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sexta-feira, 25 de março de 2016

UFCG homenageia as Ceguinhas de Campina Grande

Cerimônia foi realizada no Centro de Extensão José Farias da Nóbrega

A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) homenageou na última terça-feira, dia 22, as irmãs Barbosa - as deficientes visuais Indaiá (Francisca Conceição), Maroca (Maria das Neves) e Poroca (Regina) - integrantes do trio de cantadoras populares conhecido como as Ceguinhas de Campina Grande. Elas ganharam notoriedade nacional no começo dos anos 2000, ao protagonizarem o filme A Pessoa é Para o que Nasce,  de Roberto Berliner.

O reitor Edilson Amorim registrou que a cultura popular é pouco visível na vida das pessoas, "sendo folclorizada, feito arquivos para estudar, e, muitas vezes estilizada como algo exótico e não pertencente à realidade, quando é presente - não saudosista, vista no passado - e que deve ser trazida à cena cotidiana".

Num breve histórico sobre o atual momento das irmãs, o diretor da Editora Universitária e idealizador do evento, professor Hélder Pinheiro, lembrou do encontro no aeroporto do Rio de Janeiro que " acabou rendendo novos encontros e concretizando a homenagem".

Para ele, a homenagem é um  reconhecimento, por parte da universidade, e um momento para relembrar a importante contribuição de artistas populares para a comunidade, além de uma forma de chamar atenção novamente para o trabalho delas

Uma das irmãs, conhecida como Poroca, destacou que estava imensamente feliz com essa homenagem da universidade.

Na ocasião, a editora gravou e comercializou CD´s e DVD´s com a renda revertida para o trio.
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Após apresentarem um dos seus cocos mais conhecidos "Atirei no mar, o mar vazou...", as irmãs foram agraciadas com medalhas ao mérito. Também foram homenageadas com poesia declamada pelo próprio autor, Rafael Melo Poeta.

Homenagem às Ceguinhas de Campina Grande

No dorso da Borborema
Em uma campina incrustada
Três irmãs fazem morada
Lhes digo neste poema
São estrelas de cinema
Que brilham feito luar,
Vagalume a alumiar
Sempre ofuscando os olhares
Dos seus conterrâneos pares
Que param pra lhes olhar

Três muié, ou três irmã
Três artista da mulesta
Eu vi num dia de festa
Numa terça de manhã
Num foi em Puxinanã
Mas na cidade vizinha
Os ói dela parecia
Igual estrelas tremendo
Se apagando e se acendendo
Em dia de cantoria

Regina foi a primeira
Mimosa Flôr do Sertão
Ainda tem Conceição
Essa aqui foi a terceira
Viviam cantando em feira
Fosse de noite ou de dia
A do meio é a Maria
Das Neves, o sobrenome
Maroca seu codinome
Também atende por Lia

Sempre tocando o ganzá
A um lado está Maroca
Na outra ponta Poroca
E no Centro é Indaiá
Atirando-se ao mar
Dos passos da multidão
Nas ruas elas estão
Nas ondas do vai e vem
Dos passos de alguns alguéns
Que passam na solidão

Elas enxergam além
Dos olhos do preconceito
Adquiriram respeito
Construindo a arte e o bem
São três que valem por cem
Cantando a nossa cultura
Uma viva literatura
No coração de Campina
Três senhoras, três meninas
E um exemplo de bravura

Se um dia vocês me visse
Se um dia vocês olhasse
E se algum dia enxergasse
Se os vossos ói se abrisse
E se alguma luz surgisse
Pra que vocês avistasse
Talvez vocês num cantasse
Nem tocasse o seu ganzá
Mas Deus sabe o que nos dá
E a pessoa é pro que nasce

Blog rafaelrag com Ascom/UFCG com colaboração de Ana Cláudia Vieira 

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