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sábado, 2 de dezembro de 2023

LUGARES DE MEMÓRIA

 



               Nenhuma verdade humana é definitiva e nenhuma história é total.                

     A memória e a identidade estão nos lugares. Um lugar privilegiado de memória é a terra em que nascemos e vivemos. 

      Este lugar privilegiado tem nome, na memória do presente, na cidade em que vivo. No passado, na cidade que me viu nascer e dar os primeiros passos na vida.  É uma referência.

      Este lugar de memória- a cidade em que se vive- tem a função de parar o tempo, bloquear o esquecimento, de fixar um estado de coisas.

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      O lugar em que vivemos, tem uma função identitária. Sou um cidadão que tem uma identidade, e me identifico como morador da cidade.

      “ Um lugar de memória é um lugar onde a memória trabalha”. É uma baliza da memória, uma baliza identitária. 

      Por exclusão, temos os lugares de amnésia que são os lugares do esquecimento.. A Barragem de Camará é um lugar de sofrimento e esquecimento. Os presídios e os cemitérios são lugares de amnésia. Ninguém gosta de lembrar o sofrimento..

      O não lugar é um lugar onde o ser humano permanece anônimo, e sem significado para ele. A cidade de Alagoa Nova para mim é um não lugar, pois não a conheço, para mim ela não tem significado e passeando por ela sou um anônimo. 

      Já Alagoa Grande é diferente, é uma cidade-memória, um lugar de memória para mim. As pessoas me conhecem, sabem quem sou. Ela tem significado para mim.

      Os lugares atravessam a memória viva. Eles são carregados de memória e história.

      No lugar de memória, temos a ilusão de não haver mudado com o tempo. 

       Em Alagoa Grande, minha terra Natal, quando saio do meu exilio na capital e a visito,  na minha memória, ela não mudou no tempo, vejo-me menino estudando no Colégio São José, minha irmã mais velha me levando para o Colégio das Freiras do Rosário, o trem parado na estação, brincando no velho coreto e assistindo a missa na Igreja. 

       Nela eu vejo a construção do sentido da minha identidade. Nasci lá, vivi lá, meus pais moraram lá  e estão enterrados lá. 

       A grande contradição é que vivemos no tempo presente, mas sempre ligado aos lugares de memória, que são ao mesmo tempo, lugares de identidade.

       Manifestamos predileção por objetos que recordam nosso passado.  

       Nossas lembranças no fazem reviver. 

        A memória é um objeto de estudo da história, sua matéria-prima, e ela a manipula. 

        Não há verdade definitiva na história. Esta é posta a serviço da memória.

         Meus lugares de memória em Alagoa Grande, é o cinema, a igreja, o colégio, a praça, o Club 31, o Flamengo de Daniel, o América de Uriel, o Tabajara, a casa onde vivi, a propriedade rural do meu pai, a Casa Verde,  os amigos de infância, elas são tantas.

Martinho Ramalho.

Blog rafaelrag

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