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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Dom Aldo Pagotto afirma que foi perseguido dentro da Igreja da Paraíba


Dois anos  após sua renúncia à Arquidiocese da Paraíba por denúncias de pedofilia, dom Aldo Pagotto rompeu o silêncio numa entrevista exclusiva ao jornal “Correio da Paraíba” e garantiu que foi perseguido dentro da Igreja Católica paraibana devido às suas posições políticas. Atualmente residindo em Fortaleza, Ceará, contou que foi coagido a escrever carta de renúncia alegando problemas de saúde. Avalia que a Igreja não lhe assegurou amplo direito à defesa e insinua que foi traído.

“Acolhi alguns padres que enfrentavam dificuldades no ministério, na esperança da inserção. Fui muito ingênuo. Criei cobra para me picar”, desabafou.

Dom Aldo permaneceu por 11 anos à frente da Arquidiocese da Paraíba. Assumiu o bispado em 2005 e deixou as funções em seis de julho de 2016, em meio a denúncias de pedofilia.
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A sua versão, porém, é a de que foi alvo de uma orquestração de padres e movimentos sociais de linha ideológica de esquerda, que conspiraram para sua queda dentro da própria Arquidiocese. Observa que tentou ser recebido em audiência pelo papa, em Roma, para esclarecer os fatos, mas não obteve êxito. Pelo seu relato, no dia dois de junho de 2016 o Núncio Apostólico chamou-o a Brasília para uma conversa. “De forma sumária, ele citou alguns fatos sobre o meu governo pastoral na Arquidiocese da Paraíba. Em seguida, comunicou-me que eu apresentasse carta com o meu pedido de renúncia”, frisou dom Aldo.

O ex-arcebispo conta que ficou profundamente abalado e que pediu ao Núncio para lhe mostrar os autos de um eventual processo jurídico-canônico, capazes de comprometê-lo, mas ele disse que não podia mostrar nada. Informou apenas que o material se encontrava nos arquivos da Santa Sé e da Nunciatura, que o papa estava a par de tudo e que, para o seu bem, dom Aldo deveria escrever o pedido de renúncia, por motivo de saúde.

“Coagido pela autoridade eclesiástica, sob obediência, escrevi uma carta ao Papa com o pedido de renúncia”, acrescentou. Entre os fatos arrolados por dom Aldo, que teriam desgastado sua posição, figura a sua participação, em janeiro de 2014, em ato de protesto popular contra desmandos do governo petista, liderado pela ex-presidente Dilma Rousseff. “Esse gesto provocou reações adversas na ala eclesiástica que simpatiza ou se identifica com as posições do Partido dos Trabalhadores. A autoridade eclesiástica me chamou e me recomendou “ficar em cima do muro”, um comportamento que não faz parte do meu caráter”, narrou.

Dom Aldo afirma, ainda, que tentou reorientar a formação no seminário conforme a tradição e o magistério da Igreja, tendo enviado alguns seminaristas e padres a Roma para receberem sólida formação na Universidade e Seminário da Opus Dei, equidistante “dos desvios” da Teologia da Libertação. Disse que afastou seminaristas com comportamentos doutrinais e morais ambíguos e que sua atitude desagradou nitidamente aos padres adeptos da Teologia da Libertação, de viés ideológico socialista. Pagotto lembra que em 2010, numa sessão da Assembleia Geral da CNBB, os assessores da entidade apresentaram um Plano Nacional de Direitos Humanos, ao qual se posicionou cont#

“Falei que tal plano equivaleria à “constituição bolivariana”, expressão do regime socialista imposto por Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela. Isso incomodou bispos e agentes pastorais que apostam nos movimentos sociais, ligados a práticas de interesse político-partidário de esquerda”.

O ex-arcebispo da Paraíba conclui afirmando que questiona a forma pela qual foi defenestrado, “sem o inalienável direito de acesso aos autos, garantindo ampla defesa e debate do contraditório, como também da oferta de uma alternativa para exercer outras funções ministeriais em outro canto. Não quero agredir ou provocar outros conflitos com a autoridade que, não raras vezes, nos pede o silêncio obsequioso. O tempo é senhor da razão. Cedo ou tarde, não há nada de oculto que um dia não venha a ser revelado. Se você se cala, dá oportunidade para outros dizerem coisas por você. A ressignificação da vida nos marca com cicatrizes. Estas mostram que Deus nos torna mais fortes de quem nos feriu. Hoje enfrento um linfoma, mas Deus está me curando. Eu esperava que a Arquidiocese da Paraíba publicasse em nota oficial a homologação da sentença que o TRT/PB emitiu aos 8 de novembro de 2017, a respeito da falta de materialidade de provas sobre supostos crimes praticados contra menores. Fomos isentados, o arcebispo emérito e os padres acusados”.
 - Portal do Litoral
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