terça-feira, 15 de junho de 2021

Professora Dra. Deisiane Maiara de Bananeiras-PB venceu a COVID-19


Eu preciso falar, mesmo diante de uma dor avassaladora que me consumiu com o surgimento do primeiro sintoma. Eu pensei na quantidade de pessoas queridas e amadas por muitos que infelizmente... Inevitável, sou humana e pensei, penso.
Estava sendo vítima de uma maneira dolorida, desgastante e psicologicamente torturadora. Preciso falar que não é fácil, mesmo diante da enorme gratidão a Deus. Vencemos a COVID-19. E pela vitória, preciso testemunhar.
Por mais elementar que seja o teu respirar, ele é surpreendente mais do que possas imaginar. Valorize! O pavor tomou conta e por dias pensei não ser possível retornar. Retirar o cateter? Nem para ir ao banheiro por segundo. O pavor de ventilação não invasiva. O medo. De tudo, o medo.
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Diante do medo, pessoas de luz, especialmente os meus pais (que guerreiros), minha super poderosa irmã, que pequena porreta, meu irmão, Marquinhos, Marcela como sempre essencial, Dra Sylvia, minha tia Lúcia, Renata com toda orientação para o melhor respirar, D. Angela, meus amigos (são muitos e não se sintam menos importantes por não ter o nome aqui). Família Gomes e Romão, vocês são meu sangue e vocês batalharam comigo.
Diante do medo, não quero ser omissa em citar uns e outros não, mas diante do medo, Deus poderosamente enviou seres humanos de luz, que não receberam apenas a mim, mas minha família. A equipe do Centro COVID-19 Bananeiras e do Hospital Dr. Clóvis, da recepção, limpeza, equipe de enfermagem e equipe médica. Vocês foram ímpares!
E preciso citar Karina Leon, que fez questão de me estender a mão através de sua amiga, Dra Kercia Saraiva, pneumologista, sua hóspede naquele momento, que não tenho palavra no mundo que seja suficiente para demonstrar minha gratidão. E que grata coincidência, amiga em comum de Adriana Bezerra, que criaram a maior rede de observação, cuidado, zelo e canal de esperança, especialmente quando estive no Hospital de Bananeiras.
O inevitável: a transferência. Eu lutei com todas as minhas forças, mas estava sem conseguir respirar. Eu recusei a transferência. E foi aí que um batalhão se reuniu: na cozinha do Hospital, o Dr Igor falou sério com minha família e uma movimentação atípica: Gilson, Eloi, Yrajá, Kauê, Lili, Matheus, meus irmãos, meu pai. Ah Senhor! Por ouvir a todos, os que me amam, os meus colegas de setor de trabalho, aceitei a transferência. Não foi fácil! A mente logo 'viajou' para os que não voltaram.
Foram 11 dias hospitalizada, destes, 8 precisando de Oxigênio e Ventilação Não Invasiva. Foram 8 dias de febre incessante. Os primeiros cuidados da VNI recebi de Madiane, sob orientação de Dra Kercia e total apoio dos profissionais de Bananeiras, que sem dúvidas foi decisiva para o milagre. E foi assim que sai de Bananeiras, esperando apenas o milagre.
Foram muitos que deram as mãos para a minha conscientização de necessidade de busca de uma melhor e maior assistência. Nunca pensei tanto carinho!
Logo eu, que muito li e estudei a COVID-19, sem querer me conscientizar. O pavor fez isso comigo e vencer essa etapa foi crucial.
No Hospital Clementino Fraga foi o maior recomeço da minha vida. Ou seria um novo começo? Ressignificação. Eu só pensava: "Deus, prolonga meus dias na terra, preciso ver meu filho crescer". Essa dor eu tô carregando desde que perdi minha prima e não é fácil.
E me sustentei, em Deus, nos meus, nos mais especiais que desejo que fiquem na minha vida pra sempre, crendo que sou o milagre, eu estou aqui.
Voltarei a conversar com vocês aqui sobre o tema. Nós precisamos falar sobre os cuidados, sobre a ansiedade e sobre a importância de exigir que nos peçam os exames certos e nos acolham da maneira correta. Eu acho que esse é agora o meu papel. Sejamos mais humanos.
Gratidão, meu Deus!
Gratidão, família!
Gratidão, amigos!
Gratidão!
Gratidão! Gratidão!
Professora Deisiane Maiara.





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