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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

'Havia um pedido para não explicitar os valores', assina geóloga

Velosa, ex-gerente executiva da Petrobras

A geóloga Venina Fonseca afirmou toda a diretoria da Petrobras, incluindo o presidente, Sérgio Gabrielli, soube em julho de 2009 que o projeto da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, havia se tornado inviável em função da escalada de preços e, mesmo assim, decidiu levar adiante a obra. Segundo Venina, foi feita uma apresentação à diretoria em julho daquele ano sobre e, em seguida, houve um pedido da Secretaria da Diretoria, que passou a dialogar com Francisco Paes, assistente do então diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, para que os valores do prejuízo não fossem explicitados nas apresentações.
- A gente informava que a rentabilidade era negativa. Houve um momento de desconforto e o secretário da diretoria passou a discutir com Francisco Paes. Havia um pedido para não explicitar esses valores - disse Venina, que prestou novo depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, no processo que envolve a Galvão Engenharia.
Venina explicou que em 2006, quando foi planejada, a refinaria foi orçada em R$ 2,4 bilhões. Em julho de 2009, a obra já estava orçada em R$ 13,4 bilhões e havia deixado de ser viável, pois apresentava rentabilidade negativa de R$ 1,9 bilhão.
A geóloga, que era responsável pela avaliação econômica e acompanhamento orçamentário do projeto, diz que permaneceu no posto apenas até outubro de 2009, quando foi enviada para trabalhar em Cingapura. Um mês depois, o projeto foi aprovado e a obra começou a ser executada. Naquele momento, segundo ela, o gasto com a Refinaria de Abreu e Lima tinha sido de R$ 440 milhões e a Petrobras já tinha compromissos de R$ 1,5 bilhão contratados. Se tivesse decidido parar, teria perdido cerca de R$ 2 bilhões.
- Mas a decisão não foi esta. Sai num momento de muito desgaste, pois começaria a execução da obra. Um mês depois que sai (outubro de 2009) o projeto foi aprovado e começou a fase de execução.
Segundo Venina, a Refinaria de Abreu e Lima alcançou um custo de R$ 17 bilhões e o prejuízo, chamado de rentabilidade negativa, chegou a R$ 3 bilhões, superior ao orçamento inicial da obra.

Blo rafaelrag com  CLEIDE CARVALHO. O Globo

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