Em
10 anos, a quantidade de pessoas que apresentam algum problema auditivo
aumentou em 50,44% na Paraíba. O total saltou de 152.977 em 2000 para
230.140 em 2010, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números
confirmam uma preocupação antiga dos especialistas. Eles advertem que a
poluição sonora está causando sérios danos auditivos à população. Amanhã
será Dia Nacional de Combate e Prevenção à Surdez.
De acordo com o IBGE, dos 230.140 habitantes da Paraíba que possuem algum problema para ouvir,
181.762 enfrentam uma pequena dificuldade para escutar; outros 41.908
têm muita dificuldade para entender os sons e outros 6.470 são
completamente surdos. As mulheres são as mais atingidas. Elas somam
115.961 do total de moradores que sofrem alguma dificuldade para
escutar. Já os homens representam 114.179 indivíduos.
Apesar das faixas etárias mais atingidas
serem as que ultrapassaram os 30 anos, a incidência é grande entre
crianças e adolescentes. Dos 6.470 habitantes que são totalmente surdos,
há 1.044 com idades abaixo de 14 anos. Entre aqueles que enfrentam
grande dificuldade para ouvir, há 1.954 nessa faixa etária. Já entre os
que têm alguma dificuldade para ouvir, os menores de 14 anos
correspondem a 11.952 pessoas.
Para o presidente da Sociedade
Paraibana de Otorrinalaringologia, Erich Cristiano Madruga de Melo, a
incidência de problemas auditivos entre crianças e adolescentes é alta
porque essa faixa etária da população está mais exposta ao excesso de
ruídos. Ele conta que a situação está se agravando com a chegada de
aparelhos eletroeletrônicos, que emitem sons.
“É muito comum entre os jovens o uso de aparelhos de música, que é ouvida com ajuda de fones de ouvido e em volume alto.
Muitos desses equipamentos não indicam a
intensidade do som e o usuário acaba se expondo por muito tempo a um
excesso de ruído prejudicial à saúde”, disse o especialista.
O médico acrescenta que o excesso de
barulho provoca a morte de células consideradas vitais para a audição.
Ele explica que não há meio de reverter esse quadro. “Quando a célula
morre, o dano já foi causado e não há como recuperar mais isso. O que se
pode fazer é reduzir a exposição ao ruído. Só assim é possível
interromper o processo prejudicial e impedir que novas células morram”,
detalha.
Os danos aparecem com o passar do tempo e
se agravam ainda mais quando a pessoa chega à velhice. Não existe
medicação e há apenas uma cirurgia que pode reverter o quadro de surdez,
mesmo assim, o procedimento só é indicado em casos extremos. “Em casos
de problemas de surdez de pequena ou média gravidade, a pessoa precisa
usar aparelhos auditivos pelo resto da vida. Assim como ocorre com os
óculos”, acrescentou o médico.
Os zumbidos no ouvido são os primeiros
sinais de que algo está errado com a audição. Segundo a fonoaudióloga e
professora da Universidade Federal da Paraíba Marine da Rosa, a perda da
audição é progressiva e os zumbidos já indicam que o ouvido foi
danificado. “Antes, a nossa preocupação era apenas com os trabalhadores
de ambientes ruidosos, agora, nossa atenção é com as pessoas que se
expõem a sons muito altos, durante as atividades de lazer, como aqueles
frequentadores de casas de shows”, observa.
“A nossa recomendação é que as pessoas
se conscientizem e adotem cuidados para evitar os danos do excesso do
ruído. Não ficar muito tempo em ambientes barulhentos e usar protetores
auriculares que filtram suavemente o barulho são algumas medidas que
podem prevenir esses problemas”, acrescenta.
Jornal da paraiba
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