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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A SOBREVIVÊNCIA EM REGIME DE BODE SOLTO NO SERTÃO NORDESTINO

Rebanhos resistem ao clima adverso da Caatinga e garantem sustento da população
  No semiárido nordestino, cresce a popularização das cisternas, uma solução simples e barata para captar a água da chuva que cai no telhado das casas. A construção de cisternas utiliza uma tecnologia simples e de baixo custo, na qual a água da chuva é captada do telhado por meio de calhas e armazenadas em um reservatório de aproximadamente 16 mil litros, capaz de garantir água para atender uma família de cinco pessoas em um período de estiagem de aproximadamente oito meses.
  A construção de cisternas é um projeto desenvolvido pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com a Associação Programa 1 Milhão de Cisternas (AP1MC).
  O Programa tem como público alvo as famílias rurais de baixa renda localizadas no semiárido brasileiro, região historicamente caracterizada por longos períodos de estiagem e pelas enormes dificuldades para acessar água em quantidade e qualidade suficiente para a sobrevivência.

O programa de cisternas está melhorando o acúmulo de água no Sertão
  O sanfoneiro, por sua vez, divide hoje espaço com as guitarras do estilo conhecido como "forró eletrônico" - ou "forró de plástico", na definição dos mais puristas.
  O jumento, mais conhecido no Sertão por jegue, foi durante séculos o meio de transporte oficial do sertanejo, sendo cada vez mais substituído por motos. Frequentemente, animais abandonados perambulam pelas estradas do sertão nordestino.
  Por todo o Nordeste, as patas estão sendo trocadas pelas rodas. Atualmente, as motos passaram a fazer o papel dos jumentos: transporte de carga e de gente. Muitas vezes, as leis de trânsito são desobedecidas, pois nas pequenas cidades do interior do Nordeste, a falta de equipamentos para os motoqueiros e até mesmo menores e pessoas sem habilitação, são flagradas guiando as motos.

Jumento ou jegue: é o animal símbolo do sertão nordestino
  Muita coisa mudou no sertão. Mas há, também, o que luta para permanecer o mesmo. Em meio ao clima seco, que impõe dificuldades à agricultura, o pastoreio nômade tornou-se a base da subsistência de muitos grupos. Assim, comunidades unidas por laços de compadrio e parentesco usam para esse fim áreas  não cercadas, consideradas de todos. São terras localizadas atrás das roças das famílias, ao fundo de suas casas: os chamados "fundos de pasto".
  O fundo de pasto é um modo tradicional de criar, viver e fazer em que a gestão da terra e de outros recursos naturais articula terrenos familiares e áreas de uso comum, onde se criam caprinos e ovinos à solta e em pastagem nativa.
  Desenvolvido ao longo de gerações entre os povos e comunidades tradicionais nas caatingas e cerrados nordestinos, os fundos de pasto constitui um patrimônio cultural do povo brasileiro. As comunidades de fundo de pasto integram um conjunto de forças sociais e políticas que visam instituir um novo paradigma e olhar sobre o contexto regional, substituindo a noção de "combate às secas" pela "convivência com o semiárido".

Criação de cabras em Cabaceiras - PB
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  Nos fundos de pasto os animais se alimentam da própria vegetação nativa. São alguns bovinos, mas também ovelhas e, principalmente, cabras e bodes - preferidos por sua alta resistência às estiagens e boa adaptação ao consumo daquilo que a Caatinga provê. Costuma-se afirmar que nestes espaços "o bode é rei".
  Cotidianamente, os animais são soltos pela manhã e recolhidos ao curral no fim do dia, quando um sino amarrado no pescoço de alguns deles - cuja tonalidade específica cada dono sabe reconhecer - ajuda na tarefa de localizar o rebanho. Cortes e marcações de ferro quente nas orelhas também diferenciam os bichos de cada um.
Criação de bodes soltos na Caatinga
  Comunidades que se organizam em torno dos fundos de pasto estão presentes num amplo espectro de áreas do Nordeste.
  É na Bahia onde tais grupos possuem maior visibilidade. Atualmente, existem cerca de 490 fundos de pasto identificados pelo governo estadual, espalhados por dezenas de municípios.  Usufruem deles cerca de 16 mil famílias, para quais a garantia de um futuro digno envolve uma questão fundamental: que esses territórios permaneçam como estão, pois tal modelo de criação facilita o acesso dos animais a água e a comida, principalmente nos períodos de estiagem severa, além de ser um bom exemplo de adaptação e convivência com o clima semiárido do sertão nordestino.

Fundo de pasto em Senhor do Bonfim - BA
FONTE: CAMPOS, André. Sobrevivência em regime de bode solto. Problemas Brasileiros, São Paulo, ano 47, n. 395, set./out. 2009.

Bçlog rafaelrag com o professor Marciano

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