"A baixa escolaridade e a má qualidade do Ensino Público contribuem de
forma decisiva para colocar o Brasil em condições desfavoráveis com
relação à competitividade do cenário mundial", afirma Mozart Neves Ramos
Hoje
já sabemos o que precisa ser feito para melhorar o desempenho Escolar
de nossos Alunos. O diagnóstico é claro: atrair jovens talentosos do
Ensino médio para a carreira do magistério, melhorar a formação inicial e
continuada de nossos Professores e ter um currículo que, além de fazer
sentido para o jovem, seja capaz de incluir as novas competências para o
século 21. Naturalmente, esses aspectos requerem mais recursos
financeiros, e que sejam bem geridos, de forma que cheguem de fato à
Escola. No campo da aprendizagem Escolar, o país encontra-se
literalmente estagnado no Ensino médio há mais de 10 anos — e, pior, num
patamar muito baixo.
O
Brasil precisa oferecer Ensino de qualidade para a juventude, que a
motive para uma Educação plena. Preferencialmente, uma Escola em tempo
integral.
Professores
que atuem em uma única instituição, com salários compatíveis com as
demais profissões de maior valorização no mercado, e um plano de
carreira que traduza seu esforço em sala de aula e sua formação ao longo
da vida. Para que isso ocorra, em um país de tamanho continental e tão
díspar do ponto de vista social e econômico como o Brasil, torna-se
necessária a construção de um pacto federativo. O desafio que está em
jogo é a oferta de uma Educação integral para a juventude.
Os
jovens que estão saindo às ruas de nossas cidades clamam por melhores
serviços públicos. Por Escolas que funcionem com Professores valorizados
e bem formados. Querem uma Escola que caiba na vida, capaz de
prepará-los tanto para o Ensino superior como para o mundo do trabalho.
A
baixa Escolaridade e a má qualidade do Ensino público contribuem de
forma decisiva para colocar o Brasil em condições desfavoráveis com
relação à competitividade, à produtividade e à inovação do cenário
mundial. O novo ambiente do mundo do trabalho exige um jovem mais bem
preparado e com mais Escolaridade, pelo menos com Ensino médio completo.
Em 1985, o perfil dos trabalhadores com emprego formal mostrava que
apenas 15% tinham o Ensino médio completo. Em 2010, esse percentual já
era de 42%.
Quando
a eletricidade foi descoberta, o mundo começou a produzir carros em
série. Hoje formamos os jovens como se todos fossem absolutamente
iguais, sem considerar seus talentos e ideais de vida. Em outras
palavras, para melhorar o desempenho Escolar, é preciso que a Escola
seja também capaz de incorporar no cotidiano espaços de desenvolvimento
para os diferentes jovens, explorando seus talentos e habilidades na
construção do conhecimento.
A
Escola para este novo século requer uma atitude que seja capaz de
contribuir para a formação da identidade e para a elaboração de um
projeto de vida dos jovens que dela participam. As habilidades não
cognitivas ou características socioemocionais — como perseverança,
autocontrole, extroversão, protagonismo, curiosidade e trabalho em
equipe —, potencializadas no ambiente Escolar, podem contribuir de forma
decisiva para o sucesso Escolar e o futuro de nossos jovens.
Ao
longo das últimas décadas, o Brasil, e de resto o mundo, deram sempre
mais atenção aos “estoques cognitivos” (traduzidos nos conhecimentos
contidos nas disciplinas), tanto em sala de aula quanto nas políticas de
avaliação. Isso precisa continuar avançando; são “estoques” importantes
para o desenvolvimento humano. Contudo, apesar de necessários, não são
suficientes para um mundo que vive em profundas e constantes
descontinuidades tecnológicas. O cenário atual requer pessoas cada vez
mais criativas e inovadoras, capazes de lidar com eventuais fracassos e
frustrações, mas suficientemente persistentes para continuar trabalhando
e construindo novos processos e produtos.
O
Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Organização para a Cooperação
e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e as redes públicas de Ensino do
estado do Rio de Janeiro, está concluindo uma mensuração pioneira desses
fatores. Trata-se de trabalho multidisciplinar, que envolve Educadores,
psicólogos, economistas e estatísticos — tarefa extremamente complexa.
Contudo, vale o esforço para buscar respostas que podem ser estratégicas
não só para o sucesso Escolar de nossas crianças e jovens, mas para seu
futuro.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
Blog rafaerlRAG com o professor Damásio de Alagoinha-PB e leciona em Guarabira
Nenhum comentário:
Postar um comentário