O desenho não é de fácil execução, embora os episódios de violência ao longo da campanha mostrem que há espaço para bastante confusão.
Mas mesmo isso Bolsonaro teve de modular, sob pressão de seus aliados mais políticos.
Notadamente, não fez nenhuma ameaça do tipo no debate da Globo, de olho nos eleitores mais conservadores centristas que aderiram a ele em nome do antipetismo e da antipolítica prevalentes em 2018.
Por outro lado, o figurino radical seguiu sendo usado, como forma de manter a fatia grande do eleitorado que o apoia nesta eleição, desde o começo de caráter plebiscitário -a anemia da dita terceira via de se viabilizar e o renovado fracasso de Ciro em sua quarta postulação são monumentos a essa realidade.
Leia mais
O problema para Bolsonaro é a distância a solidez de sua rejeição, que sempre ficou acima de 51% desde que o Datafolha começou a medir esta corrida, em maio do ano passado.
Na pesquisa divulgada no sábado (1º), estava em 52%, um Everest político a ser escalado em meio a uma nevasca.
Se a tendência se mantiver, é possível especular que o Bolsonaro golpista volte a predominar, não tanto pelo risco de ser bem-sucedido, mas porque o presidente precisa manter galvanizada sua base de apoio para tentar repetir Trump e ocupar a vaga de principal desafiante do novo governo já de saída.
Para Lula, o raciocínio é semelhante: manter a distância já lhe bastará, uma vez que também lida com uma rejeição volumosa, na casa dos 40%.
Seu desafio será responder com mais objetividade ao que tem fugido durante toda a campanha: o que de fato irá fazer em termos econômicos e na relação com o Judiciário.
Nesse sentido, o apoio dado por dois antigos algozes do PT em julgamentos como o do mensalão, os ex-ministros do STF Joaquim Barbosa e Celso de Mello, apontam para uma acomodação.
Mas aliados lembram que o petista ficou 580 dias na cadeia, e há ressentimentos que podem emergir na forma de conflitos.
Um bom teste, caso vença, será a escolha de dois nomes para compor a corte em 2023.
Antes disso, contudo, Lula tem de chegar lá. Seu caminho parecia menos acidentado do que o de Bolsonaro, mas a história política recente do Brasil aconselha prudência antes de vaticínios, como o desempenho do bolsonarismo pelo país neste domingo mostra.
Um carioca desconhecido em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desalojou 27 anos de PSDB no poder do segundo turno contra o PT.
No Rio, o bolsonarismo está reeleito na figura de Cláudio Castro (PL), e o filobolsonarista Romeu Zema (Novo) conseguiu o mesmo em Minas, fechando assim o quadro no Sudeste, região mais populosa do país.
Com informações da Folha de SP
Blog rafaelrag
Nenhum comentário:
Postar um comentário