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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Candidata a vice defende representatividade feminina



Nesta sexta-feira, 27 de setembro, o projeto “A Voz das Urnas”, uma parceria entre o portal ParaíbaOnline e a Rádio Caturité FM (Jornal da Manhã), encerrou a rodada de entrevistas com os candidatos (e candidatas) à vice-prefeitura de Campina Grande.

A última sabatina foi com Marry Rodrigues, filiada ao partido Unidade Popular (UP), candidata a vice na chapa de Nelson Júnior (PSOL).

Durante a entrevista, Marry discutiu temas centrais, como representatividade feminina, a construção do programa de governo; fez críticas à gestão atual, além de falar sobre transporte público e o São João de Campina Grande.

Ao abordar a questão da representatividade feminina, Marry destacou a importância da paridade de gênero em cargos de liderança, embora tenha ressaltado que a paridade sozinha não resolve todas as questões relacionadas às mulheres na política.

“Essa questão da representatividade feminina é uma questão muito cara pra gente. Eu acho que a gente tem que ter esse processo da paridade em todos os aspectos do governo. Eu considero que isso é uma questão importante, que não resolve o processo. A gente tem que entender que só ter a paridade não resolve as contradições que existem entre as representações femininas, mas é importante e o meu companheiro de chapa pensa igualmente a mim tanto que poderia ter pensado como majoritariamente as outras chapas, ter um homem como vice, mas optou por uma mulher como eu na vice”, pontuou.

Ela também destacou o machismo estrutural e a necessidade de ampliar a presença feminina nos espaços de poder.

“A gente tem poucos espaços em que a mulher tem cargo de liderança, infelizmente, ainda na sociedade que a gente vive. O aspecto do machismo é estrutural que a gente vivencia. A gente tem dados que mostram, inclusive, que muitas vezes as mulheres, tendo um nível de escolaridade maior do que o homem, acabam por receber menos ocupando o mesmo cargo. Então a gente precisa reforçar cada vez mais a presença feminina nos espaços de poder, principalmente nas lideranças”, frisou ao ser questionada se as secretarias municipais deveriam ser ocupadas de forma igualitária por homens e mulheres.

Sobre a construção do programa de governo, Marry Rodrigues enfatizou a participação popular e a necessidade de ouvir as demandas da população para elaborar políticas públicas.

“A gente conversou amplamente sobre a construção do programa. O PSOL tem uma linha que se assemelha com a linha da Unidade Popular, que é esse contato um pouco maior com o povo. Nelson é sindicalista, eu também ocupo um cargo no sindicato da minha categoria, sou delegada sindical da A&C e muitas vezes a gente se encontra nas lutas, nas mobilizações. A gente tem um processo de sempre consultar o povo sobre as decisões, que essa é a forma correta de se tomar as decisões”.

Ela também mencionou a importância dos conselhos populares para aproximar a política das necessidades reais da população: “A gente considera que é importante fundar conselhos populares nos bairros. Nosso programa tem essa proposta para que a decisão não venha de cima pra baixo, ela seja debatida na base e aí, mediante o debate da base, a gente adeque a questão do orçamento do município às reivindicações e anseios da população”, salientou.

A candidata também mencionou a importância que a sua chapa vê em rediscutir as dívidas públicas municipais. Ela aproveitou a oportunidade para fazer críticas aos empréstimos contraídos pela gestão atual, liderada pelo prefeito Bruno Cunha Lima, e questionou o impacto dessas dívidas a longo prazo.

“A gente precisa rediscutir, por exemplo, esses empréstimos que foram feitos pela prefeitura contra a soberania do povo. Tenho certeza que se a população tivesse sido consultada sobre essa questão dos empréstimos não iria concordar”, apontou Marry.

Sobre a mobilidade urbana, a candidata criticou a atual estrutura de transporte público na cidade e a parceria público-privada, afirmando que o foco principal acaba sendo o lucro das empresas, em detrimento da qualidade do serviço.

“A gente considera que o modelo feito, que é uma parceria público-privada, é um equívoco. A gente acredita que enquanto os processos que são ditos públicos estiverem entregues nas mãos de empresas privadas, a qualidade do serviço nunca vai ser o principal, e sim o lucro do empresário que é dono daquela empresa. Hoje a gente tem uma tarifa bastante alta em nossa cidade. O povo de Campina Grande paga aí 4 reais e trinta centavos, mas essa não é a tarifa real. A tarifa real está por volta de 4,90, e esses sessenta centavos a mais são subsídio que a prefeitura entrega, inclusive antecipadamente, aos empresários do serviço privado de transporte.”

Por fim, Marry comentou sobre a gestão do São João de Campina Grande, sugerindo que a festa tem perdido suas características autênticas e culturais devido à forte influência comercial.

“Primeiro a gente tinha que consultar as pessoas envolvidas no Maior São João do Mundo. A partir do momento que um empresário está à frente, pensando as questões, eu tenho certeza, por exemplo, que os barraqueiros que fazem a venda no São João não foram consultados, as pessoas que fazem parte das quadrilhas não foram consultadas. Tenho certeza absoluta que os trios de forró e os artistas da nossa terra não foram consultados sobre a construção do São João, pois sequer foram chamados”, comentou.

Marry ainda destacou que o evento tem sido dominado por marcas, perdendo sua essência cultural.

“Hoje você vai no Parque do Povo e a gente tem muito pouco do que é a expressão cultural do São João. Têm várias marcas estampadas, e a ornamentação do Parque do Povo é de marcas”, frisou.

Blog rafaelrag

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