QUANDO VEMOS JESUS
Pr. Pedro Barbosa da S. Filho
11/Julho/2017
INTRODUÇÃO
A Bíblia[1]
fala de um povo que esperava um Messias que viria como o salvador. Em épocas
diferentes, profetas de Deus anunciaram o redentor que viria como esperança e
que seria muito poderoso. No Antigo Testamento(AT)1, encontramos
como Deus operou para dá liberdade aos hebreus que vivia como escravos, através
de grandes intervenções exercidas por Ele.
Para mostrar seus desígnios,
Deus em algumas vezes utilizou especificamente o cordeiro, para determinadas
ações na história de seu povo Israel. Uma dessas ações foi para livrá-lo de morte,
enquanto escravo de Faraó(Ex.12:37-50). Depois
disso, encontramos no livro do Êxodo doutrina que o Senhor apresenta para viver
diante dele, requerendo holocausto de cordeiro. Tempos depois do Êxodo, o
profeta Isaías, no capítulo 57, faz uma comparação do Messias com um cordeiro,
relatando uma situação de sofrimento Ele
que enfrentaria quando estivesse entre os homens e mais tarde concretizando--se
na pessoa de Jesus.
Com a chegada de Jesus, tem-se então o tempo do NovoTestamento(NT)1
quando o Filho de Deus habita entre os homens. É nesse tempo que Jesus proclama
o Reino de Deus e apresenta–se como Messias ou ainda como o Cristo da
humanidade. Então, Ele mesmo proclamou-se “Eu sou o caminho, e a verdade e
vida. Ninguém vem ao Pai se não por mim” (Jo.14:6). No seu ministério Ele deixou evidente que de fato era ímpar,
nunca houve outro igual que fizesse os milagres que Ele fez, como também
esperado como o rei dos judeus e deixando um legado extraordinário para glória
de Deus.
Nesse contexto, propomos uma reflexão teológica Bíblica numa
direção que nos faça entender o que Deus
quis mostrar com a metáfora do cordeiro para toda humanidade, a fim de
comunicar seus propósitos.
A ESPERANÇA DE ISRAEL.
O relato no AT mostra que Deus levantou seu servo chamado
Moisés e que ‘este iria libertar’ seu povo hebreu da escravidão, sendo o
mensageiro do Senhor no Egito. O Senhor assim cumpriria uma promessa feita no
passado ao seu servo Abrão (Gn.12:2)
e começava a formação de uma grande nação chamada Israel.
No
livro de Êxodo, temos uma das mais lindas narrativas onde Deus realiza grandes
feitos durante o cativeiro no Egito. Para libertar o povo Deus disse a Moisés a
seguinte ordenança:
“(...) tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, ...”(12.3),
“O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano,...”(12.5); “E
tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreira e a na verga da porta, nas
casas em que comerem” (vs.7); e no (vs. 8) temos: “E naquela noite comerão a
carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargas a comerão.” Todas estas
ordenanças consistiam em uma preparação para o que o Senhor iria agir, como veremos
nos versos 12 e 13 que dizem:
“Eu
passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogénito na terra do
Egito...” e continuando “E aquele sangue vos será por sinal nas casas que
estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós
praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito”.
Um pouco mais a
diante, o Senhor estabelece para Israel leis de conduta moral e ética como
também condições de santificação. No livro de Levítico diz: “(...) Esta é a lei
da expiação do pecado: no lugar onde se degola o holocausto, se degolará a oferta
pela expiação do pecado...”(Lv.6:24-30).
Ainda no AT
encontramos no livro do profeta Isaías, grandes revelações messiânicas que falam
daquele que teria de vir como o enviado de Deus. Conforme vemos em Isaías 57:7 o
que passaria o Messias: “ele foi oprimido, mas não abriu a boca, como um
cordeiro foi levado ao matadouro...”.
Sendo
por longo tempo esperado pelo povo judeu, surge então o profeta poderoso diante
dos homens, ou seja, chega então o Cristo Jesus de Nazaré. Pois assim encontramos
o registro em Jo.1:45 que diz assim “(...)Havemos achado aquele de quem Moisés
escreveu na lei e de quem escreveram os profetas: Jesus de Nazaré...”. Mais
tarde, João Batista anunciara publicamente: “(...)Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29).
A partir daí inicia seu ministério anunciando o Reino de Deus.
Depois já na ocasião da festa da páscoa,
temos uma das mais belas declarações de Jesus: “(...) Jesus tomou o pão...partiu,...e
disse: tomai , comei, isto é o meu corpo” e depois continua exclamando: “(...) tomai
o cálice...Bebei todos ... isto é meu sangue do novo testamento, que é
derramado por muito, para remissão dos pecados”(Mt.26:26-28).
BUSCANDO A
TEOLOGIA NAS ESCRITURAS
Procurar
conhecer o Messias, isto é Jesus Cristo, passa necessariamente por estudar toda
a Bíblia, porém alguns aspectos da vida dele são possíveis encontrar nas
passagens descritas acima.
No AT, no episódio da
saída do Egito, tem-se duas principais condições necessárias: primeiro é que
seja perfeito aquele que vai como holocausto para Deus. Em segundo, haveria
derramamento de sangue; para que tivessem a salvação ou ainda livramento de
morte. Como vemos, foram pré-requisitos indispensáveis para o livramento da ira
do Senhor. Em Levítico, também para remissão de pecados, deveria se fazer
oferta de holocausto[2] ao Senhor. Novamente temos o sacrifício de vida em que
o sangue da vítima era requerido como forma de condição necessária.
Em Jo.1:45 acontece a descoberta, ou
ainda, é revelado o Messias na pessoa de Jesus. Isto nos diz que o Messias
sempre foi esperado e crido pelo povo judeu. A confirmação é vista mais adiante
através do próprio Jesus. Em Mt. 26:26-28 vemos Jesus oferecendo sua vida para
ser repartida, como o cordeiro, não mais como no passado que era trazido por mãos
humanas mas agora enviado de Deus, como diz Jo 1:29.
Olhando as passagens, em que falam
de morte e pecado, temos dois aspectos da condição humana nos dando uma
compreensão de que estão intimamente relacionados nos mostrando que: i) o homem
não tem em si eficácia de livrar-se da ira de Deus; livrando-se da morte. ii)
de modo semelhante, não há também ação suficiente do homem que venha justificar
o pecado; pois Deus requer que cheguemos à sua presença em santidade e iii) As
soluções para essas duas “enfermidades da alma” estão fora do seu ser, o homem;
somente o derramamento de sangue de um redentor em condições de perfeição pode
ser aceito por Deus.
As escrituras trazem revelações
escatológicas sobre o cordeiro, em que homens o verão, pois no livro de
Apocalipse(Ap)2 encontramos: “(...)Estes são os que dentre os homens
foram comprados como primícias para Deus e para o cordeiro”(Ap.14:4). Conforme
lemos, estes homens irão habitar com o Senhor Jesus e o verão face a face;
depois da ressurreição dos mortos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As narrativas sobre a simbologia do cordeiro teve no passado
sua parte profética cumprida, no
AT
quem via o sacrifício do cordeiro ‘via pela fé’ o Messias. No período do
ministério de Jesus e seus contemporâneos, literalmente contemplaram face a
face. Depois desse tempo, esperamos pelos acontecimentos escatológicos
encontrados em Ap.14:4. Nesse sentido alguém pode pensar que até se cumprir a
escatologia, não podemos ver Jesus. Mas podemos afirmar com convicção que ainda
é possível. Um fundamento para isso é dado por Ele: “As minhas ovelhas ouvem a
minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem” (Jo.10:27). Fazendo uma breve
exegese dessa passagem, segue-se que o Pastor, Jesus, fala e suas ovelhas lhe
obedecem. Mas, quem está falando se Jesus não está aqui em pessoa? A resposta
encontra-se na sua Igreja, pois Ele deixou o Espírito Santo (Jo.15:26) para que
habitasse no meio da sua Igreja. A este o mundo não o conhece e
consequentemente não o segue.
Leia mais
Leia mais
Ainda assim, alguém com mais
incredulidade poderia requer uma maneira mais evidente de que possamos
‘enxergar Jesus pela fé’. A resposta é dada por Ele mesmo de modo escatológico,
no final dos séculos, diante do trono: “Então os justos lhe responderam, dizendo:
Senhor, quando foi que te vemos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te
demos de beber?”(Mt.25:37). E a esses o Rei responde assim: “(...) em verdade
vos digo que quando o fizestes a um desses meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes”(Mt.25:40). Fica para nós o entendimento de que aqueles, ditos suas
ovelhas, certamente ao fazer pelo próximo (ainda mais aos pequenos) com
atitudes semelhantes a estas, estarão enxergando Jesus. Isso nos leva uma compreensão mais profundo de que o
conceito de ver não está limitado a processo físico sensoriais do ser humano,
mas a uma sensibilidade espiritual que é manifesta a nível sentimental.
Nessas
passagens acima vemos na pessoa de Jesus, em sua vida, que Ele viveu aquilo que
se via na simbologia[3] do cordeiro no AT, porém tendo vivido com muito mais grandeza
do que se possa imaginar. Contudo, a Bíblia tem sido objeto de investigações em
todas as áreas do conhecimento. Muitas questões são levantadas contra a fé
cristã em que os críticos e(ou) céticos buscam sobre pô-la com a razão[4], argumentando de que esta
última seja a única base fundamental de todo conhecimento e para qualquer
pesquisa cientifica[5]. Sem se aprofundar na epistemologia, podemos dizer que,
se não há lógica de ‘ver através da fé’, no campo teológico, porém essa
situação não é exclusiva da teologia. Pois, na própria construção do
conhecimento pelas teorias científicas nos deparamos com coisas semelhantes,
por exemplo, desde o início do século passado que há uma grande, entre várias,
discussões filosófica e científica da questão sobre partícula-onda[6], no mundo
subatômico, para se ter um ponto final sobre a verdadeira natureza do objeto e
que não há ainda perspectiva de se ter um ponto final.
REFERÊNCIA
1-ALMEDA,
João Ferreira de, (Tradutor) BÍBLIA DE
ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, Barueri, São Paulo, Editora SBB,
1995.
2-MELO,
João Leitão de. Sombras, Tipos e
Ministérios da Bíblia, Rio de Janeiro, RJ, Ed. CPAD,2001.
3-HABERSHON, Ada.
Manual de tipologia Bíblica – como reconhecer
e interpretar símbolos, tipos e alegorias das escrituras sagradas. 1ª ed., São Paulo, Ed. Vida, 2003.
4-THOMAS,J. D., RAZÃO,
CIÊNCIA E FÉ, São Paulo, SP, Ed. Vida Cristã, 1999.
5-POPPER,Karl.
A LÓGICA DA PESQUISA CIENTÍFICA, São Paulo, SP, Ed. Cultrix, 1998.
6-HESBENBERG, Werner. FÍSCA E FILOSOFIA, 3ª ed. , Brasília, DF. , Editora UnB., 1995.
Blog rafaerlag com Pedro Barbosa da S. Filho, professor de Física aposentado da UFCG, campus Cajazeiras
Nenhum comentário:
Postar um comentário