Escritor Guedes, um dos colaboradores com o polo MRS-UAB, em Alagoa Grande.
civil do homem – o amante – casado, e ela – a amante – solteira. O cenário onde se dera o drama foi, àquela época, sob a sombra de uma frondosa e verdejante aroeira, cuja idade se pode adjetivar de “centenária”, ainda existente à margem da antiga estrada de barro, hoje Rodovia PB–079, asfaltada, quase de frente para a porteira que dá acesso à casa da viúva – Tabeliã IÊDA CARNEIRO – do saudoso João Bosco Carneiro.
A aura de mistério que cercou aquele duplo crime passional ou assassinatos, inclusive sem que tenha sequer, até hoje, apontadas testemunhas para um fato que gerou uma convulsão social, elevava às alturas a imaginação de transeuntes que passavam pelo local e de quem falava na história da “CRUZ DOS DOIS AMANTES”, na zona rural, pois à época do fato a urbanização da cidade de Alagoa Grande não havia avançado por aquelas bandas, como hoje está a avançar, ficando a vetusta aroeira aproximadamente a 200 metros do portal da cidade – um pandeiro, em homenagem póstuma ao alagoagrandense José Gomes Filho, JACKSON DO PANDEIRO –, no sentido Alagoa Grande – Juarez Távora.
Um fato curioso me chama a atenção: – quem por ali passa de automóvel não se dá conta do que estamos a contar, pois as altas velocidades desenvolvidas no asfalto, diferentes das diminutas velocidades que ali se davam quando da estrada de barro, não oportunizam a que alguém sequer veja a árvore sob a qual se deu o fatídico evento criminoso, e, muito menos, a cruz. Ora, do ponto de vista histórico, chamamos a atenção para o fato de que a nossa pressa deve ser diminuída em favor das salutares lembranças que nos levam à “Estrada de Canindé”, do cancioneiro do Rei do Baião – Luiz Lua Gonzaga –, cujos fragmentos seguem à descrição: “... Quem é rico anda de burrico / Quem é pobre anda a pé // Vê o orvalho beijando a flor / Vê o galo-campina / que quando canta muda de cor // Vai molhando o pé no riacho / Coisas que pra gente vê // Tem que se andar a pé...”.
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O que se comentava a boca miúda, era que se tratava de um crime de homicídio seguido de um crime de suicídio: o amante teria matado a amante e, em seguida teria se matado. Até aí estava tudo explicado comparado ao resumo de uma ópera, no que era razoável pensar, pois os valores morais da época, como um dedo em riste, sempre apontavam para o homem como sendo o criminoso, e, rarissimamente, a mulher atirando no homem. Tudo se acomodava sob o manto desse raciocínio, descartando-se outra suspeição que viesse recair sobre mais alguém que pudesse vir ser autor daqueles crimes de morte, na possibilidade da armação duma tocaia.
Decorrido esse tempo todo, aproximadamente 50 anos, somente agora ouvi comentários distantes, um falatório esporádico, que: “... há possibilidade de terem sido mortos aqueles amantes a mando de familiares dele, ou dela, para “lavar a honra da família ultrajada” pelo que era considerado um escândalo à época, mas, sem que nada tenha ficado provado. É uma coisa que somente o fictício SHERLOCK HOLMES poderia desvendar.
Raciocínios e detetives à parte, veio, na atualidade, o ator teatral JAVANCY CELSO DE LIMA negociar com a tabeliã já referida, uma pequena área de terra frontal donde se encontra encravada a “CRUZ DOS DOIS AMANTES”, dando lugar a uma transposição daquela “CRUZ”, possibilitando uma visão histórica permeada pela visitação turística de quem ali vier.
Blog rafaelrag com o escritor Guedes, portal Paó
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