Preso em Curitiba desde outubro de 2016, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) entregou recentemente na sexta-feira (14 de julho) sua proposta de delação premiada. O material está sendo analisado pelos procuradores da Lava Jato na Procuradoria Geral da República (PGR), que vão avaliar se aceitam a proposta de delação do ex-presidente da Câmara.
A lista de Eduardo Cunha pode ter o nome de deputados paraibanos aliados e que foram acusados de trair o peemedebista. Isso porque a bancada paraibana, foi majoritariamente afinada ao votar favorável a cassação do Eduardo Cunha. Dos 12 parlamentares do Estado, 10 votaram contra a permanência dele na Casa, um votou a favor e outro não compareceu. Da tropa de choque, antes formada por Manoel Júnior (PMDB), Hugo Motta (PMDB) e Wellington Roberto (PR). Sentindo-se traído, Cunha manifestou a sua decepção com deputados como Manoel Junior, Agnaldo Ribeiro e outros parlamentares que faltaram na hora que ele mais precisou.
Hugo Motta por exemplo, não compareceu à sessão que decretou a cassação do seu principal aliado político na Câmara dos Deputados. Pelas mãos de Cunha, ele assumiu a CPI da Petrobras e concorreu ao cargo de líder do PMDB na Casa, perdendo por poucos votos para Leonardo Picciani, Parte da delação do ex-deputado Eduardo Cunha já foi aceita pelo Ministério Público Federal. E é nela que reside a revelação que mais assombra seus ex-colegas da Câmara: a lista dos que receberam dinheiro para votar a favor da abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
Cunha não se limitou a dar os nomes – a maioria deles do PMDB. Citou as fontes pagadoras e implicou o presidente Michel Temer. Reconheceu que ele mesmo em alguns casos atuou para que os pagamentos fossem feitos. Contou o que viu e acompanhou de perto e o que ficou sabendo depois. Não poupou nem aqueles deputados considerados mais próximos dele. Teve uma razão especial para isso.
É o troco que dá aos que antes satisfizeram suas vontades e depois o abandonaram quando mais precisou da ajuda deles. Eleito presidente da Câmara em primeiro turno no dia 1 de fevereiro de 2015 com 267 votos de um total de 513, acabou cassado no dia 12 de setembro do ano seguinte por 450 votos. Somente 10 deputados votaram por sua absolvição.
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Tanto Cunha quanto o Ministério Público têm pressa em fechar acordo em torno do restante da delação. Se isso ocorrer, ela poderá servir de base para uma nova denúncia contra Temer. Ou, no mínimo, para provocar um terremoto na base de sustentação do governo no Congresso, fragilizando-o ainda mais. Temer já foi informado a respeito e reagiu com tranquilidade.
Cunha entregou os anexos e agora aguarda um posicionamento do grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR. Funaro – há um ano na cadeia – foi transferido recentemente da Penitenciária da Papuda para a carceragem da Polícia Federal em Brasília. O objetivo: delatar. Formalmente, a delação de Cunha está mais adiantada, mas o histórico do processo de negociação do acordo, bem como o estágio já avançado da Lava-Jato, jogam contra ele. O ex-presidente da Câmara fez todo o tipo de jogo de cena até sinalizar a intenção real de falar o que sabe.
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