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domingo, 17 de setembro de 2017

Morre em São Paulo, aos 65 anos, o apresentador Marcelo Rezende


O apresentador de 65 anos lutava contra um câncer no fígado e pâncreas

                                  Marcelo Rezende morreu aos 65 anos

O Jornalista e apresentador do programa, Marcelo Rezende, não resistiu ao avanço de um câncer no fígado, com metástase no pâncreas, e faleceu ontem, sábado (16) aos 65 anos, no Hospital Moriah, Zona Sul de São Paulo, em consequência de falência múltipla dos órgãos. A doença foi revelada durante o programa Domingo Espetacular, da Rede Record, em 14 de maio deste ano, depois de algumas semana de ter recebido o diagnóstico. O jornalista deixa quatro filhas e um filho, com idades de 15 a 40 anos. Atualmente, ele namorava Luciana Lacerda, carioca, 51 anos, separada e mãe de uma menina.


Luciana fez um desabafo nesta quarta-feira nas redes sociais, após o apresentador ser internado em um hospital em São Paulo com um quadro de pneumonia grave. “O vazio ocupa um espaço imenso”, publicou a namorada do apresentador. “Que Deus segure nas minhas mãos e na sua, meu amor”. Nas últimas semanas, ele apareceu muito mais magro e com a saúde fragilizada ao gravar vídeos para seus seguidores nas redes sociais. Ele havia deixado o tratamento tradicional de quimioterapia para fazer um tratamento alternativo e apareceu bem mais magro em vídeos postados nas redes sociais nas últimas semanas.
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Ao decidir-se pelo tratamento, à base de uma dieta sem carboidrato, ele publicou numa rede social: “Se eu disser para você que é uma travessia fácil, não é. É difícil, mas nada é difícil quando a gente está sob o manto do nosso Senhor Deus. E é ele quem está me carregando pela mão nessa travessia, que é uma travessia difícil. E ele, também com seu manto, tem me trazido você. Você em cada oração, em cada comentário, em cada mensagem. É com orientação do espírito de Deus que eu e você vamos fazer essa caminhada juntos. E eu tenho certeza que no final a vitória é certa. Obrigado meu irmão, obrigado minha irmã! Amém”.


Em julho, Marcelo Rezende anunciou que o tratamento era a terceira etapa do seu processo em busca da cura para o câncer: “Estou indo para a terceira etapa do meu tratamento. Que eu chamo de ‘A Farmácia de Deus’. Estamos aqui por uma estrada em Minas Gerais. E é em Minas Gerais que eu encontrei um local onde estou sendo acolhido, cuidado e, mais do que isso, caminhando no sentido da cura. A partir daí não adianta curar o físico sem não ter o espiritual. Eu cuido muito do lado espiritual porque quem está fazendo essa travessia da cura é Deus. É Ele quem me conduz e a sua oração”, disse o apresentador.


CORTA PRA MIM
O bordão “Corta pra mim, Percival (de Souza, jornalista)”, acabou inspirando o título do livro que Marcelo Rezende lançou em 2013. Na obra Corta Pra Mim: Os Bastidores das Grandes Investigações (Saraiva), ele relata experiências vividas ao longo da carreira de mais de 40 anos, boa parte deles dedicados ao jornalismo investigativo.


“O livro tem um pedaço em que conto como comecei na profissão. Comecei ajudando uma pessoa que nem sabia o que ele era. Era o diretor-geral de um jornal e depois me convidou. Pensei que ia arrumar um emprego de contínuo e arrumei de repórter, aos 17 anos. Esse é um lado do livro, como é bom ajudar o próximo”, contou ele em entrevista à Record TV na época do lançamento.


Marcelo Rezende se referia à contratação no Jornal dos Sports (Rio de Janeiro). Ele tinha ido visitar a redação com o primo que trabalhava no periódico, Merival Júlio Lopes, e se ofereceu para ajudar ao senhor que datilografava uma relação de clubes de Várzea. Marcelo Rezende ficou até os 19 anos. Depois, passou pela Rádio Globo e pelo jornal O Globo.


Ainda sobre o livro, ele continuou: “O mais importante é como é bom ajudar próximo. Se eu não tivesse ajudado uma pessoa que eu não conhecia, 40 e tantos anos depois eu não estaria aqui. Outro (ponto relevante do livro) é como às vezes retroceder, como ter calma, diante de uma situação aflitiva. Às vezes, quando aparece uma situação difícil, a primeira coisa que a pessoa faz é se desesperar. Eu, que sempre estive metido em situações de risco, aprendi a lidar com o medo e com a coragem, mas sempre fazendo com que o medo balançasse a coragem. Acho que é exatamente isso, um aspecto de enfrentar as dificuldades”.


Em depoimento na época, para a mesma matéria, o jornalista Geraldo Luís comentou: “Ele é um cara que acreditou em mim quando me levou para trabalhar com ele. Quando era repórter policial. Tudo aquilo que vocês veem na TV, aqueles gritos, aquelas coisas, tudo mentira. O cara tem um coração que não é dele. Uma história para o jornalismo impresso e televisivo sem igual”.


“O outro lado do livro é como se mexer numa grande investigação. Como se mexer quando você fica frente à frente com o Maníaco do Parque, com Pedrinho Matador. Como é que você trabalha essa mente assassina para poder fazer a reportagem. Na verdade, (o livro) é um mergulho no bastidor. Não é o que a pessoa viu na televisão, é como eu cheguei àquele momento”, concluiu ele.


FAVELA NAVAL
Após sete anos em O Globo, Marcelo Rezende foi contratado pela revista Placar (Editora Abril). Ele trabalhou por oito anos e meio na publicação. Pela editora de esportes ele chegou à TV, em 1987, contratado pela Rede Globo. Tempos depois, foi transferido para a editoria Geral e fez a primeira cobertura policial da carreira, sobre o assassinato do empresário José Carlos Nogueira Diniz Filho.


Uma das reportagens mais reconhecidas da carreira de Marcelo Rezende, sobre o chamado Caso da Favela Naval, foi realizada em 1997 e exibida pelo Jornal Nacional (TV Globo). Ela foi resultado da investigação sobre uma série de assassinatos cometidos por policiais em Diadema, na Grande São Paulo, desenvolvida a partir do recebimento de gravações feitas por um cinegrafista amador. Os vídeos mostravam homens sendo espancados e baleados. A equipe liderada por Marcelo Rezende descobriu que, nos meses anteriores aos casos mostrados nas gravações, dezenas de denúncias já haviam sido feitas às autoridades.


LINHA DIRETA
Marcelo Rezende estreou como apresentador de TV em 1999, no Linha Direta (Globo), que fez bastante sucesso e ficou no ar até 2007. O programa destacava alguns crimes ocorridos no Brasil, cujos autores estariam foragidos da Justiça, com dramatizações feitas por atores. As cenas eram escritas com base no que era relatado no inquérito, no processo judicial e também nos depoimentos de amigos e familiares.


Antes da estreia, foi exibida no Fantástico uma espécie de piloto do Linha Direta, uma entrevista de Francisco de Assis Pereira, assassino em série que ficou conhecido como o Maníaco do Parque.


CIDADE ALERTA
Após deixar a TV Globo em 2002, Marcelo Rezende passou pela Band, RedeTV e Record TV. Nesta última emissora, teve uma primeira passagem mais curta, entre 2004 e 2005, e voltou em junho 2012. Apresentando o Cidade Alerta ao vivo, Marcelo Rezende intercalava a exibição das reportagens com comentários sobre temas como segurança pública, política e as manifestações populares de junho de 2013, por exemplo.
Blog rafaelrag com COnLine

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