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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Aluno da UFCG cria jogo que discute a cultura negra através da capoeira




Valores como disciplina, companheirismo e respeito são transmitidos de forma lúdica a estudantes de escolas públicas de Campina Grande


Um aluno do curso de Design da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) resolveu trazer o tema do racismo e do respeito ao próximo de uma forma lúdica e acessível. Wagner Porto teve a ideia de abordar o assunto em seu trabalho de conclusão de curso, que resultou na elaboração do “Paranauê”, jogo de tabuleiro inspirado na Capoeira e que pretende contribuir para vencer questões sociais que há muitos séculos enfrentam batalhas diárias no Brasil e no mundo.

“O público alvo desse projeto são os alunos do Ensino Fundamental II de escolas públicas. Mas a intenção é também levar para as escolas privadas e ainda para a casa das pessoas”, explicou o Wagner. “A ideia com o jogo é trazer a representatividade negra para as pessoas de uma forma intuitiva, lúdica e com um tema tão importante para o nosso País, a Capoeira, que é uma manifestação cultural do Brasil e patrimônio nosso. O objetivo é valorizar a cultura afro-brasileira, com personagens negros masculinos e femininos, pouco presentes em jogos de tabuleiro”, completou, enfatizando que a justificativa para levar o jogo às escolas está embasada nas leis nº 10.639 e 11.645, que obrigam as escolas públicas e privadas do país a abordarem questões referentes à história da África e cultura afro-brasileira e indígena. Sob a orientação do professor Rodrigo Motta, da Unidade Acadêmica de Design, o jogo está agora na fase de inscrição em concurso e apresentação a fornecedores para inclusão no mercado.
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Enquanto isso, ele vai sendo posto em prática. Na última terça-feira, dia 4, Wagner levou o projeto para a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Lilosa Barreto, no bairro do Monte Castelo, em Campina Grande. A convite da professora Fabrícia, profissional da escola e capoeirista, alunos do quinto ano puderam brincar e aprender com a iniciativa, que não pretende parar por aí. Isso porque novas apresentações já estão marcadas, em escolas públicas, academias e espaços de capoeira.

“Quando entrei em contato direto com a Capoeira, especialistas na área, professores, pesquisadores e obras sobre o assunto, fiquei fascinado. O valor da Capoeira é imenso para o nosso país e para os seus praticantes. Todos deveríamos conhecer ao menos um pouco sobre o que ela representa. Não só a Capoeira como luta, como é abordada tantas vezes, mas, sim, os valores educacionais ali presente, seu contexto histórico, sua musicalidade, as modificações causadas em quem a pratica”, finalizou.

O jogo

“Paranauê” se passa no final do século XVIII, quando a Capoeira foi perseguida no Brasil. Cada jogador assume a identidade de um mestre que precisa montar a sua própria roda de capoeira. Para isso, é preciso pegar uma carta-objetivo, que indicará todos os componentes que faltam para a sua equipe ser plenamente formada.

Esse processo envolve, por exemplo, atrair integrantes, que se dividem nas graduações principais da capoeira (aprendiz, graduado, instrutor, contra-mestre e mestre). E aí, através de cartas, os jogadores são apresentados a vestimentas típicas, instrumentos musicais (como diversos tipos de berimbau, reco-reco, agogô, pandeiro, atabaque e outros), golpes, além de materiais relacionados à arte, como é o caso de sementes, corda, arame, couro, madeira, palha. Tudo de forma intuitiva e lúdica.

Os valores educacionais da Capoeira são divididos em três cartas: disciplina, companheirismo e respeito. É possível, por exemplo, que algumas cartas sejam doadas entre os jogadores. “A ideia é estimular a cooperação, comportamento tão abordado na capoeira. Mesmo havendo uma competição, é crucial lembrar que todos precisam uns dos outros para seguir em frente e mais fortes”, explicou o autor do projeto.

O objetivo, então, é alcançar a meta estipulada na carta inicial, conseguindo as demais cartas necessárias. Tudo isso acontece por meio de duelos, regidos por lançamentos de dados. E à medida que a partida vai acontecendo, vários acontecimentos são possíveis. É o caso da carta “Toque: Cavalaria”, que representa o toque que os capoeiristas usavam para avisar aos companheiros que a cavalaria estava se aproximando, com o objetivo de despistá-la. No jogo, essa analogia é possível. Outras situações também são possíveis, sempre levando os jogadores a pensar os valores da Capoeira, aplicá-los e entender melhor a história de uma das mais tradicionais manifestações culturais no país.

(Ascom CCT/UFCG)

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