Dia de celebrar São José, santo padroeiro do Ceará

Hoje, 19 de março,  é dia de São José, padroeiro do Ceará, a quem o sertanejo recorre para pedir por chuvas e amenizar os efeitos da seca. Meteorologistas explicam se há relação entre precipitações e a data.Luana Severoluanasevero@opovo.com.b

A fé do homem do campo precisa ser forte para lidar com as restrições que tornam penosa a vida simples. Um ou dois dias de chuvas no Interior até renovam a esperança, mas não são suficientes para encher açudes e reservatórios e oferecer água àqueles que estão amargando a seca. E quando a estiagem já castiga o Semiárido anos a fio, São José, padroeiro do Ceará, é o primeiro santo a quem o sertanejo recorre para pedir a intervenção divina.
 Os festejos destinados a São José são hoje. Por isso, a expectativa dos fiéis por precipitações fica ainda mais forte. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) explica a coincidência a respeito das chuvas que caem no dia do santo padroeiro.

“O dia, particularmente, não tem uma ligação direta com a chuva”, afirma o meteorologista da Funceme, Raul Fritz. O que ocorre é que o dia de São José é próximo ao período do equinócio de outono - fenômeno natural capaz de favorecer a Zona de Convergência Intertropical (ZCI), principal sistema que possibilita precipitações regulares no Ceará.

Mas, para o sertanejo, além da fé, o conformismo tem ganhado corpo. Quando levanta as mãos para o céu, Laureano Pinheiro, 74, não pede chuva, mas “um tempo bom”. Se não chove em Pentecoste (a 103 quilômetros de Fortaleza), sua cidade natal, não reclama muito. Curandeiro por “dom de Deus”, ele aproveita a baixa no açude Pereira de Miranda para sentir o cheiro e a textura das ervas que cresceram “na marra” ali.

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Se ele identifica alguma erva boa, que dê para fazer chá, trata logo de colher. E comenta, despretensioso, que pode nem saber ao certo para que serve a planta, mas garante que ela faz bem. “Foi ‘pra acolá’ de cima, tenho fé em tudo. Porque aquele Pai é quem dá o que a gente precisa”, enfatiza o aposentado.

Também de Pentecoste, a agricultora Conceição Rocha, 55, atribui a insuficiência de chuva ao homem. “Tudo o que a gente está vivendo hoje foi o ser humano quem causou. Deus, quando fez o mundo, fez perfeito. Nós só degradamos a natureza”.

E Matias Soares, 57, confessa que, mesmo se chover depois do dia de São José, é ruim para a lavoura porque, da data em diante, “não dá mais tempo fazer muita coisa”.

Previsão

Mesmo com a previsão de tempo nublado em grande parte do Estado, a Funceme não descarta surpresas no dia de São José. “Em 2012, o mais seco dos últimos anos, choveu bem no dia de São José. No entanto, a quadra chuvosa foi seca. Em 2009, o último ano mais chuvoso, não choveu muito bem no dia”, exemplifica Fritz.

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