Adjunta
Blog rafaelrag com O GLOBO, 18/09/2017
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