sexta-feira, 1 de novembro de 2013

OPINIÃO: EDUCAÇÃO, UM NOVO OLHAR

"A baixa escolaridade e a má qualidade do Ensino Público contribuem de forma decisiva para colocar o Brasil em condições desfavoráveis com relação à competitividade do cenário mundial", afirma Mozart Neves Ramos


Hoje já sabemos o que precisa ser feito para melhorar o desempenho Escolar de nossos Alunos. O diagnóstico é claro: atrair jovens talentosos do Ensino médio para a carreira do magistério, melhorar a formação inicial e continuada de nossos Professores e ter um currículo que, além de fazer sentido para o jovem, seja capaz de incluir as novas competências para o século 21. Naturalmente, esses aspectos requerem mais recursos financeiros, e que sejam bem geridos, de forma que cheguem de fato à Escola. No campo da aprendizagem Escolar, o país encontra-se literalmente estagnado no Ensino médio há mais de 10 anos — e, pior, num patamar muito baixo.
O Brasil precisa oferecer Ensino de qualidade para a juventude, que a motive para uma Educação plena. Preferencialmente, uma Escola em tempo integral.
Professores que atuem em uma única instituição, com salários compatíveis com as demais profissões de maior valorização no mercado, e um plano de carreira que traduza seu esforço em sala de aula e sua formação ao longo da vida. Para que isso ocorra, em um país de tamanho continental e tão díspar do ponto de vista social e econômico como o Brasil, torna-se necessária a construção de um pacto federativo. O desafio que está em jogo é a oferta de uma Educação integral para a juventude.
Os jovens que estão saindo às ruas de nossas cidades clamam por melhores serviços públicos. Por Escolas que funcionem com Professores valorizados e bem formados. Querem uma Escola que caiba na vida, capaz de prepará-los tanto para o Ensino superior como para o mundo do trabalho.
A baixa Escolaridade e a má qualidade do Ensino público contribuem de forma decisiva para colocar o Brasil em condições desfavoráveis com relação à competitividade, à produtividade e à inovação do cenário mundial. O novo ambiente do mundo do trabalho exige um jovem mais bem preparado e com mais Escolaridade, pelo menos com Ensino médio completo. Em 1985, o perfil dos trabalhadores com emprego formal mostrava que apenas 15% tinham o Ensino médio completo. Em 2010, esse percentual já era de 42%.
Quando a eletricidade foi descoberta, o mundo começou a produzir carros em série. Hoje formamos os jovens como se todos fossem absolutamente iguais, sem considerar seus talentos e ideais de vida. Em outras palavras, para melhorar o desempenho Escolar, é preciso que a Escola seja também capaz de incorporar no cotidiano espaços de desenvolvimento para os diferentes jovens, explorando seus talentos e habilidades na construção do conhecimento.
A Escola para este novo século requer uma atitude que seja capaz de contribuir para a formação da identidade e para a elaboração de um projeto de vida dos jovens que dela participam. As habilidades não cognitivas ou características socioemocionais — como perseverança, autocontrole, extroversão, protagonismo, curiosidade e trabalho em equipe —, potencializadas no ambiente Escolar, podem contribuir de forma decisiva para o sucesso Escolar e o futuro de nossos jovens.
Ao longo das últimas décadas, o Brasil, e de resto o mundo, deram sempre mais atenção aos “estoques cognitivos” (traduzidos nos conhecimentos contidos nas disciplinas), tanto em sala de aula quanto nas políticas de avaliação. Isso precisa continuar avançando; são “estoques” importantes para o desenvolvimento humano. Contudo, apesar de necessários, não são suficientes para um mundo que vive em profundas e constantes descontinuidades tecnológicas. O cenário atual requer pessoas cada vez mais criativas e inovadoras, capazes de lidar com eventuais fracassos e frustrações, mas suficientemente persistentes para continuar trabalhando e construindo novos processos e produtos.
O Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e as redes públicas de Ensino do estado do Rio de Janeiro, está concluindo uma mensuração pioneira desses fatores. Trata-se de trabalho multidisciplinar, que envolve Educadores, psicólogos, economistas e estatísticos — tarefa extremamente complexa. Contudo, vale o esforço para buscar respostas que podem ser estratégicas não só para o sucesso Escolar de nossas crianças e jovens, mas para seu futuro.
 
Fonte: Correio Braziliense (DF)
Blog rafaerlRAG com o professor Damásio de Alagoinha-PB  e leciona em Guarabira

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